Cigarrinha é preocupação no milho safrinha

No cultivo do milho safrinha é possível observar a aparição de diversas doenças e insetos-pragas ...
Cigarrinha - Foto: Embrapa

Publicado em 12 de fevereiro de 2022 às 08h19

Última atualização em 12 de fevereiro de 2022 às 08h19

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Vanessa Alves GomesEngenheira agrônoma, mestre em Fitopatologia e doutora em Proteção de Plantas – UNESPvavvgomes@gmail.com

Carolina Alves GomesEngenheira agrônoma e mestranda em Produção Vegetal – UFV/CRPcarol.agomes11@gmail.com

Cigarrinha – Foto: Embrapa

No cultivo do milho safrinha é possível observar a aparição de diversas doenças e insetos-pragas nas lavouras. Um inseto-praga que vem ganhando espaço, devido a sua grande importância, é a cigarrinha (Dalbulus maidis). 

A cigarrinha é capaz de introduzir um complexo de doenças na cultura do milho. Durante a alimentação da cigarrinha na cultura do milho, o inseto é capaz de adquirir dois tipos de patógenos, vírus e molicutes (microrganismos procariotos, semelhantes às bactérias). Dessa forma, após a aquisição desses patógenos, nas próximas alimentações, o inseto se comporta como um vetor e realiza a transmissão das doenças causadas por eles.

O complexo de doença mencionado acima é composto por dois molicutes, o causador do enfezamento pálido (Spiroplasma kunkelii) e o enfezamento vermelho (Maize Bushy Stunt Phytoplasma). Além disso, temos o vírus do raiado fino (MRFV – Maize rayado fino virus).

Sintomas

Há uma dificuldade de identificar os sintomas causados por esses três patógenos de forma isolada nas plantas. Normalmente, o enfezamento vermelho causa clorose marginal nas folhas, seguido por um avermelhamento, já o enfezamento pálido causa estrias cloróticas nas folhas, assim como os sintomas do vírus.

Há uma redução do porte das plantas, redução da absorção e assimilação de nutrientes, redução na capacidade de produção de fotoassimilados, encurtamento dos entrenós, multiespigamento, espigas improdutivas, grãos chochos e mal granados, levando a reduções da produtividade do milho safrinha.

O ciclo da cigarrinha dura em média 25 – 30 dias, considerando uma temperatura média de 25ºC. Normalmente, as fêmeas realizam a oviposição nas nervuras centrais das folhas, bem no interior do cartucho, cerca de 500 ovos/fêmea.

Após a emergência das ninfas elas permanecem no interior dos cartuchos do milho para ficarem mais protegidas. Os adultos apresentam uma longevidade que pode chegar a oito semanas, e são eles que saem em busca de alimento, e ao succionar a seiva para sua alimentação iniciam o processo de aquisição e transmissão do complexo de doença.

Sob controle

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Para minimizar os problemas causados pela cigarrinha é necessário entender seu ciclo de vida, bem como praticar o monitoramento de sua presença nas áreas. É preciso entender que as cigarrinhas apresentam a capacidade de migração para longas distâncias e que se hospedam e alimentam apenas da cultura do milho.

 Como estamos tratando de um inseto-praga exclusivo do milho, é necessário evitar o plantio da safrinha em locais próximos de áreas com milho mais velho, evitar o cultivo sucessivo do milho na mesma área, sincronizar a semeadura e colheita do milho, evitar o plantio tardio do milho safrinha e eliminar plantas de milho durante a entressafra (plantas remanescentes/tigueras), para interromper o ciclo do inseto, minimizando seus danos e evitando problemas futuros.

Além dessas medidas, é importante conhecer a relação existente entre o desenvolvimento da cigarrinha e a temperatura. Esta praga é favorecida por temperaturas acima de 25ºC, sendo que temperaturas entre 27 – 32ºC encurtam o ciclo da cigarrinha, favorecendo sua proliferação.

Mas, mesmo nos períodos de inverno, com temperatura amena e fora da época de plantio do milho safra e safrinha, é importante continuar o monitoramento desses insetos-pragas para evitar problemas futuros. Assim, pode-se evitar explosões populacionais do inseto.

Genética a favor da lavoura

É possível também minimizar os problemas dessas doenças fazendo uso de cultivares com maior tolerância, as quais vão minimizar o desenvolvimento desses patógenos na área e conter a disseminação da doença.

O monitoramento do vetor deve ser realizado a todo o momento e, quando necessário, deve-se aplicar medidas de controle para o vetor. É possível realizar tratamento de sementes com inseticidas. Essa é uma das principais estratégias de controle, pois confere proteção às plântulas logo após a sua emergência. Quanto mais jovem for o milho, maiores serão os danos causados pela doença.

O inseto apresenta uma rápida transmissão da doença nas plantas de milho e pode infectar novas plantas antes de ser controlado, não interrompendo a transmissão da doença. Sem contar que em áreas com alta pressão existe um baixo efeito residual dos inseticidas, porque o milho emite folhas novas constantemente durante a sua fase vegetativa, proporcionando reinfestações da praga e exigindo pulverizações frequentes.

Recomendações úteis

O controle químico do vetor nem sempre é eficiente. Aconselha-se a combinação de inseticidas sintéticos com produtos biológicos à base de fungos entomopatogênicos, como por exemplo, Beauveria bassiana. Além de melhorar a eficiência de controle, é importante para o manejo de resistência e para aumentar o período residual dos inseticidas.

A medida de controle mais eficiente é, sem dúvida, a aplicação do manejo integrado de pragas e doenças. Assim, é possível monitorar a presença dos insetos-pragas, a quantidade de plantas infectadas e não deixar o problema crescer e se espalhar na propriedade.

Portanto, podemos concluir que a cigarrinha no milho é um grande problema nos dias atuais, exigindo um monitoramento logo após a emergência do milho, momento em que os insetos podem iniciar os ataques no milho e, mesmo na ausência do milho no campo, em busca de reduzir a população do inseto e evitar problemas futuros desse complexo de doenças.

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