O controle biológico é uma ferramenta essencial no manejo sustentável de pragas, promovendo a redução do uso de defensivos químicos e contribuindo para a preservação do meio ambiente. Essa prática vem ganhando espaço na agricultura brasileira como alternativa eficaz e ecológica no controle das populações de pragas.
O que é o controle biológico?
O controle biológico utiliza inimigos naturais — como predadores, parasitoides e microrganismos — para reduzir a presença de pragas agrícolas. Entre os exemplos mais conhecidos estão as joaninhas, que se alimentam de pulgões, e as vespas Trichogramma, que parasitam ovos de pragas.
Microrganismos como os fungos Beauveria bassiana e Trichoderma harzianum, além da bactéria Bacillus thuringiensis, também são amplamente utilizados, oferecendo controle específico e seletivo, sem afetar organismos benéficos.
Promoção de hábitats naturais
Para que o controle biológico seja eficaz, é essencial preservar e promover habitats que favoreçam a presença desses inimigos naturais. A conservação da biodiversidade e o uso de plantas que atraiam predadores são estratégias que fortalecem os ecossistemas agrícolas.
Contudo, é necessário cuidado na escolha das espécies vegetais, evitando a introdução de plantas que possam favorecer pragas secundárias ou desequilíbrios no agroecossistema.
Controle biológico aumentativo: um exemplo brasileiro
No Brasil, o controle biológico aumentativo, que consiste na liberação massiva de inimigos naturais, tem se destacado. Um caso emblemático é o uso do parasitoide Cotesia flavipes no controle da broca-da-cana (Diatraea saccharalis), aplicado com sucesso em milhões de hectares.
Essa abordagem faz parte do Manejo Integrado de Pragas (MIP), promovendo maior sustentabilidade e rentabilidade ao produtor.
Integração com outras práticas sustentáveis
O controle biológico se torna ainda mais eficiente quando integrado a outras práticas sustentáveis, como:
- Rotação de culturas
- Plantio direto
- Uso de culturas transgênicas resistentes
- Manejo do habitat
- Diversificação dos sistemas produtivos
Essas ações favorecem o equilíbrio do sistema, reduzem a pressão das pragas e contribuem para um ambiente mais propício aos inimigos naturais.

Educação e capacitação: caminhos para adoção
Apesar das vantagens, muitos agricultores ainda demonstram resistência à adoção do controle biológico, principalmente por falta de informação. Nesse sentido, programas de capacitação técnica e ações educativas em campo são fundamentais para difundir o conhecimento e mostrar os benefícios dessa prática a médio e longo prazo.
Vale a pena?
O sucesso do controle biológico depende de um conhecimento detalhado das interações ecológicas e de um monitoramento constante das populações de pragas. A educação e a capacitação dos agricultores são cruciais para promover essa prática, assegurando uma agricultura mais resiliente e sustentável.
Texto com autoria de:
Gabriel Carvalho Ribeiro de Oliveira
Engenheiro agrônomo e mestrando em Produção Vegetal – UNESP/FCAV
gabriel.cr.oliveira@unesp.br
Maibi Alves de Macedo Panichelli
Tecnóloga em Biocombustíveis e pesquisadora em Ciências Agronômicas – Herbae
maibi.panichelli@hotmail.com
Luana de Souza Covre
Engenheira agrônoma, mestre em Fitotecnia e doutoranda em Entomologia – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
luanasouza.co@gmail.com
Edição: Caio Coutinho
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