O nitrogênio e a cana-de-açúcar – Como acertar na fonte e dose

Crédito Sérgio Sanderson

Publicado em 23 de outubro de 2016 às 07h00

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h14

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Lucas Miguel Altarugio

KauêTonelliNardi

Graduandos em Engenharia Agronômica ESALQ/USP

Gerson Marquesi

Engenheiro agrônomo

Eduardo Zavaschi

Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia

Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão ” GAPE

gape@usp.br

 

Fotos Shutterstock
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A área plantada no Brasil na safra 2015/16 será de aproximadamente 8.995,5 hectares, redução de 0,1%, se comparada com a safra 2014/15.

O Estado de São Paulo, maior produtor nacional de cana-de-açúcar, possui 52% da área cultivada com a cultura e produtividade estimada para a atual safra de 73.228 kg/ha, aumento de 3,9% em relação à safra anterior (CONAB, 2015). Produtos da cana-de-açúcar como açúcar, etanol e energia elétrica, são de grande importância na alimentação, matriz energética e exportação de commodities no Brasil.

Potencial produtivo

O potencial produtivo da cana-de-açúcar é dependente de diversos fatores, dentre eles a correção de solo e adubação, qualidade de operações agrícolas, controle de plantas daninhas, pragas e doenças, balanço hídrico, escolha da variedade e época de plantio e colheita.

A adubação, de maneira geral, é a prática que visa fornecer nutrientes na quantidade requerida pela planta, descontando-se a quantidade de nutrientes já presente no solo e multiplicando-se o valor por um fator de aproveitamento do adubo pela planta. O nitrogênio é um dos nutrientes mais absorvidos pelas plantas e faz parte de compostos essenciais ao seu desenvolvimento, como aminoácidos, proteínas e ácidos nucleicos.

Fotos Shutterstock
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O nitrogênio

A recomendação de adubação nitrogenada para cana-planta está relacionada com o histórico da área, sendo que as doses recomendadas estão entre 40 e 60 kg ha-1. Adotam-se as menores doses em áreas de expansão, solos mais arenosos (ambientes de produção C, D e E) e áreas que receberam preparo convencional.

As maiores doses (60 kg ha-1) são indicadas para áreas com maior potencial produtivo, por exemplo, de reforma, solos mais argilosos (ambientes de produção A e B) e com cultivo mínimo e plantio direto. A adubação nitrogenada pode ser reduzida nas áreas em que houver o cultivo de plantas da família Fabaceae (soja, amendoim, Crotalariajunceae, spectabilis ou ochroleuca), por conta da adição de N ao sistema por meio da fixação biológica de nitrogênio.

Recomendações

Para a adubação nitrogenada em cana-soca utilizam-se maiores quantidades do nutriente em relação ao aplicado em cana-planta, devido à menor mineralização do nutriente da matéria orgânica e menor eficiência da fixação biológica.

A recomendação da adubação nitrogenada em cana-soca é realizada de acordo coma produtividade esperada, devendo-se considerar o sistema de colheita. Em áreas em que a cana foi colhida sem queima prévia recomenda-se a utilização de 1,2 kg de N por tonelada de cana colhida.Entretanto, naquelas que houve queima da cana para a colheita recomenda-se 1,0 kg de N por tonelada de cana colhida (VITTI, OTTO, FERREIRA; 2015).

Essa diferença se deve à imobilização microbiana do N quando aplicado sobre a palhada (alta relação C/N). Na tabela 1 tem-se a recomendação usualmente realizada de acordo com a produtividade esperada em áreas de cana com colheita sem queima prévia.

Tabela 1. Quantidade de nitrogênio recomendada de acordo com a produtividade esperada em áreas de cana colhida sem queima prévia

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O aproveitamento pela planta do nitrogênio aplicado é alterado em função da fonte utilizada, manejo e condições climáticas, fatores que irão interferir nas perdas do nutriente para o sistema. As formas de perda de N são:

  • Lixiviação: percolação do nutriente no perfil do solo, principalmente na forma de nitrato (NO3-), sendo este tipo de perda estreitamente relacionada com a quantidade de água que percola no perfil.
  • Perda de nitrogênio na forma gasosa de amônia (NH3), principalmente quando se utiliza como fonte do nutriente a ureia aplicada sobre palhada, a qual pode chegar a 80% do aplicado em condições favoráveis a tal perda.
  • Perda de nitrogênio na forma gasosa de N2 e N2O, no caso de queima da palhada.
  • Perda de nitrogênio por desnitrificação na forma NO e N2O, com aplicação de fertilizantes nítricos em condição de solos encharcados, ou seja, baixa aeração e alta palhada.
O aproveitamento do nitrogênio aplicado é alterado em função da fonte utilizada- Fotos Shutterstock
O aproveitamento do nitrogênio aplicado é alterado em função da fonte utilizada- Fotos Shutterstock

A escolha certa

Deste modo, a escolha da fonte, momento e forma de aplicação são de grande importância para o bom aproveitamento do nutriente. Com relação às fontes, estas podem ser minerais ou orgânicas, dentre as quais se destacam:

Fontes minerais:

â–º Ureia: contém nitrogênio na forma amídica, sofrendo transformação no solo para a forma amoniacal (NH4+), ficando sujeito a perdas por volatilização na forma de amônia (NH3). Há três alternativas para diminuir este tipo de perda: incorporação, recobrimento do fertilizante com inibidores de urease (ex: NBPT) ou B e Zn e aplicação do fertilizante em época de chuvas recorrentes. A vantagemdesse fertilizante é o fornecimento de N na forma amoniacal (NH4+), prontamente assimilável pela planta após absorção.

â–º Nitrato de amônio: forma amoniacal e nítrica do mineral. Este fertilizante apresenta-se como uma boa opção por não ter perdas significativas de amônia por volatilização, mesmo quando aplicado sobre a palhada. Entretanto, apresenta parte do N na forma nítrica, mais suscetível à lixiviação e que requer pela planta, após a absorção, maior gasto energético para assimilação em compostos orgânicos.

Essa matéria completa você encontra na edição de outubro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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