Boro e gesso fazem a diferença na silvicultura

Publicado em 20 de dezembro de 2014 às 07h00

Última atualização em 20 de dezembro de 2014 às 07h00

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Maria Ligia de Souza Silva

Doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora da Universidade Federal de Lavras – UFLA

mlsousi@hotmail.com

Crédito Shuttertock
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O Brasil se destaca na exploração e produção de produtos florestais.  Normalmente os solos destinados às culturas florestais são arenosos, de baixa fertilidade natural e com déficit hídrico. Esses fatores interferem no teor de boro (B) no solo e na disponibilidade dele para as plantas.

A deficiência de micronutrientes pode provocar diminuição no crescimento da planta e redução na produção. O desequilíbrio provocado pela falta de micronutrientes no metabolismo vegetal pode tornar a cultura mais sensível a doenças, obrigando gastos adicionais com defensivos e onerando o custo da cultura.

Deficiência

O B é, entre os micronutrientes, aquele que mais frequentemente se apresenta deficiente no solo. No Brasil, solos deficientes em boro são encontrados em várias regiões, como ocorre no Cerrado, onde o cultivo do eucalipto tem se expandido.

Neste caso, o B é um nutriente que limita o crescimento das plantas na fase jovem. Um sintoma característico dessa deficiência é a morte do ápice dos ramos, conhecida como seca-de-ponteiro, e a superbrotação lateral. Com a aplicação de B esse problema vem diminuindo em áreas de plantio de eucalipto.

O B é um elemento essencial, cuja deficiência resulta em rápida inibição no crescimento das plantas, atuando no seu crescimento meristemático. Participa de vários processos, como transporte de açúcares, lignificação, estrutura da parede celular, metabolismo de carboidratos, metabolismo de RNA, respiração, dentre outros, além de ter função na síntese da parede celular e integridade da membrana plasmática.

A deficiência de B resulta em inibição do crescimento da planta, devido às funções estruturais específicas desse elemento na parede celular e à limitada mobilidade do nutriente na maioria das plantas.

Essa deficiência também causa alterações anatômicas, fisiológicas e bioquímicas, tais como alteração da integridade e funcionamento da membrana celular, disfunções metabólicas e aumento na produção de compostos fenólicos. O crescimento das raízes é rapidamente inibido, sugerindo que esse elemento pode ser requerido para a manutenção da divisão e alongamento celular, ou ambos os processos.

Correção do solo

O uso do gesso se traduz em maior eficiência das adubações - Crédito Shuttertock
O uso do gesso se traduz em maior eficiência das adubações – Crédito Shuttertock

O gesso agrícola é um condicionador de solo que melhora as condições físicas ou físico-químicas do mesmo, refletindo na retenção de umidade e sua finalidade, além de fornecer cálcio (Ca) e enxofre (S). O gesso é um importante insumo para a agricultura, mas, por suas características, tem seu emprego limitado a situações particulares bem definidas, uma vez que o uso indiscriminado e sem critérios pode acarretar problemas em vez de benefícios para o agricultor.

Em anos recentes, acumularam-se informações sobre o uso de gesso agrícola na melhoria do ambiente radicular das plantas, em razão da movimentação de Ca para camadas subsuperficiais do solo e/ou diminuição dos efeitos tóxicos de teores elevados de alumínio. Melhorando o ambiente radicular da planta a eficiência de absorção de água aumenta, uma vez que o volume de solo explorado pela raiz é maior.

Produtividade

A maior produtividade está associada ao melhor desenvolvimento radicular proporcionado pela aplicação de gesso, que é mais solúvel que o calcário, levando à maior movimentação de cálcio e magnésio no perfil do solo. O sulfato presente no gesso ajuda a enriquecer as camadas subsuperficiais do solo, aumentando os conteúdos de Ca e magnésio – isso ocorre porque o sulfato ajuda esses nutrientes a caminharem no perfil do solo.

Associado ao aumento dos conteúdos de cálcio, tem-se maior desenvolvimento radicular superficial por meio de uma grande formação de raízes finas, como também em profundidade. Assim, eleva-se a eficiência na absorção tanto dos nutrientes como da água.

Nesses termos, o uso do gesso se traduz em maior eficiência das adubações, ou seja, uma elevada quantidade de nutrientes é absorvida, especialmente daqueles considerados móveis no perfil do solo, como nitrogênio (N), potássio (K) e boro.

Dosagem

A dose de gesso deve levar em conta o conteúdo de argila do solo, sendo que em solos argilosos as doses utilizadas devem ser maiores quando comparadas às empregadas nos solos arenosos. Dessa forma, a aplicação adequada de gesso se inicia com a análise físico-química do solo, em que, além de se determinar a fertilidade, avalia-se a textura, primordial ao decidir as doses que serão utilizadas.

Além da utilização do gesso, como fonte também de Ca e S, a aplicação foliar de B em plantas de eucaliptos, nos períodos mais secos, tem proporcionado uma melhor resistência das plantas à falta de água. Porém, a melhor via de fornecimento deste nutriente é o solo.

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