Brasil conquista aprovação da primeira cana transgênica do mundo

Crédito Pixabay

Publicado em 19 de setembro de 2017 às 19h01

Última atualização em 19 de setembro de 2017 às 19h01

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A nova variedade, desenvolvida pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), é resistente à broca, a principal praga que afeta as lavouras no Brasil, gerando perdas que chegam a R$ 5 bilhões por ano

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A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou a variedade de cana-de-açúcar CTC 20 Bt, que tem como característica a resistência à broca-da-cana (Diatraeasaccharalis), principal praga que ameaça a cultura e que, de acordo com estimativas, causa R$ 5 bilhões em perdas anuais, sendo 60% deste montante relativo a perdas agrícolas, 20% perdas industriais (principalmente na fermentação) e os 20% restantes relativos ao custo de controle (químico ou biológico).

Levantamentos realizados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) revelam que a cada 1% de intensidade de infestação da broca temos como resultado perdas de, no mínimo, 1,2% de produtividade agrícola da cana. A média de intensidade de infestação (I.I.) dos canaviais brasileiros gira em torno de 03 a 05%, chegando, em alguns casos, a acima de 10%.

O gene Bt (sigla para Bacillusthuringiensis) é amplamente utilizado na agricultura há mais de 20 anos, nos principais países produtores do mundo, incluindo o Brasil, em culturas como soja, milho e algodão.

Condiçõespara o ataque

A broca-da-cana tem seu ciclo acelerado durante os meses de maiores temperaturas, justamente no momento em que os canaviais apresentam crescimento vegetativo intenso.

As mariposas colocam os ovos sobre as folhas novas que, ao eclodirem, liberam grandes quantidades de neonatas. Após a eclosão, as neonatas se alimentam das folhas e se encaminham para a bainha antes de mudar de estágio de crescimento (instar) e penetrar no colmo da cana.

A partir desse ponto, o controle da broca por produtos químico, biológico ou inimigos naturais é menos eficaz e os danos passam a ser representativos. Na variedade transgênica, as neonatas morrem ao se alimentar das folhas ou têm o seu desenvolvimento comprometido, impedindo a mudança de instar e penetração no colmo.

A expansão dos canaviais para regiões mais quentes e a mudança da tecnologia de corte com a abolição das queimadas são fatores que também contribuíram para o aumento dos índices de infestação por Broca.

Prevenção da broca

O manejo integrado de pragas (MIP) visa à redução da população do inseto-praga a um nível abaixo do dano econômico. A transgenia com tecnologia de controle de insetos é uma ferramenta a mais para o agricultor decidir a melhor forma de fazer o controle da broca.

Atualmente, o controle químico (inseticidas) e biológico (soltura de insetos predadores da larva e ovos de brocas) possui eficácia limitada e operação complexa. O controle biológico geralmente apresenta uma eficiência menor que o controle químico, mas pode ser feito de forma preventiva.

Assim como o controle químico, o controle biológico é dependente de condições climáticas favoráveis, bom levantamento das pragas e eficiência de aplicação e uso. Para o CTC, as variedades transgênicas contribuem como uma nova ferramenta para o produtor em razão da expressão da proteína durante todo o ciclo da cultura, independente de condições climáticas ou tecnologia de aplicação.

Cana CTC 20BT e cana convencional cultivadas em área de alta infestação de broca-da-cana. Fitas vermelhas significam furos e galerias na cana convencional causados pela broca; fitas azuis significam sinais onde a broca tentou sem êxito a penetração na cana CTC 20BT.  - Crédito CTC
Cana CTC 20BT e cana convencional cultivadas em área de alta infestação de broca-da-cana. Fitas vermelhas significam furos e galerias na cana convencional causados pela broca; fitas azuis significam sinais onde a broca tentou sem êxito a penetração na cana CTC 20BT. – Crédito CTC

Vantagens da nova variedade

A nova variedade de cana CTC 20BT tem como característica a expressão de um gene (Cry1Ab) que controla a produção de uma proteína utilizada para o controle da broca-da-cana. Essa mesma proteína pode ser encontrada em outras culturas, como o milho, e possui histórico de uso seguro por mais de 15 anos no Brasil e no exterior.

Assim como o milho transgênico, a cana CTC 20BT passou por um rigoroso processo de avaliação da CTNBio, que considerou as informações apresentadas sobre a tecnologia suficientes para considerar a tecnologia como segura sob os aspectos de saúde humana e animal, além de segura em relação ao meio ambiente.

A cultivar CTC 20BT apresenta como diferencial o controle sistêmico da broca-da-cana durante todo o ciclo, desde o primeiro corte até a erradicação do canavial, incluindo os cortes sucessivos.

Os técnicos do CTC não esperam aumento da produtividade, e sim a redução das perdas durante a produção da cana no campo e o processamento industrial devido à menor contaminação do material por fungos e bactérias advindos das galerias dentro dos colmos, causados pela broca.

O controle sistêmico garante ainda benefícios ecológicos, pois a proteína Cry é específica para a praga, não ocasionando danos aos inimigos naturais e organismos não alvo, como abelhas, formigas e outros lepidópteros. Esperam-se, ainda, significativos ganhos econômicos e ambientais em virtude da redução na aplicação de defensivos químicos.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de setembro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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