Doenças da soja e o correto manejo dos defensivos

Publicado em 27 de março de 2017 às 07h32

Última atualização em 27 de março de 2017 às 07h32

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Ivan Pedro Araújo - Pesquisador - Crédito Luize Hess (2)

No mês de abril a safra 2016/17 estará encerrando as colheitas no Estado do Mato Grosso. Por isso, o produtor deve estar muito atento à situação do ano, quais foram os principais desafios, principalmente pensando no manejo do complexo de doenças para a tomada de decisão mais assertiva na próxima safra.

Segundo Ivan Pedro Araújo, pesquisador Fitopatologia Fundação MT, a questão passa pela escolha correta de variedade de soja, pois a própria característica varietal e genética tem grande contribuição no manejo de determinadas doenças, época de semeadura, população de plantas (determinados materiais têm população diferente e, consequentemente, favorecem o controle principalmente do baixeiro – tecnologia de aplicação).

Portanto, o produtor deve estar atento às condições climáticas da próxima safra, que são fatores determinantes tanto para a semeadura como para a ocorrência de doenças.E na questão do controle químico, é preciso trabalhar com as melhores ferramentas.

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O que há de novidade

Quando Ivan Pedro fala das principais ferramentas, ele destaca, antecipadamente,os principais desafios do produtor. “Se for ferrugem asiática, que na nossa opinião é a principal doença da cultura da soja, porque ocorre todos os anos e é muito imprevisível, recomendamos trabalhar com materiais de ciclo precoce e semi-precoce em função de cada situação“.

O controle químico tem que ser impreterivelmente preventivo, começando enquanto a doença ainda não é visível a olho nu, ou seja, no estágio vegetativo, em alguns casos, complementando no florescimento da cultura da soja e com intervalos seguros.

Para isso o pesquisador indica fungicidas efetivos, que são as principais misturas que estão no mercado hoje, tanto de carboxamida, estrobirulina e triazol, ou carboxamida e triazol, ou estribirulina associada a fungicidas protetores. “É importante salientar que não adianta ter produto bom, variedade boa, plantada na época correta, se ele não tiver tecnologia de aplicação efetiva“, alerta Ivan Pedro.

Ivan Pedro Araújo
Ivan Pedro Araújo

Obstáculos

Um dos maiores obstáculos apontados pelo pesquisador dizem respeito ao volume de aplicação inadequado, com gotas ineficientes ou maiores, que dificultam a penetração. “São problemas que o produtor no dia a dia vai ajustando para ter um melhor manejo na próxima safra. De abril a agosto o produtor vive uma época de planejamento, e deve levar em conta a escolha de cultivares, de defensivos, tecnologia de aplicação ajustada, calendário de semeadura, e a partir daí utilizar a informação que ele tem em mão para tentar aplicar da melhor maneira possível“, aconselha.

A dica do pesquisador vale para todas as doenças, especialmente para a ferrugem, porque esta oferece o maior potencial de perda e tem sido a doença mais difícil de manejar.A mancha-alvo vem logo atrás, por ser muito dependente de clima, e porque alguns materiais têm apresentado alta suscetibilidade a ela, dificultando o controle.

Alerta para a mancha-alvo

A mancha-alvo é uma doença que está no sistema de produção, e não é específica da soja. “É aí que começa a dificuldade de manejar o fungo no ambiente. Ela sobrevive em restos culturais (matéria orgânica), e é um fungo necrotrófico. A mesma mancha-alvo que infecta a soja tem como hospedeiro o algodão e a crotalária. Se imaginarmos um sistema de produção em que o agricultor colhe soja, planta o algodão e na sequência tem a crotalária, durante todo o ano haverá oferta de alimento para a mancha-alvo“, avisa Ivan Pedro.

Condições de umidade, temperatura entre 25 e 28°C e horas de molhamento foliar e chuva favorecem o surgimento da mancha-alvo, que é uma doença que começa no baixeiro da cultura. Por isso é difícil isolar os fatores, quando o assunto é o manejo da mancha-alvo.

“É preciso ter em mente a variedade está sendo utilizada. Existem variedades tolerantes à mancha-alvo que às vezes nem demandam aplicação de fungicida. Ou seja, a própria genética consegue controlar a doença. Também é muito importante a escolha de cultivares, trabalhar com produtos específicos e efetivos para a mancha, que não são todos os fungicidas, época de semeadura correta, arranjo de plantas e conhecer o sistema de produção. importante saber que em áreas pós-crotalária ou pós-algodão é maior a probabilidade de infecção por mancha-alvo“, alerta o pesquisador.

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Danos

As perdas por mancha-alvo são relativas às condições citadas anteriormente. Já no caso da ferrugem, por onde ela passa, carrega consigo uma porcentagem da produtividade. “Em alguns casos, conseguimos aferir as perdas causadas pela mancha-alvo em torno de sete a oito sacas, mas em outros casos a mancha-alvo tem ocorrência bem tardia, quando a soja já definiu o seu potencial produtivo, sendo o impacto bem menor. Por isso, cada caso deve ser analisado isoladamente“, pontua Ivan Pedro.

Em linhas gerais, as estratégias de manejo são complementares e válidas para todas as regiões.O que muda é a condição de ambiente de produção, a condição de solo e a época de semeadura. “Mas, o pacote de insumos que temos são os mesmos e cada caso tem que ser adequado à sua região.No caso do Mato Grosso, temos uma condição um pouco diferente, que são áreas maiores, plantio um pouco mais cedo em relação ao resto do Brasil e uma condição climática muito variada.No próprio Estado temos uma variabilidade muito grande em termos de doenças. Tudo isso pede ajustes no manejo de determinada situação“, diz o especialista.

 

 

Ivan Pedro Araújo - Pesquisador - Crédito Luize Hess
Ivan Pedro Araújo – Pesquisador – Crédito Luize Hess

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