Controle de tripes na cebola: desafios e soluções

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Crédito: Valter Oliveira

Luíz Guilherme Malaquias da Silva
Cientista de Alimentos e doutorando em Ciência dos Alimentos (UFLA)
lg.malqs@gmail.com
Giovanni Aleixo Batista
giovannialeixob@gmail.com
Engenheiro de alimentos e mestrando em Ciência dos Alimentos (UFLA)
Carlos Alexandre Rocha da Costa
PhD. em Ciência dos Alimentos (UFLA)
alexandre.vitae@gmail.com

Os tripes, pequenos insetos sugadores, representam uma das principais ameaças à produção de cebola, causando danos às plantas e reduzindo a qualidade dos bulbos. Esses insetos, como o Thrips tabaci, alimentam-se da seiva das folhas, provocando manchas prateadas, necroses e deformações, além de facilitar a entrada de patógenos.

O manejo eficaz exige um manejo integrado, que combine monitoramento constante, rotação de culturas, uso de armadilhas e controle biológico com inimigos naturais.

Atenção aos primeiros sinais

No Brasil, o tripes é a principal praga que afeta a cultura da cebola, podendo gerar perdas de até 50 % na produção. Como os tripes apresentam pequeno porte e habitam principalmente em cavidades das folhas da cebola, se tornam discreto para a percepção. Algumas características iniciais podem ser detectadas nas folhas, como manchas brancas ou prateadas, amarelecimento, pequenos pontos escuros.

Quando os sintomas evoluem, podem causar até a deformação nas folhas com áreas necrosadas. Como se alimentam da seiva da cebola, se os primeiros sintomas não forem logo detectados e tratados, o bulbo pode reduzir severamente de tamanho e peso, e a planta perderá vigor e qualidade.

As ninfas dessa praga também podem afetar o bulbo, causando injúrias visíveis na casca.

Danos visíveis

Os tripes afetam a produtividade ao comprometer a fotossíntese das plantas e resultando em bulbos com menor tamanho e uniformidade.

Além disso, os danos visíveis, como manchas e cicatrizes, desvalorizam o produto, especialmente em mercados que exigem alta qualidade visual. Esse impacto é agravado por custos adicionais com estratégias de manejo e pela maior suscetibilidade dos bulbos a infecções secundárias. Como consequência, a lucratividade do produtor é reduzida.

Monitoramento constante

O monitoramento constante permite a identificação precoce da infestação e a implementação de ações corretivas antes que os danos se tornem severos.

Por meio de métodos como armadilhas adesivas, inspeções regulares e amostragem sistemática, é possível monitorar a população de tripes e identificar sinais iniciais de infestação, como descoloração, manchas prateadas e deformações nas folhas.

O monitoramento contínuo também permite avaliar a eficácia das estratégias de controle, como o uso de inseticidas, o controle biológico com predadores naturais ou o manejo integrado de pragas, promovendo um controle mais eficiente e sustentável.

Estratégias de manejo integrado

Para um controle eficiente dessa praga, o primeiro passo é a inspeção do cultivo, que deve ser realizada pelo menos uma vez por semana, a partir do momento em que as plantas se estabelecem, analisando tanto as cebolas da borda quanto as do centro, a procura dos sinais visuais que podem surgir nas folhas.

É necessário adotar certas medidas preventivas, tais como isolar os talhões de cebola de acordo com a data e a área, evitar o plantio dos bulbos muito próximos, implementar barreiras vivas ou faixas de cultivo, além de optar por variedades que tenham folhas lisas e de baixa cerosidade, dando preferência a cultivares de ciclo curto.

Outro método que pode ser empregado para o reconhecimento da presença de tripes é o uso de placas adesivas de coloração azul, armadilhas que atraem e capturam os tripes, permitindo ao agricultor avaliar se há infestação da praga em seu plantio.

Crédito: Shutterstock

Quando detectada a presença de tripes, usar inseticida adequado para a cultura, e a aplicação de controle biológico, com outras larvas predadoras de tripes.

O cuidado com o solo também traz importantes benefícios à cebola, que se desenvolve vigorosamente, tornando a cultura mais tolerante ao ataque do tripes. Esse conjunto de medidas proporciona um manejo integrado de qualidade, que é a melhor forma de controle contra os tripes.

Manejo biológico

A utilização de agentes biológicos permite o controle das populações de tripes de forma eficaz e ambientalmente amigável, reduzindo os impactos negativos sobre a biodiversidade e promovendo o equilíbrio ecológico.

O controle biológico natural dos tripes é realizado por meio de larvas de dípteros da família Syrphidae, larvas de crisopídeos (bicho-lixeiro), alguns coleópteros da família Coccinellidae (joaninhas) e por predadores dos gêneros Scolothrips e Franklinothrips, como Scolothrips sexmaculatus e outras espécies do gênero Scolothrips.

Rotação de culturas

A rotação de culturas é uma ferramenta indispensável no manejo de tripes em cultivos de cebola, especialmente quando se evita o plantio sucessivo de espécies hospedeiras, como alho e cebola.

Substituir essas culturas por plantas não hospedeiras durante ciclos de dois a três anos ajuda a quebrar o ciclo reprodutivo do inseto, diminuindo a pressão inicial de ataque.

 Além disso, a incorporação de adubos verdes na rotação melhora a fertilidade e favorece o aumento de microrganismos benéficos no solo, que ajudam no controle natural de pragas.

Práticas complementares, como escolher locais de cultivo com boa ventilação e menor umidade relativa, também desempenham um papel importante na redução do ambiente favorável aos tripes e patógenos associados.

Novas tecnologias

Novas tecnologias e práticas estão trazendo avanços significativos no manejo de tripes na cebola, equilibrando eficiência e sustentabilidade.

O manejo integrado de pragas (MIP) tem se consolidado como uma abordagem eficaz, combinando o uso responsável de inseticidas registrados com novas ferramentas, como armadilhas adesivas para monitoramento e sistemas baseados em dados climáticos e populacionais.

Além disso, soluções biológicas, como o uso de microrganismos antagonistas, estão emergindo como alternativas promissoras. Essas inovações não apenas reduzem o impacto ambiental, mas também ajudam a manter a saúde do cultivo, garantindo produtividade e sustentabilidade a longo prazo.

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