Vantagens da enxertia para o cafeeiro

Fotos A. D. Ferreira

Publicado em 28 de junho de 2018 às 07h01

Última atualização em 28 de junho de 2018 às 07h01

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Ramiro Machado Rezende

Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), consultor técnico e professor do curso de Agronomia da Universidade Vale do Rio Verde (UNINCOR)

ramiromr@globo.com

Fotos A. D. Ferreira
Fotos A. D. Ferreira

A técnica da enxertia,no caso do cafeeiro, visa o aproveitamento do sistema radicular mais desenvolvido da espécie Coffea canephora, usada como porta-enxerto, aliado às características da espécie Coffea arabica para o enxerto, como alta produtividade, bom tamanho dos frutos e ótima qualidade de bebida.

A principal utilização dessa tecnologia na cafeicultura tem sido no controle de fitonematoides em áreas infestadas por esses parasitas. Alguns autores relatam também a possibilidade de melhoria no vigor da planta, aumento de produtividade, maior eficiência no aproveitamento de nutrientes e adaptação às condições de solo e áreas com precipitação pluviométrica limitada.

Variedades utilizadas

Do ponto de vista do aproveitamento como porta-enxerto ou para os trabalhos de melhoramento genético, as espécies Coffea canephora, Coffea congensis e Coffea devewrei apresentam maior interesse, pelo fato da resistência aos nematoides estar aliada a um sistema radicular bem desenvolvido.

A cultivar Apoatã IAC 2258, de C. canephora, tem sido a mais utilizada como porta-enxerto, principalmente em áreas infestadas por fitonematoides.

O efeito da enxertia pode variar com o material genético utilizado nas diversas combinações enxerto/porta-enxerto. No entanto, várias variedades de Coffea arabica já foram testadas como enxerto mostrando compatibilidade com a cultivar Apoatã IAC 2258, como por exemplo as cultivares Mundo Novo, Catuaí, Ouro Verde, Icatu, Obatã, Palma II, Tupi, Oeiras, entre outras. Dessa forma, deve-se dar preferência como enxerto às variedades de café arábica mais adaptadas à  região de cultivo.

Ramiro Machado Rezende, consultor técnico e professor da UNINCOR - Fotos A. D. Ferreira
Ramiro Machado Rezende, consultor técnico e professor da UNINCOR – Fotos A. D. Ferreira

Contra nematoides

Os nematoides do gênero Meloidogyne têm sido um dos principais fatores limitantes à produção de café, causando sérios prejuízos aos produtores.O uso de cultivares resistentes é o meio de controle mais eficiente, economicamente viável e ecologicamente correto e é uma das principais medidas para o controle dos fitonematoides do cafeeiro.

Normalmente, considera-se uma planta como resistente quando esta inibe a reprodução do nematoide. No caso do gênero Meloidogyne, a resistência pode ser específica a raças ou espécies de nematoides.

A utilização de mudas enxertadas tem sido uma opção a curto prazo para a implantação de lavouras em áreas infestadas por nematoides do gênero Meloidogyne, uma vez que o controle químico é oneroso, resultando em contaminação ao ambiente e risco toxicológico para o homem.

Conforme relatado anteriormente, usam-se cultivares de C. arabica enxertadas na cultivar Apoatã IAC 2258, de C. canephora. Embora este porta-enxerto não seja totalmente imune a todas as espécies de nematoides, a prática da enxertia propicia um controle suficiente para uma boa produtividade. Para se ter uma ideia, existem regiões onde o uso de mudas enxertadas é obrigatório, uma vez que o cultivo de plantas de pé franco tornou-se inviável devido ao ataque desses patógenos.

Vale ressaltar que o sucesso da enxertia está na dependência do conhecimento das espécies e raças dos nematoides presentes na área.

União do enxerto com o porta-enxerto e cobertura e amarrio do local enxertado Fotos A. D. Ferreira
União do enxerto com o porta-enxerto e cobertura e amarrio do local enxertado Fotos A. D. Ferreira

Manejo

A enxertia mais utilizada no cafeeiro é a garfagem hipocotiledonar, feita logo após a emergência da plântula, no estádio de “palito de fósforo“ ou “orelha de onça“ (folhas cotiledonares).

A técnica é relativamente simples, mas exige mão deobra treinada e bastante cuidado para que ocorra a perfeita junção das duas partes. Um enxertador experiente e habilidoso pode realizar aproximadamente 500 enxertos por dia, com alta percentagem de pegamento das mudas (aproximadamente 90%).

Para seu emprego, semeia-se o porta-enxerto, por exemplo, a cultivar Apoatã IAC 2258, em germinadores e, separadamente, a cultivar de interesse que será usada como copa. As sementes de Apoatã IAC 2258 são menores e devem ser semeadas 15 dias antes das cultivares de C. arabica, para que no momento da enxertia o diâmetro do hipocótilo dos dois materiais seja semelhante.

No estádio de “palito de fósforo“, cerca de 60 dias após a semeadura a parte aérea da cultivar de C. arabica, denominada de “enxerto“, tem sua parte inferior eliminada com o auxílio de uma lâmina de barbear.

A cerca de 02 cm da semente faz-se um corte em bisel na extremidade da haste cortada. Em seguida, apanha-se um “palito de fósforo“ do material de Apoatã (“porta-enxerto“), que tem sua porção superior eliminada a mais ou menos 03 cm do sistema radicular; faz-se então uma incisão longitudinal no centro da haste, com 01 cm de profundidade.

Procede-se o encaixe do bisel na incisão e amarra-se com uma fita plástica de 03 mm de largura, para que a “soldadura“ seja perfeita. Em seguida, recomenda-se emergir a plântula enxertada em uma solução de proteção fúngica para haver melhor pegamento.

Todo o processo deve ser realizado em ambiente com umidade relativa elevada, mantendo-se as mudas imersas em água, sendo posteriormente alocadas em estufa, onde permanecerão por 25 a 30 dias, sob irrigação com microaspersores e com pouca luz.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de junho de 2018 da Revista Campo & Negócios Grãos. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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