Como evitar que sua lavoura enferruje

Crédito Miriam Lins

Publicado em 15 de janeiro de 2018 às 07h08

Última atualização em 15 de janeiro de 2018 às 07h08

Acompanhe tudo sobre Consorciação, Consórcio, Ferrugem, Geada, Vazio sanitário e muito mais!

 

Carlos Alberto Forcelini

Engenheiro agrônomo,Ph.D. em Fitopatologia, professor da Universidade de Passo Fundo e integrante do Eagle Team

Fabiano Siqueri

Pesquisador, consultor técnico da Fundação MT e integrantedo EagleTeam

 

Crédito Miriam Lins
Crédito Miriam Lins

As ameaças constantes da ferrugem asiática estão em todos os canais,seja via cooperativa, mídias de difusão ou no boca a boca entre produtores. Apesar de anos mais amenos em algumas regiões e outras nem tanto, estar alerta é sempre uma decisão importante.

Os cuidados com o manejo correto e as aplicações realizadas com responsabilidade podem evitar que a resistência seja o próximo pesadelo do produtor na safra que começa a ser planejada pós-vazio sanitário.

Cuidados com a ferrugem e sua resistência

A ferrugem asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsorapachyrhizi, é a principal doença da cultura. A redução de produtividade causada pela ferrugem e outras doenças foliares da soja pode superar 30 sc/ha. Portanto, seu manejo exige atenção especial, principalmente em relação ao programa de aplicações de fungicidas.

A ocorrência da ferrugem é influenciada pelo clima dentro e fora da safra. O fungo causador da doença sobrevive em plantas de soja voluntárias (guaxas ou tigueras) que vegetam nas margens de lavouras e estradas.

Em 2016, as temperaturas no Sul do Brasil foram abaixo das históricas, com grande frequência de geadas, que eliminaram a maior parte da soja voluntária. Por este motivo, as epidemias se iniciaram mais tarde e foram menos severas. Durante o verão, as menores temperaturas noturnas também contribuíram para uma menor ocorrência da ferrugem.

Apesar de a ferrugem ter sido menos intensa na safra 2016/17, houve um aumento na resistência de Phakopsora aos fungicidas. Experimentos e lavouras comerciais estabelecidas a partir de novembro, com maior quantidade da doença, evidenciaram a menor sensibilidade do fungo aos fungicidas à base de carboxamida, com reflexos variáveis, porém negativos, sobre o controle da ferrugem e a produtividade da soja. Posteriormente, este fato foi comprovado pela rede de ensaios do Consórcio Anti-Ferrugem, especialmente aqueles conduzidos na região sul e no MS.

Atenção redobrada

Ferrugem da soja - início da doença - Crédito Jorge Jacob Neto
Ferrugem da soja – início da doença – Crédito Jorge Jacob Neto

A preparação para a safra de soja 2017/18 exige atenção especial. A ferrugem asiática poderá estar presente mais cedo no ciclo da cultura e em maior quantidade, e os principais fungicidas utilizados no seu controle mais comprometidos pela resistência do fungo.

É cada vez mais importante a integração de diferentes estratégias de manejo, como a eliminação da soja guaxa/tiguera, o planejamento da época de semeadura, o uso de cultivares com resistência e a adoção de programas de aplicação que sejam seguros em controle e de menor risco de resistência.

A inclusão dos fungicidas protetores (multissítios) nas aplicações é a principal ferramenta para o manejo da resistência. Os principais Estados produtores de soja no Brasil têm média de 3,03 (PR), 3,38 (MT) e 3,83 (RS) aplicações de fungicida por safra. Aumentar esse número, com fungicidas específicos, sujeitos à resistência, não é a solução e pode agravar o problema. A melhor estratégia é incluir mais vezes os protetores, que hoje têm média de 1,5 aplicação/safra. Assim, maneja-se conjuntamente a doença e a resistência.

Outra estratégia é direcionar os fungicidas específicos para as aplicações iniciais, onde há menos doença e, talvez, uma frequência menor de indivíduos resistentes, mas sempre com o reforço dos protetores. Nas aplicações finais, a lógica seria inversa.

Os fungicidas protetores deixariam de ser um reforço, e passariam a ser a base do tratamento, possivelmente em doses maiores. Triazóis à base de ciproconazol ou morfolinas (ex. fempropemorfe) seriam os complementos dos protetores, para controle de outras doenças (oídio) ou ação curativa sobre infecções da ferrugem. Combinações assim foram avaliadas na UPF por três safras, com resultados muito seguros.

Essa safra, a ferrugem asiática poderá estar presente mais cedo no ciclo da cultura - Crédito Ana Maria Diniz
Essa safra, a ferrugem asiática poderá estar presente mais cedo no ciclo da cultura – Crédito Ana Maria Diniz

A logística do meio do caminho

E no meio do caminho havia não somente uma pedra, mas também as condições ideais para a proliferação de plantas guaxas a beira de uma estrada, onde cerca de 90% da soja é transportada. Nesse caminho também houve vento, varredura e o balanço dos caminhões que rodam por ela, os mesmos que pouco a pouco derrubaram as sementes de soja e também adubo e calcário. Foi então que no meio do caminho havia a situação ideal para a proliferação de uma grande quantidade de ferrugem, geradas por quase todos, mas pertencentes a ninguém por lei. Uma real e bem nutrida soja tiguera incontrolável e que acaba sobrevivendo e auxiliando na continuidade da ferrugem asiática.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2018 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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