Consorciação de culturas

As entrelinhas de plantio dos coqueiros podem ser utilizadas para cultivo com outras culturas ...
Coqueiro - Fotos: Shutterstock

Publicado em 21 de março de 2021 às 14h10

Última atualização em 21 de março de 2021 às 14h10

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Humberto Rollemberg Fontes humberto.fontes@embrapa.br 

José Henrique de Albuquerque Rangel jose.rangel@embrapa.br

Engenheiros agrônomos e pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros

Coqueiro – Fotos: Shutterstock

As entrelinhas de plantio dos coqueiros podem ser utilizadas para cultivo com outras culturas, principalmente durante a fase que antecede ao início da produção, que corresponde, em média, aos quatro primeiros anos de cultivo, favorecendo o desenvolvimento do coqueiro.

A consorciação é utilizada, principalmente, por pequenos produtores durante o período chuvoso do ano, utilizando culturas de subsistência, tais como, milho, feijão e mandioca entre outras. Além de proporcionar receita para reduzir os custos de implantação do coqueiral, apresenta outras vantagens como: maior proteção do solo favorecendo a reciclagem de nutrientes; melhor aproveitamento pelo coqueiro da adubação e tratos culturais dispensados à cultura consorciada; maior eficiência de uso do solo, entre outras.

Nos cultivos realizados em sequeiro, recomenda-se que sejam utilizadas, preferencialmente, culturas de ciclo curto, cultivadas durante o período chuvoso do ano e colhidas no início do período seco, utilizando a palhada como cobertura morta na zona de coroamento ou incorporada ao solo. Para o plantio dessas culturas, deve-se manter um raio de aproximadamente 2 m de distância a partir do coleto do coqueiro e realizar adubação e tratos culturais necessários, como forma de evitar competição e facilitar o manejo da cultura principal.

Em irrigação

Em sistemas irrigados, a consorciação com fruteiras semi-perenes também poderá ser recomendada como uma prática que possibilita bons resultados ao produtor de coco, uma vez que possibilita melhor utilização da água de irrigação. A cultura do mamoeiro tem se constituído uma das principais alternativas de consórcio, sendo utilizada entre coqueiros na mesma linha de plantio.

Nesse caso, pode-se deslocar um dos microaspersores para o meio da linha onde são plantados em média quatro mamoeiros entre dois coqueiros. Considerando-se que o ciclo da cultura do mamoeiro é de, aproximadamente, três anos, ao final do mesmo inicia-se a fase produtiva do coqueiro, permitindo assim ao produtor a obtenção de receita desde a implantação do projeto.

Outra alternativa seria o plantio das culturas consorciadas na zona de abrangência dos microaspersores, mantendo-se uma distância de aproximadamente 2,0 m de distância, utilizando-se duas ou quatro plantas consorciadas para cada coqueiro.

De acordo com trabalhos realizados pela Embrapa Tabuleiros Costeiros, a cultura da bananeira constitui-se também como alternativa de consórcio, uma vez que, a despeito de reduzir inicialmente o desenvolvimento da circunferência do coleto dos coqueiros, proporcionou melhores resultados em relação ao sistema solteiro.

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Uso da Gliricidia sepium para adubação verde

O plantio de leguminosas arbóreas perenes para adubação verde, pode ser considerado como uma alternativa viável para fornecimento ao coqueiro de nitrogênio fixado biologicamente, tendo em vista que, após o seu estabelecimento, o fornecimento da biomassa pode ser realizado de forma permanente a partir de cortes periódicos da parte aérea da planta para deposição na zona de coroamento do coqueiro onde se concentra a maior parte das suas raízes.

A gliricídia destaca-se como uma leguminosa arbórea perene de múltiplo uso que pode ser utilizada para adubação verde, apresentando um teor de aproximadamente 3% de nitrogênio na matéria seca, (folhas e ramos tenros) constituindo-se como alternativa para compor sistemas integrados de produção.

Esta espécie caracteriza-se por apresentar crescimento rápido e alta capacidade de regeneração, facilidade de propagar-se por sementes e por estacas, apresentando enraizamento profundo e alta tolerância à seca.

Apresenta alto valor forrageiro para ruminantes (20% a 30% de proteínas), podendo ser utilizada ainda para formação de cercas vivas forrageiras. Quando o objetivo principal é a realização da adubação verde para suprimento de nitrogênio fixado biologicamente, recomenda-se que o plantio das mudas de gliricídia seja realizado concomitantemente ao plantio do coqueiro, obedecendo a linha principal de plantio mantendo-se um distanciamento de aproximadamente 2,5 m a 3,0 m em relação ao coleto do coqueiro. A partir do primeiro ano de idade, devem ser realizados cortes da biomassa aérea da glriricídia (folhas e ramos tenros), com intervalos de 3 a 6 meses, para deposição na zona de coroamento. 

De acordo com trabalhos realizados pela Embrapa Tabuleiros Costeiros, avaliando-se o consórcio do coqueiro híbrido com a gliricídia conclui-se que durante a fase de crescimento do coqueiro, o melhor desenvolvimento das plantas foi observado para o tratamento consorciado com 12 plantas de gliricídia superando inclusive o tratamento com adubação química com ureia.

ILPF em ação

A depender das condições locais de clima e solo e do manejo a ser aplicado no coqueiral, a associação com animais poderá tornar-se também uma alternativa economicamente viável para o produtor de coco, desde que sejam observadas práticas de manejo cultural e fitossanitário recomendadas para a cultura. 

Deve-se observar no entanto, que durante a fase de coqueiro jovem, que corresponde em média aos primeiros quatro a seis anos de idade a depender da cultivar utilizada, a associação com animais deve ser evitada, tendo em vista não somente os danos provocados pelos animais aos coqueiros, como também o aumento da competição por água e nutrientes exercida pela vegetação de cobertura, principalmente em se tratando de gramíneas.

Na fase adulta, quando o sistema radicular do coqueiro já está estabelecido, e a depender da profundidade do solo e do manejo cultural utilizado, a associação com animais passa a ser uma alternativa viável ao produtor.

De maneira geral, deve-se levar em consideração que os sistemas integrados de produção visam à melhoria da rentabilidade do sistema de produção como um todo, e neste caso, uma eventual perda de produção do coqueiro poderá ser compensada pelo aumento da produção de outras culturas como também de carne e/ou leite.

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