Daniela Vitti
Coordenadora técnica Brasil
Maickon Fernando Balator
Coordenador técnico Brasil
Renato Passos Brandão
Gestor agronômico
Marcelo Ferreira
Trainee do Deptº Agronômico

A aplicação adequada de fertilizantes pode ser considerada uma das estratégias para aumentar a produtividade e a eficiência no uso dos mesmos. A resposta da aplicação de fertilizantes difere de acordo com o solo e o cultivo a ser adubado.
Recentemente, as pesquisas relacionaram o papel dos micronutrientes com a eficiência no uso de água por meio do aumento da resistência ao estresse hídrico e outros tipos de estresses, fator de extrema importância nas atuais mudanças climáticas.
Desta forma, o conhecimento das épocas adequadas de uso de determinados micronutrientes, nas fontes e doses adequadas, garantirá ao feijoeiro o funcionamento pleno de seu metabolismo, levando-o a atingir a produtividade máxima.
Aplicação foliar
A aplicação foliar é considerada o melhor método para a aplicação dos micronutrientes, tanto para a correção de deficiências quanto para o rápido fornecimento destes fundamentais elementos.
Para a maioria das leguminosas (família Fabaceae), o período de enchimento de grãos pode ser considerado o estádio mais crÃtico, podendo conduzir à consideráveis perdas na produtividade.
A forma de aplicação foliar é mais efetiva quando as raízes são incapazes de absorver as quantidades necessárias de nutrientes do solo devido a algumas razões, como alto grau de fixação, falta de umidade no solo, perdas por lixiviação e baixa temperatura do solo. Como o ciclo do feijão é curto, de 65 a 110 dias, a rápida correção de possÃveis deficiências nutricionais, além da aplicação de micronutrientes nas épocas onde a demanda é maior para aquela fase específica da cultura, são fatores fundamentais para se garantir a máxima expressão do potencial produtivo.
Além disso, o feijoeiro é uma planta exigente do ponto de vista nutricional, sensÃvel a fatores climáticos extremos, a pragas e doenças; sendo considerado, também, uma espécie com pouca tolerância a estresses hídricos severos, além da própria arquitetura da planta ser deficiente, apresentando um sistema radicular limitado.
Pesquisas
Em ensaios com a adubação foliar feita por aplicações de NPK + micronutrientes quelatizados, verificou-se aumento na produção de feijão da ordem de 24% quando em ausência de adubação radicular (solo).
Nas aplicações foliares feitas no início do florescimento, os nutrientes mostram-se capazes de reduzir a queda dos botões florais. Ao repetir-se a aplicação 2-3 semanas depois, houve o desenvolvimento de todas as sementes da vagem. O feijão responde muito bem ao zinco, cálcio, boro, manganês, molibdênio e ao nitrogênio, quando aplicado via foliar.
Necessidades nutricionais do cultivo
Nas tabelas seguintes são demonstrados os níveis adequados de nutrientes nas folhas e as quantidades de macro e micronutrientes exigidos para a produção de uma tonelada de grãos.
Tabela 1. Interpretação dos teores dos nutrientes nas folhas do feijoeiro
Nutrientes | NÃveis dos nutrientes no feijoeiro | ||
Baixo | Adequado | Excessivo | |
Macronutrientes | ————g/kg———– | ||
Nitrogênio (N) | <28 | 28 a 60 | >60 |
Fósforo (P) | <2 | 2 a 5 | >5 |
Potássio (K) | <18 | 18 a 25 | >25 |
Cálcio (Ca) | <10 | 10 a 30 | >30 |
Magnésio (Mg) | <2,5 | 2,5 a 7 | >7 |
Enxofre (S) | <2 | 2 a 10 | >10 |
Micronutrientes | ————g/kg———– | ||
Boro (B) | <15 | 15 a 60 | >60 |
Cobre (Cu) | <4 | 4 a 20 | >20 |
Ferro (Fe) | <40 | 40 a 450 | >450 |
Manganês (Mn) | <15 | 15 a 300 | >300 |
Molibdênio (Mo) | <0,4 | 0,4 a 1,5 | >1,5 |
Zinco (Zn) | <18 | 18-100 | >100 |
Fonte: Malavolta et al., 1997; Ambrosano et al., 1996; COAMO, 1998; EMBRAPA, 1998.
Tabela 2. Quantidade de macro e micronutrientes absorvido e exportado pela cultura do feijão para uma expectativa de produtividade de uma tonelada de grãos.
Partes da planta | N | P | K | Ca | Mg | S | B | Cu | Fe | Mn | Mo | Zn |
———kg/ha———– | ———–mg/kg———– | |||||||||||
Grãos | 21 | 11,5 | 9,6 | 4,2 | 3,0 | 6,0 | 36 | 12 | 80 | 35 | 2 | 50 |
Restos culturais | 24 | 9,1 | 36,2 | 31,8 | 9,0 | 10 | 56 | 18 | 1.870 | 340 | 2 | 100 |
Total | 45 | 20,6 | 45,8 | 36 | 12 | 16 | 92 | 30 | 1.950 | 375 | 4 | 150 |
% exportada | 47 | 55 | 21 | 12 | 25 | 38 | 39 | 40 | 4,1 | 9,3 | 50 | 33 |
Fonte: Adaptado de Fancelli (2010).
Benefícios do manejo nutricional
“¢ Melhor germinação e maior uniformidade de estande.
“¢ Maior fixação biológica do nitrogênio.
“¢ Nutrição mais balanceada e equilibrada.
“¢ Maior tolerância aos estresses ambientais e dos defensivos agrícolas.
“¢ Maior desenvolvimento radicular e vegetativo.
“¢ Maior produtividade e rentabilidade ao produtor.