Correção do solo – A hora certa de começar

Crédito Calcário Itaú

Publicado em 17 de junho de 2017 às 07h25

Última atualização em 17 de junho de 2017 às 07h25

Acompanhe tudo sobre Análise de solo, Calagem, Cálcio, Cerrado, Palhada, Plantio direto, Preparo de solo, Solo, Traça e muito mais!

Breno Adriano Nyssen

Ana Carolina Melo

Lucas Miguel Altarugio

Graduandos em Engenharia Agronômica da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz“ ” ESALQ/USP e estagiários do Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão – GAPE

 

 Crédito Calcário Itaú
Crédito Calcário Itaú

As culturas de grãos são responsáveis por grande parte da produção da agricultura brasileira, principalmente aquelas cultivadas nas regiões de Cerrado. Estima-se que a área plantada de grãos na safra 2015/16 seja de 58,5 milhões de hectares, com produção de 202,4 milhões de toneladas, sendo a soja a maior responsável, com 96,9 milhões de toneladas (CONAB, 2016).

Este nível de produção foi atingido em função da inovação tecnológica, mas principalmente do correto manejo do solo, que envolve a realização da calagem. Isto porque a principal limitação dos solos brasileiros, em sua maioria latossolos intemperizados, é a acidez excessiva, que é corrigida por esta prática agrícola.

A correção do solo

A calagem consiste na incorporação de calcário ao solo (carbonato de cálcio ou magnésio ” Ca/MgCO3). Assim é possível aumentar a saturação de bases e elevar o pH pela liberação de íons OH. A elevação do pH diminui a concentração de alumínio (Al3+), que deixa de estar presente na solução do solo na forma tóxica, permitindo que o sistema radicular das plantas se desenvolva corretamente.

Desta forma, a calagem é importante para as culturas de grãos, pois permite que os mais altos níveis de produção e produtividade sejam alcançados ao reduzir os níveis de toxidez de alumínio e corrigir a acidez dos solos, as principais limitações da produção nos solos brasileiros.

 A calagem deve ocorrer com, no mínimo, três meses de antecedência ao plantio da cultura - Crédito Luize Hess
A calagem deve ocorrer com, no mínimo, três meses de antecedência ao plantio da cultura – Crédito Luize Hess

Quando começar

A calagem deve ocorrer com, no mínimo, três meses de antecedência ao plantio da cultura, sendo que metade da dose recomendada deve ser aplicada antes da aração e o restante após esta operação, incorporada à gradagem.

A aplicação do calcário não deve ocorrer imediatamente antes do plantio porque demanda tempo para reagir com o solo e corrigir suas características indesejadas. As reações químicas de dissociação e neutralização que ocorrem com o calcário dependem do contato direto entre o corretivo e as partículas do solo e, por isso, não trazem o resultado esperado logo após a aplicação.

Em sistemas de plantio direto, a calagem deve ocorrer com incorporação antes do estabelecimento da palhada, e com o sistema já estabelecido a aplicação deve ocorrer em área total, sem incorporação.

A frequência da realização da calagem depende, no entanto, do resultado da análise de solo da propriedade. Com o passar dos anos ou safras, o solo volta a acidificar devido às culturas extraírem as bases aplicadas na calagem, ou seja, os grãos exportam o cálcio e magnésio fornecidos pela calagem.

Desta forma, podem ocorrer aplicações sucessivas em uma mesma área e, geralmente, ocorrem todo ano no preparo de solo antes da implantação da cultura e sobre o solo com palhada em plantio direto quando a análise de solo requerer.

Na dose certa

O cálculo da dosagem de calagem é feito com base nos teores de saturação por bases (V%) e de cálcio e magnésio da área em que será aplicado.A saturação por bases é um excelente indicativo da fertilidade do solo, pois corresponde à porcentagem da CTC (capacidade de troca de cátions) que é ocupada por nutrientes catiônicos (cálcio, magnésio e potássio).

Assim, a recomendação é baseada na saturação de bases V% atual e no que se espera alcançar. Para cada cultura há variação do V% esperado: para a soja o ideal é 60, enquanto para o milho é 70. Além disso, utiliza-se também a CTC do solo e o PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total) do corretivo utilizado.

O PRNT é um indicativo da qualidade química do calcário e está relacionado a sua eficiência relativa em relação ao carbonato de cálcio (CaCO3), se aplicado puro. Portanto, quanto maior este valor, menor o tempo necessário para sua reação no solo. Em geral, os teores médios de PRNT estão próximos a 80%.

Quando a dose é calculada em função dos teores de cálcio e magnésio, espera-se aumentar a concentração destes nutrientes para níveis satisfatórios. Desta maneira, a dose recomendada pode ser obtida pelas seguintes equações:

(I) NC = (V2 – V1) x CTC

10 x PRNT

(II) NC = [30 – (Ca + Mg)] x 10

PRNT

Em que:

NC = necessidade de calagem (t ha-1); V1 = saturação por bases atual do solo na camada [0-20 cm] (%); V2 = saturação por bases almejada (%); CTC = capacidade de troca de cátions em mmolcdm³ a pH 7 [0-20 cm]; Ca = teor médio de cálcio no solo (0-20 cm); Mg = teor médio de magnésio no solo (0-20 cm); PRNT = poder relativo de neutralização total do corretivo (80%).

Ressalta-se que todos os teores utilizados no cálculo devem ser os obtidos na análise de solo na camada de 0-20 cm.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de junho 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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