Folhosas : Em destaque no cenário nacional

As folhosas ocupam lugar de destaque no cenário nacional da olericultura brasileira. De acordo com recente levantamento do Cenário Hortifrúti Brasil, quatro culturas pesquisadas (alface, repolho, couve e brócolis) envolvem um contingente próximo a 1,5 milhão de produtores, com grande destaque para São Paulo, porém, marcando presença nos cinturões verdes das principais cidades em todos os Estados do País.
Folhosas - Crédito: shutterstock

Publicado em 4 de janeiro de 2021 às 08h00

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h30

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Folhosas – Crédito: shutterstock

As folhosas ocupam lugar de destaque no cenário nacional da olericultura brasileira. De acordo com recente levantamento do Cenário Hortifrúti Brasil, quatro culturas pesquisadas (alface, repolho, couve e brócolis) envolvem um contingente próximo a 1,5 milhão de produtores, com grande destaque para São Paulo, porém, marcando presença nos cinturões verdes das principais cidades em todos os Estados do País.

A área média ocupada por folhosas fica abaixo de 0,3 hectare por produtor, mas ainda assim são cultivados 174 mil hectares no total.

Ainda com relação à área dedicada à produção das folhosas, 49,9% é ocupada pela alface, seguida do repolho, com 15,3%; e da couve, com 6,1%, enquanto as demais culturas deste segmento ocupariam os restantes 28,7%.

Já a produção dessas culturas é superior a 1,3 milhão de toneladas, em que a participação dos três produtos é estimada em respectivos 43,6% para alface, 31,7% para repolho, 9,1% para couve, e 15,5% para os demais.

Além de seu protagonismo na produção, a alface se destaca também por ser a folhosa mais consumida no Brasil. Atualmente, ela movimenta, em média, um montante de R$ 8 bilhões apenas no varejo, com uma produção de mais de 1,5 milhão de toneladas ao ano.

Em destaque

Dentre os maiores produtores mundiais de alface, a China, com 23,6 milhões de toneladas (52% da produção mundial), lidera a lista, seguida de Estados Unidos e Índia. No Brasil a produção chega a 1,5 milhão de toneladas, sendo que a hortaliça é plantada principalmente na região centro-sul.

Entretanto, por se tratar de um produto altamente perecível e largamente consumido, é cultivado em todas as regiões, especialmente em áreas próximas dos grandes centros, os chamados “cinturões verdes”.

O Estado de São Paulo é o maior produtor e consumidor de alface no País (cerca de 137 mil toneladas em 8 mil hectares plantados), seguido do Paraná (54 mil toneladas em 2.845 ha) e Minas Gerais (18 mil toneladas em 1.192 ha).

 A área ocupada por alface pode ultrapassar 86,8 mil hectares cultivados por mais de 670 mil produtores, com volume produzido de 575,5 mil toneladas. A produção de alface no Brasil se concentra nas regiões sudeste e sul, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná.

Contudo, sua produção é expressiva nos cinturões verdes das principais cidades em todos os Estados do País. Os maiores polos da cultura, conforme registra o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), são Ibiúna e Mogi das Cruzes, em São Paulo, seguidos de Teresópolis, no Rio de Janeiro, Mário Campos e Caeté, em Minas Gerais.

O consumidor brasileiro tem à sua disposição diversos tipos de alface, tais como crespa, americana, lisa, mimosa, roxa, romana e mini.

Estimativas

Para a safra de verão 2019/20, estimativas iniciais indicam aumento de 12% na área das regiões acompanhadas pelo Hortifruti/Cepea. Com a boa rentabilidade da temporada de verão anterior (2018/19), produtores podem investir mais na atividade. Para o inverno 2020, a aposta é de manutenção na área em relação à safra 2019, uma vez que os resultados no inverno costumam ser mais limitados e a demanda por folhosas mais retraída.

Contudo, esse cenário vai depender do comportamento da safra de verão 2019/20 e das condições climáticas até o momento do plantio.

Custo de produção x rentabilidade

No Estado de São Paulo, durante a safra de verão 2018/19 (dez/18 – jun/19), foi registrada uma redução de 14,1% nas áreas de Mogi das Cruzes e Ibiúna, totalizando, respectivamente, 6.630 e 10.500 hectares.

Durante boa parte da safra, as cotações estiveram em elevados patamares. Além disso, a temporada registrou alta incidência de doenças – principalmente queima e mela – o que resultou no aumento dos custos de produção. Com oferta baixa durante a safra, os preços subiram, inclusive ficando superiores aos da anterior: a crespa em Mogi das Cruzes teve média de R$ 0,91/unidade, enquanto o custo foi estimado em R$ 0,68/unidade, proporcionando rentabilidade positiva de 35%.

O verão 2019/20 deve contar com maiores investimentos em área, devido aos bons resultados obtidos na temporada anterior. Durante a safra de inverno 19, a área destinada às alfaces recuou 10% em Ibiúna e 12,5% em Mogi das Cruzes.

De junho a novembro, o preço médio da crespa foi de R$ 0,48/unidade, enquanto os custos foram de R$ 0,46/unidade. Sendo assim, a rentabilidade no fechamento da temporada ficou bastante apertada, proporcionando resultados pouco satisfatórios os alfacicultores paulistas.

Em Mário Campos (MG), a temporada de verão 2018/19 também foi marcada por redução de área, de 11,6%, totalizando 320 hectares. Esse cenário se deve ao aumento dos custos de produção e ao rompimento da barragem de Brumadinho, ocorrido em janeiro de 2019.

Com a redução do volume disponível, a rentabilidade foi bastante positiva aos produtores, registrando alta de 61% para a americana e de expressivos 124% para a crespa. Vale ressaltar que, apesar de positiva, poucos produtores se beneficiaram deste bom retorno, pois os elevados preços foram recorrentes da produção restrita da região, devido aos impactos da barragem e redução do plantio.

Mesmo com as dificuldades de produção, no geral, a rentabilidade foi negativa, por conta dos preços baixos, dos maiores gastos com problemas de qualidade, como, por exemplo, a presença de tripes em novembro, e da produção prejudicada pelos efeitos do rompimento da barragem.

Já no Estado do Rio de Janeiro, outro importante polo produtor de alface, a área da safra de verão de 2018/19 na região de Teresópolis teve redução de 5,3%, a 1.800 hectares. No geral, a temporada foi marcada por problemas de qualidade, decorrentes das chuvas em janeiro/19, que prejudicaram diretamente a oferta local.

Além disso, as elevadas demandas paulista e mineira pelas alfaces do Rio impulsionaram as cotações e as vendas na região, possibilitando rentabilidade positiva. A crespa teve média de R$ 0,64/unidade, 37% superior aos custos. Com os preços mais altos no verão passado (2018/19), os investimentos para safra 2019/20 apresentaram leve aumento em relação aos anos anteriores.

Quanto à safra de inverno, as áreas destinadas à produção de alface nas regiões de Teresópolis, Nova Friburgo e Sumidouro (RJ) se reduziram em relação ao ano anterior, resultando em 1.008 hectares. Esse cenário se deve às menores cotações no período de inverno, à baixa demanda e à boa produção – vale ressaltar que produtores buscaram reduzir a área para minimizar as sobras nas lavouras.

Ao contrário do que ocorreu nos invernos passados, no de 2019, a qualidade dos pés ofertados foi satisfatória, sem registro de proliferação de míldio e esclerotinia, devido à utilização de sementes resistentes.

Balanço geral

No geral, o ano de 2019 se mostrou animador para o produtor de alface, principalmente no verão. Isso se deve ao clima favorável e à demanda aquecida, além da menor oferta, que refletiu em preços acima dos custos de produção em praticamente toda a temporada de verão.

Já na safra de inverno 2019, mesmo com a redução de área nas regiões produtoras, a procura retraída e a boa produtividade pressionaram as cotações, que ficaram abaixo do custo durante alguns períodos garantindo uma boa lucratividade para o produtor de alface.

Com relação aos tipos de alface, O principal segmento em termos de consumo continua sendo o da alface crespa (mais de 50% do total). No entanto, existe a tendência de diferenciação da cultivar, com a oferta de produtos para atender às diversas demandas e preferências dos consumidores. Neste novo cenário de mercado destacam-se: o segmento da alface “Americana”, que são crocantes e bastante usadas no “Food Service”; o segmento “Mimosa”, com sabor agradável, diferentes formatos de folha e cores variadas; e o segmento “Mini”, com folhas pequenas e numerosas.

Demais tendências para o setor incluem a expansão do cultivo hidropônico e o comércio de folhosas minimamente processadas. O cultivo hidropônico propicia maior controle sobre todo o processo, aumento da produtividade e redução dos custos de produção, maior qualidade estética e maior vida útil de prateleira.

Por outro lado, as hortaliças minimamente processadas propiciam maior praticidade e conveniência para o consumidor, agregam valor e promovem o melhor aproveitamento do produto.

Autoria:

Herika Paula PessoaEngenheira agrônoma, mestre e doutoranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV)herika.paula@ufv.br

Ronaldo Machado JuniorEngenheiro agrônomo, mestre em Fitotecnia e doutorando em Genética e Melhoramento – UFVronaldo.juniior@ufv.br

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