Para ter resultados é necessário realizar análise de solo

Ligada diretamente ao planejamento agrícola, a análise de solo é de suma importância no desempenho das culturas. Por meio delas é possível identificar o estado atual da fertilidade do solo para que possamos tomar as decisões necessárias e, consequentemente, corrigir de forma mais precisa as características produtivas do solo, o que afetará o potencial de rendimento final da cultura.
Para ter resultados é necessário realizar Análise de solo?
Para ter resultados é necessário realizar Análise de solo?

Publicado em 4 de outubro de 2019 às 14h52

Última atualização em 4 de outubro de 2019 às 14h52

Acompanhe tudo sobre Adubação, Agricultura de precisão, Análise de solo, Café, Calagem, Cálcio, Crambe, Plantio, Plantio direto, Raízes, Solo e muito mais!

Autor

José Celson Braga Fernandes
Engenheiro agrônomo e mestre em Ciências Agrárias/Energias Renováveis e Biocombustíveis
celsonbraga@yahoo.com.br

Fotos: Shutterstock

Ligada diretamente ao planejamento agrícola, a análise de solo é de suma importância no desempenho das culturas. Por meio delas é possível identificar o estado atual da fertilidade do solo para que possamos tomar as decisões necessárias e, consequentemente, corrigir de forma mais precisa as características produtivas do solo, o que afetará o potencial de rendimento final da cultura.

A análise de solo deve ser realizada antes de qualquer plantio, com o intuito de levantar as características físicas, químicas e microbiológicas do solo. Para o desenvolvimento da maioria das culturas agrícolas é necessário que o solo se encontre com pH adequado, em torno de 5,5 – 7,0, com maior disponibilidade de nutrientes no solo. Nesse sentido, quando da introdução e manutenção de qualquer cultura se faz necessária a realização desse levantamento com certa periodicidade.

Após as análises de solo é realizada a interpretação dos dados disponíveis, com a verificação da necessidade de correção do solo e de realizar uma correção (calagem). Para esta técnica levam-se alguns dias para que ocorra reação no solo e, consequentemente, atinja  o pH ideal que possa disponibilizar nutrientes que contribuirão par ao desenvolvimento da cultura.

Desse modo, tais fatores justificam a necessidade da coleta antecipada dessas amostras, que se recomenda ser feita três meses antes do plantio.

Manejo

Para a coleta de solo, a área escolhida deve ser analisada e identificada verificando a homogeneidade do perfil, topografia, histórico da lavoura, entre outras. Para uma boa amostragem, a gleba deve ser separada em áreas que apresentem características incomuns e realizadas essas coletas.

Os materiais utilizados na coleta de solo são, geralmente: pá de corte, para realizar secção transversal no solo, retirando cerca de 500 g de solo, trados ou amostradores mecânicos, que são introduzidos no solo para coletar amostras. A quantidade de amostras de solo para representar a fertilidade da área a ser trabalhada dependerá do manejo que o produtor escolheu para seu plantio.

A coleta de solo depende do manejo utilizado na área. De forma geral, a amostragem é realizada da seguinte forma: 0-20 cm ou de 0-40 cm, podendo ser realizado em outras profundidades, dependendo da cultura que será trabalhada.

No entanto, para o sistema de plantio direto deve-se coletar amostras de 0-10 cm, sendo realizado a cada quatro anos uma profundidade de 20 cm, no intuito de verificar se a aplicação das técnicas do plantio direto estão sendo executadas de forma correta.

Para o sistema de plantio convencional, coleta-se entre 0-20cm, no entanto, dependerá das culturas introduzidas nesse campo – para as frutíferas ou florestais essa profundidade pode atingir até 60 cm.

Geralmente, para glebas com a introdução de novas culturas essa amostragem é realizada a uma profundidade de 0-40 cm, visando analisar as condições físicas e microbiológicas, e não apenas a química.

Os tamanhos das glebas são determinantes nos números de amostras, que podem ser:

Amostras simples: amostras coletadas em um único ponto e submetidas a análises;

Amostras compostas: junção de várias amostras simples que representarão toda a gleba. Para ambas as amostragens é recomendado ao responsável pela coleta andar em forma de zigue-zague pela gleba, objetivando atingir mais subamostras em locais distintos e abranger a maior parte da área.

Importância do laboratório idôneo

As análises de solo estão sujeitas a erros, que podem ser ocasionados desde a coleta de solo até aqueles provenientes do técnico responsável pela condução da análise, e ainda na interpretação dos dados.

Laboratórios creditados pelos órgãos federais, como a Embrapa e outros, são avaliados anualmente, recebendo certificações de suas metodologias. Dessa forma, apresentam maior confiança nos dados obtidos.

Para que sejam evitados erros, periodicamente as equipes que constituem o laboratório devem passar por treinamentos e qualificações no intuito de garantir a eficiência e qualidade dos produtos oferecidos.

Inovações

Na maioria das metodologias aplicadas, as análises químicas de solo têm como objetivo identificar as condições de fertilidade do solo, com o uso de reagentes químicos que impedem a recuperação do material de origem. Porém, algumas novas metodologias vêm sendo aplicadas, como a espectroscopia na região do infravermelho próximo (do inglês Near Infrared Spectroscopy – NIR), considerada uma das técnicas analíticas modernas mais promissoras para análise de solos.

O NIR tem a vantagem de ser um método rápido, mais preciso, não destrutivo e limpo em relação aos métodos tradicionais. Segundo o pesquisador da Embrapa Solos, Maurício Rizzato Coelho, essas vantagens a tornam uma ferramenta essencial, a fim de suprir a demanda de milhões de análises de solos para atender pesquisas e serviços em temas como agricultura de precisão, levantamento e mapeamento digital de solos, zoneamentos agrícolas e fixação e estoque de carbono para o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono).

Em campo

O pH do solo está ligado diretamente à sua fertilidade. Elevar o pH do solo é deixa-lo na faixa desejável para o crescimento ideal das culturas. Para isso, é necessário a realização de amostragem de solo.

Em trabalhos realizados em casa de vegetação com a cultura do crambe, com dois níveis de pH – 5,2 e 6,0, foi possível verificar que o solo corrigido que se encontrava com pH 6,0 mostrou uma produtividade maior, chegando a 60% (Fernandes, 2019).

Guarçoni, 2017 verificou que, além de disponibilizar cálcio e magnésio para a cultura do café, o calcário contribuiu para um melhor desenvolvimento das raízes e melhor absorção de nutrientes para as plantas.

Custo beneficio

A análise tem baixo custo operacional, comparado aos enormes benefícios que traz, além de informar sobre as recomendações como calagem e/ou adubação, a fim de aumentar a produtividade das glebas e, por fim, diminuir o custo por meio das adubações corretas.

Participe do Nosso Canal no WhatsApp

Receba as principais atualizações e novidades do agronegócio brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

Últimas publicações

1

Caraguatá: fruta atrai pelos benefícios medicinais

2

Manga Shelly: a variedade premium que conquista o mercado mundial

3

Tarifaço causa queda de 28% nas exportações da piscicultura brasileira no 3º trimestre

4

Brasil reforça protagonismo na olivicultura em encontro do Conselho Oleícola Internacional

5

Conexão Abisolo 2025 destacou pesquisa, inovação e sustentabilidade

Assine a Revista Campo & Negócios

Tenha acesso a conteúdos exclusivos e de alta qualidade sobre o agronegócio.

Publicações relacionadas

Sintomas de Síndrome da Murcha da Cana

Síndrome da Murcha da Cana é ameaça contínua aos canaviais

Dr. Aldir Alves Teixeira durante palestra sobre cafés de alta qualidade no Concurso de Qualidade dos Cafés de Origem da Região de Pinhal.

Concurso de Qualidade dos Cafés de Pinhal destaca Dr. Aldir Alves Teixeira

Xícara de café descafeinado ao lado de grãos, representando o processo de extração da cafeína.

Café descafeinado: benefícios, diferenças e como é feito

Banner da campanha Arroz Combina mostra pratos variados com arroz brasileiro.

Campanha Arroz Combina valoriza o consumo do arroz brasileiro