Calagem superficial – Como a soja responde à técnica

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Publicado em 5 de setembro de 2017 às 19h00

Última atualização em 5 de setembro de 2017 às 19h00

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A correção da acidez do solo em profundidade é fundamental. “Esse é o alicerce da casa, e é preciso fazer a correção“, ressalta Leandro Zancanaro, pesquisador da Fundação MT.

Segundo ele, os solos de Cerrado são naturalmente ácidos e pobres em nutrientes, porém, após muito investimento na correção do solo e prática de adubação anual, realizadas ao longo dos anos de cultivo, a prioridade passa a ser a implantação de sistemas mais diversificados quanto às espécies vegetais, buscando inserir culturas que permitam introdução de elevada biomassa radicular e aérea, com resistência à decomposição, mas também culturas que introduzam nitrogênio ao sistema, que façam a ciclagem de nutrientes e que participem do manejo integrado de doenças e nematoides.

Tudo isto irá contribuir para a melhoria da fertilidade do solo no sentido mais amplo do conceito, pois vai permitir melhorias das condições físicas, biológicas e químicas do solo.

Há, no entanto, a necessidade de ter consciência de que as respostas do sistema de produção não ocorrem no mesmo ano. Após a correta implantação do sistema de plantio direto, com o decorrer de vários anos, ocorrem a alterações da dinâmica da água, da acidez, dos nutrientes no solo. E cada produtor, ou até mesmo cada campo dentro da propriedade, pode ter qualidade de solo diferente, devido a qualidade de como o sistema de produção é conduzido.

Como funciona a calagem superficial

A calagem superficial nunca deve ser feita por motivos operacionais ou por ser de custo menor, e sim para preservar um sistema. Para preservar, primeiro, tem que ter um bom Sistema de Plantio Direto, obrigatoriamente.

A aplicação superficial de calcário tem, a curto prazo, efeito bastante reduzido. Por este motivo, se o diagnóstico de uma lavoura for de que a acidez do solo está afetando a produtividade, a prática da calagem superficial a curto prazo não é a recomendada tecnicamente.

“Há nove anos resolvemos realizar um experimento para estudar a calagem superficial. A primeira pergunta que buscamos responder foi: como será a resposta à calagem superficial se esta for praticada em três sistemas de produção diferentes? Como podemos fazer quanto à definição de dosagens e frequência de aplicação? Para isto escolhemos uma área que a princípio estava com condições ideais de acidez e montamos estratégias de calagem superficial em três sistemas de produção: soja pousio, soja/milheto continuamente e soja com alternância de culturas na segunda safra“, detalha Leandro Zancanaro.

Ele conta que na soja em pousio, independente da dose do calcário e do modo que foi aplicado esse calcário, com o tempo a parcela apresentou desenvolvimento inferior, potencial produtivo menor e começaram a aparecer heterogeneidadesdentro das parcelas.

Quando foi colocadomilheto ou outras culturas que agregam raiz e palhada, a resposta visual ao calcário não apareceu e a cultura soja apresentou melhor desenvolvimento e potencial produtivo, além da maior uniformidade.

Em termos de produtividade, nas condições em que o experimento foi implantado e está sendo conduzido é possível afirmar que, ao longo do tempo, o efeito do sistema de produção prevalece sobre a resposta isolada do corretivo de acidez do solo. “Onde foi aplicado o calcário isolado no sistema de produção em pousio, a produtividade no oitavo e nono anos foram muito baixas,mostrando que a calagem superficial só pode ser feita quando houver um sistema de qualidade implantado a preservar“, avalia o pesquisador.

É possível, portanto, fazer um plantio direto bem feito no Cerrado, gerando melhoria do ambiente de produção e também melhor renda ao produtor.Após nove safras, colhemos 60 sacas a mais na área que tinha cobertura permanente do solo em relação à soja em pousio, com o mesmo fertilizante (apenas o de reposição) e com a prática da calagem superficial, e tendo um solo com menor população de nematoides e melhor condição física“, finaliza Zancanaro.

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