Pesquisador apresenta raízes da produtividade agrícola

As plantas precisam de uma quantidade certa de água e nutrientes para a produção desejada.

Publicado em 8 de abril de 2022 às 13h30

Última atualização em 8 de abril de 2022 às 13h30

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Professor Dr. José Laércio Favarin – ESALQ/USP
Crédito Divulgação

“As plantas precisam de uma quantidade certa de água e nutrientes para a produção desejada”. A afirmação é óbvia, mas para desmistificar o assunto, o professor Dr. José Laércio Favarin – ESALQ/USP, falou sobre “Raízes para altas produtividades: água e nutrientes”, na 25ª da Fenicafé – Feira Nacional de Irrigação em Cafeicultura, que acontece em Araguari, no Triângulo Mineiro.

Em sua palestra, Favarin apresentou os fatores que influenciam a produtividade agrícola (determinantes, limitantes e redutores), com enfoque na água e nutrientes (fatores limitantes). Relembrando os aspectos relacionados à captação e capacidade de reservação hídrica do solo, uso da água para produção de biomassa pela planta e as resistências envolvidas com a transferência hídrica no solo e na planta. Sobre os nutrientes, comentou sobre algumas práticas que podem eliminar os bloqueios ao crescimento das raízes na direção do subsolo, considerada nesse evento, apropriadamente, como: raízes da produtividade agrícola, bem como a referência de um solo fértil (90 a 100% de colheita relativa), a fim de orientar a correção da fertilidade e, posteriormente, a adubação de produção. “Uma planta de café consome cerca de mil litros de água para produzir de um a dois kg de massa seca de grãos e/ou vegetação. Portanto, tudo que o produtor puder fazer para armazenar a água da chuva no solo (estoque hídrico) e diminuir as perdas por enxurrada e evaporação do solo são bem vindas à planta”, explica. Para atenuar esses aspectos é indicada a presença de resíduo vegetal com C/N superior a 30. Ainda, o estoque de água disponível varia com a profundidade de exploração do sistema radicular da planta, o qual consegue-se com a eliminação dos bloqueios ao crescimento da raiz no subsolo: (i) toxidez de alumínio (Al3+), (ii) deficiência de cálcio (Ca2+), por meio da aplicação de calcário em subsuperficie, (iii) baixo teor de fósforo (H2PO4) e boro (B) e (iv) a falta de aeração (presença de oxigênio), propiciada por implementos mecânicos e, principalmente, via raízes de plantas cultivadas na entrelinha do cafezal.

Agricultura de precisão – Todo avanço tecnológico é bem vindo. No entanto, a adoção plena da tecnologia demora certo tempo, o qual pode ser explicado, primeiramente pelo aspecto sócio-cultural (resistência a sair da zona de conforto), segundo pelo custo da inovação e, finalmente, se há a percepção que a tecnologia concorre para o aumento da produtividade. “A adoção da agricultura de precisão não aumenta a produtividade, mas ajuda a usar os recursos (água, nutrientes, corretivos do solo e defensivos agrícolas) de modo a obter os efeitos a que se propõe por um custo menor (quantidade certa, onde precisa, etc.). Portanto, direto à pergunta, sim a agricultura de precisão contribui para aplicação na medida certa”.

Favarin explica que a dose de nutrientes aplicados no solo varia com o teor de cada local. Portanto, para que se tire proveito dessa tecnologia é preciso ampliar, dentro do possível, a amostragem de solo para a análise laboratorial. Nenhuma tecnologia será suficientemente boa se não conhecermos o teor disponível em cada posição do talhão. Em outras palavras: quanto menor o grid de amostragem, maior será o detalhamento, e desse modo aproveita-se melhor a tecnologia.

Troca direta de experiência – O produtor busca assimilar os conhecimentos novos ou não tão novos assim, mas que, por alguma razão, ficaram esquecidos na cacimba da ciência. “O aprendizado de todos os agentes do processo produtivo agrícola (professor, pesquisador, consultor e produtor) é dinâmico, e não raramente acontece de termos novas interpretações de temas que achávamos que sabíamos. Sobre o quanto tudo isso influencia no processo de produção, não é fácil de quantificar. No entanto, uma forma de medir e acompanhar a produtividade média de café, a qual passou de 10 sacas beneficiadas/ha até meados de 1990, para cerca de 32 sacas beneficiadas/ha. Hoje em dia é comum produtividade superior a 100 sacas/ha impensável até pouco tempo”, finaliza.

A Fenicafé se divide em três partes: o 25º Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura do Cerrado, 22º Simpósio Brasileiro de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada e a 24ª Feira de Irrigação em Café do Brasil.

A feira é promovida pela Associação dos Cafeicultores de Araguari (ACA) e a Federação dos Cafeicultores do Cerrado com apoio da Embrapa Café.

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