Manejo da podridão no jiló

Patógenos pertencentes aos gêneros Fusarium, Pythium, Phytophthora e Rhizoctonia são os responsáveis por uma das doenças mais temidas pelos produtores: a podridão de colo e raízes.

Publicado em 2 de abril de 2022 às 11h03

Última atualização em 2 de abril de 2022 às 11h03

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Crédito Luize Hess

Daniele Maria do Nascimento
Engenheira agrônoma, doutora em Proteção de Plantas e professora – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
danielenascimento@ufla.br
Marcos Roberto Ribeiro Junior
Engenheiro agrônomo e doutorando em Proteção de Plantas – UNESP
marcos.ribeiro@unesp.br
Adriana Zanin Kronka
Engenheira agrônoma, doutora em Fitopatologia e professora – UNESP
adriana.kronka@unesp.br

O jiló, pertencente à família das solanáceas, a mesma do tomate e da berinjela, vem aumentando sua produção no cenário agrícola brasileiro. Com isso, alguns cuidados a serem tomados com essa cultura, principalmente em relação ao controle de patógenos, devem ser ressaltados.
Geralmente, essa solanácea é cultivada na primavera-verão, uma época que favorece a ocorrência de doenças e também de insetos que podem vir a comprometer sua produtividade. Alguns patógenos têm ainda a capacidade de atacar diferentes hospedeiros, o que contribui para sua permanência na área, mesmo que outras culturas venham a ser instaladas posteriormente.

Doenças que causam podridão de colo e raízes

Patógenos pertencentes aos gêneros Fusarium, Pythium, Phytophthora e Rhizoctonia são os responsáveis por uma das doenças mais temidas pelos produtores: a podridão de colo e raízes, que ocorre na fase inicial da cultura, ainda na sementeira ou já no viveiro. Todos esses gêneros citados são adaptados ao solo, atacando o sistema radicular da planta e, para alguns, isso ocorre principalmente, em condições de alta umidade.
A região do coleto (onde ocorre a transição da raiz para o caule) da planta atacada apresenta-se inicialmente encharcada e, posteriormente, a planta murcha e necrosa essa região, o que a leva à morte. Também é comum observar um afinamento nessa região, que causa o tombamento (damping-off) da planta. Se a planta sobreviver, o seu crescimento será reduzido de forma significativa.

Condições que favorecem os patógenos

Todos esses patógenos sobrevivem em restos culturais que ficam presentes na área de cultivo. A disseminação, dentro da área e para outras áreas adjacentes, ocorre principalmente através da água de enxurradas e irrigações no sulco.
Implementos agrícolas que transitam entre áreas infestadas e áreas ainda livre da ocorrência dessa doença, podem estar introduzindo esses patógenos em novas áreas.
A umidade do solo também é fator determinante. Solos encharcados favorecem as espécies do gênero Pythium e Phytophthora, ao passo que desfavorecem R. solani. Esse último, apesar de não tolerar solos com alta umidade, também não se desenvolve em solos muito secos.

Manejo

O manejo preventivo, ou seja, realizado de modo que as doenças não sejam introduzidas na área, é fundamental, e essas medidas tem início ainda na sementeira. Deve-se usar bandejas novas e desinfestadas, substratos estéreis e que permitam uma drenagem adequada da água.
Se possível, ao escolher a área a onde a cultura será instalada, evitar a semeadura em solos mal drenados e contaminados, com histórico de ocorrência desses patógenos. Pode-se, ainda, realizar a solarização antes da instalação da cultura, sendo essa prática também recomendada caso seja utilizado solo, no lugar de substrato, para a sementeira.
Baixas densidades de plantio irão favorecer o arejamento da lavoura. Irrigação em excesso deve ser evitada.

Controle químico

Para patógenos do gênero Phytophthora, o mercado conta com seis fungicidas registrados para a cultura do jiló, com os seguintes ingredientes ativos: cloridrato de propamocarbe, cimoxanil, dimetomorfe, famoxadona, fenamidona, fluopicolide, hidróxido de cobre, oxatiapiprolim e zoxamida.
Os fungicidas podem ser aplicados preventivamente, principalmente se houver condições favoráveis (temperatura amena e umidade elevada) para a ocorrência da doença. Se necessário, reaplicar em intervalos de sete ou dez dias (a depender do fungicida), realizando-se no máximo três a quatro aplicações durante o ciclo do jiló.
Ao se optar pelo controle químico, é sempre importante realizar a alternância com fungicidas de diferentes mecanismos de ação.
Para os demais patógenos, não existem produtos registrados para o controle, ressaltando-se a importância do manejo preventivo e de práticas culturais que desfavoreçam a sua disseminação, como por exemplo, a limpeza e desinfestação de implementos agrícolas.

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