Aminoácidos e micronutrientes reduzem efeitos negativos do glifosato

Créditos Shutterstock

Publicado em 10 de dezembro de 2014 às 07h00

Última atualização em 10 de dezembro de 2014 às 07h00

Acompanhe tudo sobre Ácaro, Ácido fúlvico, Água, Aminoácido, Bioestimulante, Café, Feijão, Fosfito, Glifosato, Herbicida, Pepino, Plantio direto, Pulverização e muito mais!

 

Marcia Eugenia Amaral de Carvalho

Bióloga e mestre em Fisiologia e Bioquímica de Plantas

marcia198811@usp.br

Paulo Roberto de Camargo e Castro

Engenheiro agrônomo e professor Titular da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz“, da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP)

prcastro@usp.br

 

 Créditos Shutterstock
Créditos Shutterstock

O uso de herbicidas constitui uma das principais estratégias de manejo das plantas invasoras na agricultura, tendo grande relevância no estabelecimento da técnica de plantio direto. O glifosato é o herbicida mais utilizado mundialmente, que atua impedindo a síntese de alguns aminoácidos (triptofano, fenilalanina e tirosina), unidades estruturais para a formação de proteínas, ocasionando a morte da planta.

Porém, existem diversos relatos de que este agroquímico apresenta efeitos fitotóxicos também em plantas geneticamente modificadas, que foram criadas para serem resistentes a ele.

A sua rápida translocação das folhas tratadas às raízes/rizomas e a estabilidade in vivo contribuem para a difícil reversibilidade dos efeitos fitotóxicos do glifosato. Em adição à deriva e ao glifosato residual no solo, este agroquímico também pode ser transferido de plantas-alvo (invasoras) para as não-alvo (culturas resistentes ou não ao glifosato), por meio do contato entre raízes.

Sintomas

Os principais sintomas devido à aplicação do glifosato se caracterizam por clorose foliar (yellow flashing), seguida por necrose, e a presença de folhas quebradiças e mal formadas. Porém, uma série de compostos tem apresentado potencial para reduzir ou reverter os efeitos indesejados do glifosato. Por exemplo, a aplicação de sacarose (açúcar comum), em uma lavoura adulta de cafeeiros, uma semana após a pulverização de glifosato, reverteu parcialmente a fitotoxicidade causada por esse herbicida.

Os aminoácidos aumentam a massa seca de folhas - Crédito Shutterstock
Os aminoácidos aumentam a massa seca de folhas – Crédito Shutterstock

A aplicação de giberelina (50 ppm de GA3) isolada ou em conjunto com citocinina reverteu a diminuição da altura das plantas de feijão fava, um dos efeitos negativos do glifosato. Contudo, apenas a citocinina foi capaz de reverter o decréscimo do número e peso seco das vagens e da produção de grãos por planta e por área.

Efeitos dos produtos à base de aminoácidos

Em 1997, foi noticiado que a aplicação de aminoácidos aromáticos preveniu, em parte, a inibição do crescimento de raízes de pepino (Cucumis sativus cv. Wisconsin) devido à aplicação de glifosato. Em um estudo realizado em 2014, foi observado que a pulverização de produto à base de aminoácidos (500 e 1000 mL ha-1) reduziu significativamente (29,90%) os sintomas de fitotoxicidade do glifosato (Roundup WG 0,06 kg ha-1) em feijoeiro ‘Carioca’, quando o herbicida foi aplicado 31 dias após o plantio (DAP) e o produto aos 36 DAP (Figura 1).

Figura 1. Nível de fitotoxicidade em feijoeiros (Phaseolus vulgaris cv. Carioca) tratados com diferentes agroquímicos aos 5, 9, 15 e 23 dias após a aplicação do glifosato. T1- Controle (água), T2- Glifosato, T3- Glifosato + 1000 mL L-1 de ácido fúlvico, T4- Glifosato + 2000 mL L-1 de ácido fúlvico, T5- Glifosato + 500 mL L-1 de aminoácidos, T6- Glifosato + 1000 mL L-1 de aminoácidos, T7- Glifosato + 2000 mL L-1 de fosfito, T8- Glifosato + 4000 mL L-1 de fosfito, T9- Glifosato + 250 mL L-1 de bioestimulante, T10- Glifosato + 500 mL L-1 de bioestimulante.

Produto à base de aminoácidos também aumentou a massa seca de folhas e, desse modo, manteve a razão de peso foliar semelhante ao das plantas controle. No entanto, houve diminuição da área de folhas, que não foi revertida por nenhum dos agroquímicos utilizados.

A análise dos efeitos sobre as folhas é essencial, pois este órgão vegetal é responsável, na maioria das plantas, pela captação da radiação solar e sua conversão em compostos energéticos que são utilizados para o crescimento e formação de grãos. A perda de 50% das folhas no estádio R2 da soja, por exemplo, acarreta na queda do rendimento para 6%.

Créditos Shutterstock
Créditos Shutterstock

 

Essa matéria completa você encontra na edição de Novembro da revista Campo & Negócios Grãos. Clique aqui para adquirir já a sua.
 

Participe do Nosso Canal no WhatsApp

Receba as principais atualizações e novidades do agronegócio brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

Últimas publicações

1

Cacau brasileiro garante espaço em ranking mundial de excelência

2

Frota de caminhões no Brasil cresce 23% em dez anos: 70% do volume de carga do agro passa pelas rodovias

3

SLC Agrícola anuncia a maior operação de mensuração de carbono (GEE) do agro brasileiro

4

Desafios para o crescimento do mercado de bioinsumos

5

CropLife e USP abrem inscrições para quarta edição de curso de combate ao mercado ilegal no agro

Assine a Revista Campo & Negócios

Tenha acesso a conteúdos exclusivos e de alta qualidade sobre o agronegócio.

Publicações relacionadas

Foto: Edna Santos

Três microrregiões concentram metade da produção nacional de algodão

Divulgação

Recorde histórico: 13ª edição do Prêmio Região do Cerrado Mineiro tem 714 inscrições

An amazing shot of a tractor working in a farmland

Plantio de soja 2025/2026 começa com clima favorável, mas cenário econômico e La Niña acendem alerta

Divulgação

Perigo à soja: capim pé-de-galinha ameaça produtividade e exige manejo estratégico