Quais são os derivados proteicos utilizados na produção vegetal?

Publicado em 27 de novembro de 2019 às 08h45

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h44

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Autora

Nilva Terezinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal)
nilvatteixeira@yahoo.com.br
Crédito Shuttersock

Apesar dos vegetais não terem um aparato imunológico como os mamíferos, contam com processos de defesa, a exemplo da síntese de compostos em seu metabolismo secundário, como proteínas e peptídeos, como as quitinases, defensinas, tioninas, derivados da proteína Harpin, “Killer” proteínas, proteínas ricas em glicina que dificultam o ataque dos microrganismos fitopatogênicos e dos insetos-praga.

Entretanto, com a evolução, os vegetais tiveram diminuída a produção dos metabólitos protetivos. Então, uma nova linha de estudos surgiu: o estudo de como agem tais substâncias naturais das plantas e os efeitos na resistência de plantas.

O mecanismo de ação de tais substância é muito variável, atuando na degradação de polímeros (como as quitinases), na formação de canais e de poros nas membranas, na inibição da síntese do DNA e na destruição de ribossomos, etc. As defensivas agem como barreiras de proteção dos tecidos, diminuindo a infecção fúngica e/ou bacteriana. Já as quitinases promovem a hidrólise da quitina (componente estrutural de insetos).

As defensivas são peptídeos ricos em aminoácido cisteína e compostos de 43 a 50 aminoácidos. Os peptídeos derivados da Harpin ácida, estáveis ao calor e ricos em glicina, são capazes de provocar resistência sistêmica adquirida e de reduzir os danos causados por bactérias e fungos fitopatogênicos.

Foi demonstrado que a Harpin desencadeia uma variedade de respostas celulares, como a ativação de espécies ativas de oxigênio e a despolarização da membrana celular, conhecidas por estarem envolvidas nos mecanismos de resposta à resistência da resistência sistêmica, além de estimular o crescimento de plantas e revelar correlações estruturais com resistência.

Quem são eles

Os derivados da proteína Harpin foram os primeiros desencadeadores de respostas hipersensitivas de plantas descobertos. São materiais não tóxicos identificados desde 1992 na Universidade de Cornell nos E.E.U.U.

A proteína Harpin ativa sistemas de crescimento e foi isolada a partir de Erwinia amylovora, que incide sobre peras, maçãs e outras plantas rosáceas. Subsequentemente, proteínas de Harpin ou similares têm sido isoladas e sintetizadas de muitos outros patogênicos bacterianos das plantas.

A proteína Harpin ativa rapidamente as reações na planta após ser reconhecida por seus receptores. Esses receptores respondem enviando um sinal e iniciando, assim, uma sequência de reações bioquímicas e fisiológicas.

Essas reações ativam as vias naturais de desenvolvimento de defesa contra o estresse e, simultaneamente, propicia maior vigor, maior resistência e saúde às plantas, o que, por sua vez, reforça a capacidade da planta de gerar respostas de crescimento.

Há, no momento, uma segunda geração desta proteína, chamada Harpinaß que, se aplicada em plantas, aumenta a biomassa, capacidade fotossintética, absorção de nutrientes, desenvolvimento da raiz, qualidade e rendimento do cultivo.

Tal material aumenta a taxa de intercâmbio catiônico por meio da membrana celular, seguida por alterações na expressão genética, o que acarreta melhoria no transporte de proteínas e açúcares nos vegetais, expansão celular, desenvolvimento da planta, indução floral e pegamento dos frutos, assim como defesa e resistência ao estresse abiótico, traduzindo-se em aumento na colheita e na sua qualidade e melhoria da eficácia dos produtos fitossanitários.

Por consequência, reduz os danos causados por ataques de pragas e doenças. Uma vez aplicado, é rapidamente degradado pelo efeito de enzimas e raios ultravioletas. O produto não penetra na planta, mas envia um sinal para os receptores do vegetal tratado.

Nas colheitas anuais, os tratamentos precoces são importantes para uma ativação inicial que desenvolve toda a capacidade produtiva e depois é mantida durante todo o ciclo. Nas culturas perenes, os tratamentos são recomendados em momentos fisiologicamente críticos no desenvolvimento da cultura, como indução floral, floração, frutificação, desenvolvimento do fruto e antes da colheita. Nas anuais a introdução deve ser precoce, por exemplo, tratando-se as sementes ou em fertirrigação logo após semeadura.

No exterior existem recomendações para empregar 250 g/ha em cebola, citros, cucurbitáceas, oliveira, ornamentais, tabaco, tomate, videira: indicando-se três aplicações: a primeira antes da floração e as demais 20 e 40 dias após.

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