Aminoácidos melhoram o enraizamento das mudas de café

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Publicado em 3 de dezembro de 2017 às 07h28

Última atualização em 3 de dezembro de 2017 às 07h28

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Fernando Simoni Bacilieri

Engenheiro agrônomo, Msc. e doutorando em Agronomia na Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

ferbacilieri@zipmail.com.br

Roberta Camargos de Oliveira

Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia pela UFU

robertacamargoss@gmail.com

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A utilização de mudas sadias e bem desenvolvidas constitui um dos principais fatores de sucesso na formação de lavouras cafeeiras. Por se tratar de uma planta perene, o cafeeiro necessita de um sistema radicular eficiente para desempenhar sua função estrutural de sustentação das plantas, bem como suas funções fisiológicas de absorção de água e nutrientes, além da produção do hormônio citocinina, que irá refletir no crescimento da copa, na resistência a estresse e na produtividade.

A distribuição do sistema radicular do cafeeiro apresenta uma concentração de raízes na camada mais superficial do solo, sendo que cerca de 60- 70% das raízes finas (fisiologicamente funcionais) se localizam até 60 cm de profundidade, com extensão máxima de 1,0 metro e aproximadamente 75% concentra-se na projeção da copa.

Sabe-se que o sistema radicular do cafeeiro apresenta alta plasticidade, e que sua distribuição e morfologia são dependentes da idade da planta, de fatores ambientais e de práticas adequadas de manejo.

Bioestimulantes

Uma prática que vem crescendo ultimamente e que está dentro do manejo fisiológico da cultura do café para favorecer o desenvolvimento do sistema radicular é a utilização de bioestimulantes. A definição mais recente considera os bioestimulantes como produtos que contenham substâncias ou microrganismos cuja função, quando aplicado às plantas ou à rizosfera, é estimular processos naturais para melhorar a absorção de nutrientes, aumentar a tolerância ao estresse e promover a qualidade das culturas, como é o caso dos aminoácidos, dentre outras moléculas biologicamente ativas.

Aminoácidos são moléculas orgânicas compostas por carbono (C), grupo amino (NH2), grupo carboxílico (COOH), um átomo de hidrogênio (H) e um radical (R), que é diferente para cada tipo de aminoácido.

São compostos importantes no metabolismo de nitrogênio e unidades formadoras dos peptídeos, proteínas e precursores de outras moléculas, como hormônios, coenzimas, nucleotídeos e polímeros de paredes celulares. São fundamentais para todos os seres vivos, e nas plantas estão envolvidos em uma série de reações fisiológicas, ligadas intimamente ao crescimento e desenvolvimento.

Não existem na literatura trabalhos que estipulem os níveis de deficiência ou suficiência dos aminoácidos para a cultura do café, entretanto, já é sabido que há uma grande demanda energética para produção destes compostos e o fornecimento exógeno via foliar ou via solo de produtos comerciais torna-se uma tecnologia interessante.

Os benefícios da utilização de produtos compostos por aminoácidos para o cafeeiro vão depender da fase fenológica da cultura, da composição do produto utilizado e do objetivo esperado por esta aplicação.

Os bioestimulantes favorecem o desenvolvimento do sistema radicular do cafeeiro - Crédito Maurício Nasser
Os bioestimulantes favorecem o desenvolvimento do sistema radicular do cafeeiro – Crédito Maurício Nasser

Meios de aplicação

Na fase de formação de mudas, os produtos que possuírem o aminoácido triptofano na formulação irão estimular o crescimento das raízes, uma vez que esse aminoácido é precursor das auxinas, que são os hormônios que regulam o desenvolvimento do sistema radicular.

Outra possibilidade de uso de produtos com aminoácidos é antes ou após o transplantio das mudas, pois a mudança de ambiente com a retirada delas do viveiro ocasiona estresse das plantas e o aporte energético com aminoácidos proporcionará menor mortalidade de mudas e redução da necessidade de replantio, com crescimento vigoroso das plantas para rápida formação da copa.

Em lavoura a campo sob condições de estresse de origem biótica, como fitotoxicidez, ataque de pragas e doenças, ou abióticos, como temperaturas extremas, déficit hídrico, chuva de granizo, geadas, etc., os aminoácidos proporcionam recuperação mais rápida, com reestabelecimento do metabolismo e menor impacto negativo desses estresses sobre a produtividade e qualidade das lavouras.

Desafios

Um desafio para a cultura do café é o crescimento da parte aérea com a emissão de novos fluxos vegetativos e a formação dos ramos plagiotrópicos que serão responsáveis pela produção da safra seguinte.

Em anos de carga alta existe uma grande competição entre fonte (área de produção de fotoassimilados e órgãos em processo de envelhecimento) e dreno (áreas de metabolismo ou armazenamento: raízes, frutos em desenvolvimento, folhas imaturas, flores e sementes), limitando a translocação de materiais como água, sacarose, glicose, frutose, amido, aminoácidos (ácido glutâmico/glutamina, triptofano), hormônios e nutrientes.

Em situações de alta carga de frutos ou crescimento intensivo, a aplicação foliar de aminoácidos pode ser altamente vantajosa e representar economia de energia para o cafeeiro.

Em áreas de café fertirrigado, o uso de aminoácidos via solo aumenta a eficiência da adubação, principalmente dos elementos catiônicos, devido ao efeito complexante dos aminoácidos que vão facilitar a absorção e assimilação dos nutrientes. Entretanto, não se recomenda a redução na dosagem dos nutrientes na adubação, pois os aminoácidos serão apenas carreadores para os nutrientes.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de dezembro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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