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Amaranthuspalmeri pode ser uma ameaça para a agricultura?

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Publicado em 10 de dezembro de 2015 às 07h00

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h44

Acompanhe tudo sobre Água, Alecrim, Cebola, Cenoura, Cerrado, Colheita, Herbicida, Oliveira, Planta daninha, Polinização, Repolho, Resíduos, Sorgo e muito mais!

Ademilson de Oliveira Alecrim

Engenheiro agrônomo, mestrando em Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e membro do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia (GHPD)

ademilsonfederal@hotmail.com

Pedro Menicucci Netto

Graduando em Agronomia pela UFLA e membro do GHPD

pedromenicucci2010@hotmail.com

Itamar Ferreira de Souza

PhD em Plantas Daninhas e Herbicidas, professor titular da UFLA e tutor do GHPD

ferreiras@dag.ufla.br

 

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As plantas daninhas, se não manejadas corretamente, interferem de forma negativa no desenvolvimento das culturas, pois elas competem por luz, água e nutrientes. Atualmente, uma espécie de planta daninha está causando grande preocupação entre os produtores e a comunidade científica.

Esta espécie, a Amaranthuspalmeri, conhecida popularmente como caruru gigante, é uma planta daninha originária de regiões áridas do Centro-Sul dos Estados Unidos e Norte do México, e está presente em vários países do mundo.

Inicialmente, ela ocorria principalmente em olerícolas, mas nos últimos anos se tornou a principal daninha do algodoeiro nos Estados Unidos, em função de suas características biológicas e da resistência a herbicidas de diferentes sítios de ação. Recentemente, a espécie foi identificada no Brasil, mais especificamente no Mato Grosso do Sul.

Biologia da espécie

As espécies de caruru já identificadas no Brasil têm flores masculinas e femininas na mesma planta.Já na A. palmeri, parte das plantas produzirão apenas flores femininas (planta fêmea) e a outra parte flores masculinas (planta macho). As sementes são produzidas somente nas plantas de flores femininas, mas há um detalhe importante e agravante de reprodução da espécie: flores femininas podem produzir sementes mesmo sem ocorrência de polinização (apomixia facultativa).

Elas possuem metabolismo fotossintético do tipo C4, sendo muito eficiente na utilização de água, gás carbônico e luz para a produção de açúcares. As maiores taxas de fotossíntese ocorrem entre 36 e 46°C, com máximo a 42°C, o que lhe dá vantagens competitivas em regiões de clima quente.

O crescimento é muito rápido (médias de 2 a 3 cm por dia). Dependendo das condições de desenvolvimento, uma única planta pode produzir de 200 mil a 600 mil sementes, mas há casos em que esse número pode ultrapassar um milhão de sementes.

As sementes possuem tamanho extremamente reduzido, em formato de discos ou arredondados, medindo de 1 a 2 mm, o que facilita muito sua dispersão.

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Disseminação

Aves e mamíferos têm sido relatados como meios de disseminação da espécie, mas, uma vez estabelecido o problema, assumem grande importância as atividades humanas, destacando-se o transporte de máquinas, insumos, resíduos e colheitas, tanto dentro quanto fora das propriedades.

Conhecida como caruru, esta planta daninha pode trazer prejuízos consideráveis à agricultura - Crédito Cerrado Editora
Conhecida como caruru, esta planta daninha pode trazer prejuízos consideráveis à agricultura – Crédito Cerrado Editora

Prejuízos

A combinação da taxa de crescimento rápido, adaptação ao calor e à seca e volume de raízes grandes faz da A. palmeri um concorrente agressivo contra as culturas de estação quente e um incômodo grave na época da colheita. Elas provocam reduções significativas de produção em todas as culturas agronômicas, especialmente quando surgem antes ou com a cultura.

Elas podem se sobrepor à maioria das culturas agrícolas, em muitos casos até plantas de milho, e com isso há maior competição por luz solar. Além disso, resíduos de A. palmeri podem suprimir o crescimento das culturas. Em alguns estudos realizados nos Estados Unidos, pesquisadores observaram que a incorporação dessa planta ao solo antes do plantio pode dificultar significativamente o crescimento de mudas de cenoura, cebola, repolho e sorgo, o que ocorre provavelmente devido a algum efeito alelopático que a planta exerce sobre as culturas.

Quando não é feito o controle da população de A. palmeri, perdas no rendimento das culturas podem atingir até 91% em milho, 79% em soja e 77% em algodoeiro, segundo bibliografia norte-americana.

Resistência a herbicidas

Existem populações com biótipos de A. palmeri que apresentam resistência simples a herbicidas de cinco mecanismos de ação: inibidores da ALS, inibidores da EPSPs, inibidores da HPPD, inibidores da tubulina e inibidores do fotossistema II.

O manejo dessas populações se torna ainda mais complexo com a ocorrência de resistência múltipla, a qual já foi detectada para dois ou três desses mecanismos (ALS/ EPSPs; ALS/EPSPs/FSII e ALS/FSII/HPPD).

Fora dos Estados Unidos já foram relatados biótipos com resistência a inibidores da ALS em Israel e da EPSPs na Argentina.

Também é importante a hibridação natural, comum nos carurus. Cruzamentos entre espécies do gênero Amaranthus são muito citadas na literatura, sendo possível a transferência da resistência a herbicidas de A. palmeri para outras espécies de caruru, e também o contrário.

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2015  da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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