Gesso prepara o solo para receber espécies florestais

Crédito Fibria

Publicado em 21 de junho de 2018 às 07h47

Última atualização em 21 de junho de 2018 às 07h47

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Túlio Machado

Engenheiro agrônomo emestrando em Fitopatologia – ICIAG-UFU

José Geraldo Mageste

Engenheiro florestal e professor – ICIAG-UFU

Ernane Miranda Lemes

Engenheiroagrônomo, M.Sc. e doutor em Fitotecnia – ICIAG-UFU

ernanelemes@yahoo.com.br

 

O gesso agrícola apresenta em sua constituição predominantemente cálcio (Ca), cerca de 20%, e enxofre (S), cerca de 15%.

Crédito Fibria
Crédito Fibria

Os solos brasileiros, em especial os da região do Cerrado, são pobres em Ca em subsuperfície e apresentam uma grande quantidade de alumínio tóxico às plantas. Diante desta situação, torna-se necessário a correção deste solo para possibilitar um melhor desenvolvimento da planta.

A correção e o fornecimento de Ca em subsuperfície podem ser feitos por meio de calagens profundas, mas isso exigiria a utilização de maquinários pesados e específicos para este fim, e tornaria a atividade onerosa para o produtor.

Oportunidade

O gesso agrícola surge como uma oportunidade mais barata e eficaz para melhorar as condições do solo em subsuperfície. Por ser mais solúvel que o calcário, tem a possibilidade de descer por até um metro de profundidade no perfil, e por isso é um excelente condicionador de solo, pois, além de fornecer Ca em profundidade para as plantas, ele neutraliza o alumínio que é tóxico às plantas.

O enxofre presente no gesso também é de grande valia para a maioria das culturas, visto que elas têm uma demanda por este nutriente, que acaba não sendo fornecido quando fazemos adubações concentradas com NPK. Ao contrário do que muitos pensam, o gesso agrícola não acidifica o solo, porque não libera hidrogênio na sua reação. Por isso deve ser aplicado junto à calagem, e não em substituição a ela.

Manejo

A correção do solo utilizando gesso pode ser feita em dois momentos, quando pensamos em plantios florestais. No momento em que preparamos a área para ser plantada e fazemos o revolvimento do solo, seja para aplicação de calcário ou aumentar a aeração do solo, para abrir sulcos de plantios, dentre outros, ou quando já temos a cultura implantada.

Neste caso, não podemos fazer o revolvimento do solo, pois danificaríamos as raízes das árvores e assim elas teriam seu crescimento prejudicado. Nesse momento devemos aplicar o gesso somente na superfície, sem incorporação e, em pouco tempo, após reagir com a água, ele começará a penetrar nas camadas mais profundas do solo, levando consigo nutrientes como o Ca, que é essencial para o crescimento das plantas.

As raízes das plantas cultivadas em solos ácidos como os do Cerrado apresentam um sistema radicular muito reduzido quando comparadas com as mesmas plantas em outros países. O fato principal disso é que, para que possa crescer, a planta precisa de Ca, e os solos brasileiros, em geral, são pobres e muito ácidos.

Quando o gesso leva Ca para camadas mais profundas, as raízes conseguem absorvê-lo e, consequentemente, crescem mais. Por apresentarem tamanhos maiores, se tornam mais eficientes na absorção de água e nutrientes, o que reflete num maior crescimento de parte aérea e, consequentemente, em maior produção.

Além disso, diminui a toxicidade do alumínio, formando Al(SO4)+, que é menos tóxico à planta. Uma consideração da aplicação de gesso é que ele pode aumentar a lixiviação de nutrientes como o Mg e Mo, mas que podem muito bem ser suplementados via adubação mineral ou foliar.

Plantas com sistema radicular mais profundo, em decorrência da aplicação de gesso agrícola, são mais tolerantes a déficits hídricos causados pela ocorrência de veranicos, que acontecem com frequência anualmente.

Quando fazer a gessagem

A aplicação de gesso deve sempre ser com referência na análise de solo. Para isso, o produtor deve consultar um engenheiro agrônomo para que ele possa analisar corretamente e fazer a recomendação com base nas necessidades reais do solo.

Amostragens específicas para aplicação de gesso devem ser feitas em camadas mais profundas do solo, entre 20 a 40 cm de solo ou de 30 a 60 cm, diferentemente da amostragem convencional, que é feita de 0 a 20 cm de solo.

Os parâmetros a serem observados pelo agrônomo são: o teor de argila do solo, a CTC (Capacidade de Troca Catiônica), teor de Ca e Al presentes no solo. Se os teores de Ca estiverem menores do que 0,4 cmc dm-3, ou teores de Al3+ estiverem maiores do que 0,5 cmc dm-3, ou a saturação por alumínio (m) for inferior a 30%, é recomendável que se faça aplicação de gesso na área.

O ideal é que cada produtor conheça bem a sua propriedade e faça o acompanhamento de sua floresta, com análises de solo anualmente para ter conhecimento dos nutrientes que deve aplicar, ou não, e a quantidade destes.

Pode-se fazer também análises foliares para avaliar a quantidade de cada nutriente presente na folha em cada fase da cultura e comparar com o que seria o ideal, e a partir disso programar suas adubações de cobertura e manutenção.

Para calcular a dose de gesso a ser aplicada em plantios florestais, utilizamos a seguinte fórmula:

NG (kg ha-1) = 75 x argila (%)

NG = necessidade de gesso,

Argila (%) = porcentagem de argila presente na análise de solo.

Custo

A aplicação de gesso é uma ótima alternativa para o produtor, haja vista a quantidade de benefícios que ele traz à cultura. É um produto relativamente barato – seus preços de venda oscilam entre R$ 50,00 e R$ 60,00 a tonelada.O que encarece é o frete.

O produtor que quiser comprar o produto deverá calcular o frete da sua propriedade até a cidade produtora.Agricultores que estiverem mais próximos às regiões produtoras do gesso agrícola terão um custo relativamente menor para a aquisição do produto, o que torna ainda mais interessante a aplicação dele em sua propriedade.

Já os produtores mais distantes devem ter tudo “na ponta do lápis“ para fazer a escolha certa. Em geral, a aplicação do gesso é viável economicamente e traz muitos benefícios às culturas florestais.

Essa matéria você encontra na edição de maio/junho de 2018 da Revista Campo & Negócios Floresta. Adquira o seu exemplar.

 

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