Produção orgânica, diferenciada e sustentável

O cultivo é feito em ambiente protegido e cada broto tem seu espaço nas bandejas plásticas. Irrigação, iluminação e ventilação são monitoradas constantemente.

Publicado em 1 de junho de 2021 às 09h24

Última atualização em 1 de junho de 2021 às 09h24

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Crédito Shutterstock

Dhyene Rayne dos Santos Becker
Mestranda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará (UFPA)
drayneagro@gmail.com
Pablo Henrique de Almeida Oliveira
Mestrando em Produção Vegetal – UFRPE
pablohenrickk@gmail.com
André dos Santos Melo
Mestrando em Entomologia – UFRPE
andre.mello004@gmail.com

O modelo de produção orgânica é caraterizado pela não utilização de agrotóxicos, fertilizantes sintéticos, sementes modificadas e intensa mecanização de atividades, com objetivo de reduzir os impactos ambientais e visando uma produção mais saudável e sustentável.
Para Machado (2017), um modelo de produção sustentável é fundamental para garantia de segurança alimentar e nutricional, pois há insegurança alimentar quando se produz alimentos sem respeito ao meio ambiente, com uso descontrolado de agrotóxicos, sem respeito aos princípios de precaução, consumo exagerado de alimentos que fazem mal à saúde e que induzem o distanciamento de hábitos tradicionais de alimentação (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2018).
Para tanto, a segurança alimentar e nutricional demanda estratégias de garantia de acesso à produção de alimentos de forma sustentável, fortalecimento da agricultura familiar, produção orgânica e agroecológica (Bustamante e Dias, 2014).

Produtos orgânicos

Para que um produto seja considerado orgânico é necessário que todo o processo de produção até a distribuição seja conforme os procedimentos legais estabelecidos para tal classificação. Assim, os produtos orgânicos devem ser produzidos sem a utilização de agrotóxicos, hormônios, drogas veterinárias, adubos químicos, antibióticos ou transgênicos em qualquer fase da produção (Domingues, 2015).
Segundo o Ministério de Agricultura e Pecuária (2019), o estabelecimento de normas para regular a produção, o processamento, a certificação e a comercialização de produtos orgânicos surgiu da necessidade de os consumidores terem segurança quanto à qualidade dos produtos que adquirem, pelo filão de mercado que surgiu em vários países, impulsionado pelo crescimento da demanda por produtos cultivados com métodos da agricultura orgânica.
A importância da certificação, além da garantia da qualidade do produto/serviço ao consumidor, está na regulamentação dos processos e tecnologias de produção necessárias para a manutenção de padrões éticos do movimento orgânico e credibilidade do produto e produtor no comércio (Mapa, 2019).
A agricultura orgânica contribui significativamente para um manejo mais adequado do meio ambiente, com a não poluição de produtos químicos, a conservação do solo e da água, uma alimentação mais saudável para a população e com a conservação da biodiversidade.

Plantas alimentícias não convencionais

Um modelo de produção diferenciado e sustentável que se encontra em expansão no Brasil é a utilização de Plantas Alimentícias Não Convencionais, conhecidas pelo acrônimo PANC.
As PANC’s são vegetais que não fazem parte dos hábitos alimentares da maior parte da população. Essas, muitas vezes, crescem espontaneamente e por esse motivo erroneamente as pessoas denominam de “mato”, “invasora”, “daninhas” ou “inços” (Kinupp e Lorenzi, 2014).
As PANC’s são vegetais não tão conhecidos por boa parte da população. A falta de conhecimento sobre esses vegetais está diretamente relacionada à reduzida informação, principalmente sobre dados de importância nutritiva, formas de utilização e manejo, e também pode estar ligada à erosão do conhecimento sobre tais vegetais (Paschoal et al., 2016). Resultados como esse têm levado ao desaparecimento de inúmeras plantas que poderiam constituir fonte de alimento e renda (Mapa, 2010; Kinupp e Lorenzi, 2014).
As principais espécies citadas em estudos sobre as PANCs são: alfavaca (Ocimum campechianum Mill.), bertalha (Anredera cordifolia (Tem.) Steenis), carás (Dioscorea spp.) jambu (Acmella oleraceae (L.) R. K. Jansen), inhame (Colocasia esculenta v. antiquorum (Schott) F. T. Hubb. & Rehder) e ora-pra-nóbis (Pereskia bleo (Kunth) DC.).
No consumo dessas destacam-se a utilização de folhas, flores, sementes e caule. Nos trabalhos, ainda é destaque a transmissão dos saberes ao longo das gerações a respeito do uso de plantas na alimentação.
As plantas alimentícias não convencionais costumam ser cultivadas em escala doméstica, destacando-se na alimentação da agricultura familiar, visto serem cultivadas em maior parte pelos pequenos produtores familiares.

Consumo e produção

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A crescente busca por uma alimentação mais saudável e produção em sistemas diferenciados, sustentáveis e redes de comercialização mais justas, como feiras agroecológicas e de agricultores familiares, tem levado à popularização de algumas plantas alimentícias não convencionais e ao aumento no consumo de produtos orgânicos.
Segundo Maria-Filho (2016), o cultivo de espécies consideradas desconhecidas, como o caso das plantas alimentícias não convencionais, tem surgido como uma nova concepção da agricultura, pois trata-se de uma base sustentável e ecológica, visto que raramente ocorre o uso de defensivos agrícolas, devido à falta de informação sobre cultivo, manejo e nutrição, consideradas como plantas com alto grau de rusticidade.
Com relação à produção orgânica de alimentos, essa necessita de um alto grau de especialização e maior complexidade, já que os produtos possuem maior valor agregado. Para os produtos estarem disponíveis para comercialização, a propriedade deve passar por um processo de avaliação de acordo com a Lei n° 10.831/2003, que garante a origem do alimento orgânico e sua qualidade.

Recomendações para adoção de sistemas sustentáveis

Apesar do aumento considerável da produção agrícola sustentável no Brasil e no mundo, os agricultores ainda esbarram em dificuldades culturais, técnicas e sociais no âmbito da produção e comercialização de produtos.
Recomenda-se para o produtor que deseja fazer a transição da agricultura convencional, que é basicamente pautada no uso de agrotóxicos e fertilizantes para os preceitos da agroecologia com a valorização dos sistemas ecológicos, inicialmente, um redesenho de agroecossitema, visando entender os aspectos do produtor com o novo padrão de agricultura e poder sistematizar esse processo.
São exemplos clássicos de redesenho a serem seguidos pelos produtores a adoção de utilização de bases naturais, como o uso de adubação verde para incorporação de nitrogênio no solo, compostagem, o uso de plantas funcionais com múltiplas finalidades (repelentes, adubos verdes, alelopatia), rotação de culturas e utilização de biofertilizantes.

Vantagens da produção orgânica

As principais vantagens da produção orgânica estão pautadas no seu conceito, com a produção de alimentos mais saudáveis, de melhor qualidade, preservação dos recursos naturais, sustentabilidade e baixo impacto ambiental (principalmente pela não utilização de agrotóxicos), manutenção da biodiversidade, solos saudáveis e ricos em nutrientes.

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