Adjuvantes – Aliados na aplicação de defensivos

Primeiramente, é importante lembrar que há várias classes de adjuvantes, e cada uma pode ter uma recomendação específica, conforme a necessidade e característica da aplicação. Desta forma, há várias formas dos adjuvantes melhorarem a qualidade e a segurança de uma aplicação. Por exemplo, podemos utilizar um adjuvante quando é necessário corrigir as características da água usada na pulverização (como pH e dureza), bem como para melhorar a compatibilidade das misturas, alterar as características das gotas pulverizadas (como para reduzir deriva), e ainda o espalhamento ou a penetração dessas gotas nas folhas.

Publicado em 8 de maio de 2019 às 14h50

Última atualização em 8 de maio de 2019 às 14h50

Acompanhe tudo sobre Adjuvante, Água, Defensivo, Glifosato, Herbicida, Óleo, Pulverização, Traça e muito mais!

Autor

Fernando Kassis Carvalho
Doutor e pesquisador em Tecnologia de Aplicação – AgroEfetiva
fernando@agroefetiva.com.br

Primeiramente, é importante lembrar que há várias classes de adjuvantes, e cada uma pode ter uma recomendação específica, conforme a necessidade e característica da aplicação.  Desta forma, há várias formas dos adjuvantes melhorarem a qualidade e a segurança de uma aplicação. Por exemplo, podemos utilizar um adjuvante quando é necessário corrigir as características da água usada na pulverização (como pH e dureza), bem como para melhorar a compatibilidade das misturas, alterar as características das gotas pulverizadas (como para reduzir deriva), e ainda o espalhamento ou a penetração dessas gotas nas folhas.

Os adjuvantes permitem trabalhar de forma pontual nos gargalos das aplicações. Por exemplo, quando se aplica um fungicida protetor, este muitas vezes resulta em uma calda com alta tensão superficial (pouco espalhamento).

Neste caso, um adjuvante espalhante melhora esta característica. Outro exemplo são alguns óleos, que podem melhorar a penetração de um fungicida sistêmico, e ainda diminuir a remoção que este poderia sofrer devido a uma eventual chuva.

Os quelatizantes, por outro lado, podem corrigir a dureza da água. Ainda há os redutores de deriva, para aplicações em que esse risco precisa ser mitigado.

Correto preparo da calda

O primeiro ponto a ser esclarecido quando o assunto é mistura em tanque é que nem sempre uma sequência de mistura de formulações resultará em compatibilidade da calda para qualquer aplicação. Pode haver interferência da marca comercial dos produtos (para um mesmo ingrediente ativo como o glifosato), da taxa de aplicação, da temperatura da calda. Por isso não há “receita padrão”.

Por exemplo, uma sequência de adição dos produtos que não resulta em problema de compatibilidade em uma aplicação de 100 L ha-1 pode apresentar problemas em uma aplicação de 50 L ha-1. Por isso, primeiro devemos buscar o posicionamento dos fabricantes. Também é importante avaliar a mistura, utilizando uma pequena proporção antes de ser praticada em campo. Uma maneira prática de se fazer isso é pelo teste da garrafa.

As normas utilizadas para avaliar a compatibilidade de mistura em tanque orientam seguir a sequência recomendada pelo fabricante. E quando essa sequência não é disponibilizada, cada norma indica uma ordem diferente de adição das formulações. A ABNT-NBR 13875/2014, por exemplo, informa que a adição das formulações deve ser feita na seguinte sequência:

9 WG (granulado dispersível), WP (pó molhável), SC (suspenção concentrada), SL (concentrado solúvel) e EC (concentrado emulsionável).

Esta norma orienta iniciar a mistura com 60% do volume de água. Uma prática usual é, primeiro, diluir as formulações sólidas em um volume menor de água, como 20% do tanque, depois adicionar mais água e diluir as demais formulações na sequência escolhida ou recomendada pelo fabricante.

Na prática, volumes maiores de água reduzem a chance de incompatibilidade. Por isso, menores taxas de aplicação (como abaixo de 50 L ha-1) aumentam os problemas de compatibilidade das misturas em tanque.

Muitos fabricantes de condicionadores de caldas (como quelatizantes, antiespumantes, compatibilizantes) recomendam adicionar os seus produtos antes dos demais, enquanto fabricantes de fertilizantes foliares depois (com algumas exceções).

Produtividade

Uma mistura homogênea aumenta a uniformidade dos produtos aplicados no campo, evitam paradas da máquina para desobstrução de filtros e pontas de pulverização, garantindo o rendimento operacional planejado e um controle mais eficiente dos alvos.

O entupimento de bicos causado por incompatibilidade da calda também pode causar falhas. Isso resulta no “escape” de plantas daninhas, doenças e pragas. Existem espécies de plantas daninhas capazes de produzir milhares de sementes, que se não controladas irão aumentar a infestação na área.

Erros mais frequentes

A falta de avaliação prévia das misturas (teste da garrafa), falta de treinamento da equipe, desconhecimento das funções dos adjuvantes e das características das formulações, entre outros, contribuem para a ocorrência de erros.

Para evitar esses erros, é importante capacitar pessoas e renovar conhecimento, que são a chave para aumentar a assertividade do processo de aplicação.

Há empresas que oferecem essa capacitação de forma gratuita, por meio de programas de extensão rural consagrados, como o IPP (Inspeção Periódica de Pulverizadores), realizado por meio de uma parceria entre a iniciativa pública e privada. Também há serviços governamentais gratuitos.

Uma outra opção é a capacitação por meio de contratação de treinamentos, feita principalmente por grupos maiores.

Os ganhos com uma equipe bem treinada vão desde economia de tempo, com limpeza do equipamento (no caso da ocorrência de entupimentos), até a uniformidade do controle das pragas, doenças e plantas daninhas (uniformidade das misturas e dose no campo).

Além da incompatibilidade física, existe a química, que também é muito prejudicial. Por exemplo, há casos em que a mistura de herbicidas quimicamente incompatíveis pode reduzir a eficiência no controle de plantas daninhas em mais de 40%.

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