Azospirillum brasilense fornece fertilizante nitrogenado

Crédito Ademir Torchetti

Publicado em 21 de novembro de 2014 às 07h00

Última atualização em 21 de novembro de 2014 às 07h00

Acompanhe tudo sobre Adubação, Água, Inoculação, Nitrogênio, Tratamento de semente, Trigo e muito mais!

 

Naiana de Mello

Engenheira agrônoma, mestre e coordenadora técnica da Cooperativa Agrícola Água Santa

naiana@coasars.com.br

 

Crédito Ademir Torchetti
Crédito Ademir Torchetti

A Azospirillum brasilense, bactéria que tem a capacidade de fixar nitrogênio e favorecer o desenvolvimento das plantas, descoberta pela Embrapa e apresentada como alternativa ao uso de fertilizantes nitrogenados teve seu desempenho testado e aprovado. Os testes com A. brasilense foram realizados em lavouras de milho e os resultados apontam aumento de produção de massa verde por hectare, demonstrando plantas mais bem nutridas.

O desenvolvimento de novas biotecnologias conta com inúmeras alternativas que visam substituir os sistemas agrícolas tradicionais que se baseiam no uso massivo de fertilizantes e agroquímicos em busca de maior produção e qualidade de produtos.

O uso de fertilizantes nitrogenados é uma prática comum e responsável por elevar os custos da produção agrícola, além de gerar danos ao ambiente, uma vez que parte do total aplicado é geralmente perdido.

Os fertilizantes nitrogenados obtidos pela síntese industrial compõem uma parcela significativa dos custos de produção em gramíneas. Neste sentido, o estudo da possível contribuição da fixação biológica do nitrogênio (FBN), por meio da bactéria Azospirillum sp., reduziria o custo relacionado à adubação com N e o risco de poluição do meio ambiente.

As bactérias

Naiana de Mello, engenheira agrônoma, mestre e coordenadora técnica da Cooperativa Agrícola Água Santa - Crédito Arquivo pessoa
Naiana de Mello, engenheira agrônoma, mestre e coordenadora técnica da Cooperativa Agrícola Água Santa – Crédito Arquivo pessoa

Bactérias fixadoras de N são encontradas na natureza na forma de vida livre ou em associação com plantas, e estão, em geral, amplamente distribuídas no solo. Sua utilização em práticas agrícolas está se tornando relevante.

Foi, principalmente no início da década de 60, que bactérias diazotróficas associadas à rizosfera foram isoladas. O gênero Azospirillum é representado por 15 espécies isoladas de diferentes espécies vegetais.

A aplicação mais comum do Azospirillum é via tratamento de sementes - Crédito Marcelo Madalosso
A aplicação mais comum do Azospirillum é via tratamento de sementes – Crédito Marcelo Madalosso

A associação assimbiótica de bactérias do gênero Azospirillum sp. com gramíneas pode favorecer o desenvolvimento das plantas, não somente pela fixação biológica de nitrogênio, como também pelo incremento da biossíntese de auxinas, fosfatases e compostos sideróforos.

As bactérias do gênero Azospirillum pertencem à subclasse α das Proteobactérias e estão presentes em todos os tipos de solo, e são de várias origens geográficas. A temperatura ótima de crescimento varia entre 28 e 41ºC, dependendo da espécie. São microrganismos capazes de crescer utilizando o N atmosférico como fonte única de N2006.

Entenda melhor

Na inoculação via foliar são aplicadas duas doses por hectare - Crédito Pioneer Sementes
Na inoculação via foliar são aplicadas duas doses por hectare – Crédito Pioneer Sementes

Algumas bactérias fixadoras de N2 ocorrem na superfície de raízes, no entanto, espécies do gênero Azospirillum ocorrem no interior das raízes, entre os espaços intercelulares ou até dentro de algumas células da raiz, como no protoxilema, que pode ser completamente preenchido pela bactéria. Dentro das raízes a bactéria fica protegida dos estresses do solo, como competição com outros organismos, acidez do solo, deficiência de P, etc.

Segundo Didonet (1993), é possível que os efeitos benéficos atribuídos à inoculação da planta com Azospirillum resultem de uma combinação de diferentes mecanismos que, em conjunto, desencadeiam vários fenômenos. Segundo o mesmo autor, as substâncias capazes de desencadear estes efeitos são os fitormônios, que como resultado final promovem o crescimento da planta.

Em trigo, a resposta à inoculação com Azospirillum pode ser, em grande parte, creditada ao fitormônios, principalmente à auxina, devido a sua reconhecida ação na expansão das células vegetais. Segundo Didonet et al. (2000), mesmo não ocorrendo incremento em rendimento de grãos, de maneira em geral tem ocorrido um melhor uso dos fertilizantes, decorrente do maior desenvolvimento radicial nos estádios iniciais de crescimento das plantas, proporcionado pelas bactérias.

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