Trichogramma: ‘Olho vivo’ na qualidade e na eficiência

Acompanhe tudo sobre Trichogramma e muito mais!

Franciely S. Ponce
Engenheira agrônoma, doutora em Horticultura e professora – UNIPAR
francielyponce@gmail.com
Bruno Alexis Zachrisson Salamina
Doutor em Ciências Biológicas/Entomologia e professor – Universidade do Panamá
bazsalam@gmail.com

A vespa parasitoide de ovos Trichogramma spp. é o agente de controle biológico mais utilizado no mundo. É eficiente no controle de ovos de borboletas e mariposas (Lepidópteros), o que apresenta elevada vantagem, pois a partir do controle dos ovos não há a emergência de lagartas, evitando dano às culturas.

As vespas parasitoides podem ser usadas em inúmeras culturas e para o controle de várias pragas, contudo, é essencial ficar atento à dosagem (Tabela 1).

Outro aspecto importante a ser destacado é quanto à distância que as unidades de liberação devem ter entre si. Estudos conduzidos em soja, couve, repolho e tomate demonstram que a capacidade de dispersão das microvespas varia entre ± 13 metros, sendo essa a distância a ser adotada para a liberação dos parasitoides.

Isso garante que haja o forrageamento e parasitismo dos ovos presentes no raio de até 13 metros, o qual pode variar em função da cultura.

Opções

As vespas são comercializadas em cartelas destacáveis e cada ‘mini-cartela’ deve ser distribuída na área respeitando a distância de ± 13 metros (Figura 1). A cartela de liberação pode ser fixada na folha da cultura com o auxílio de um grampeador de papel, ou distribuída de forma avulsa. Ao usar o grampeador, deve-se inserir o grampo na extremidade da caixa de liberação para evitar danos aos parasitoides. A fixação das caixas de liberação nas plantas proporciona proteção e facilita o recolhimento posterior.

Figura 1. Fixação da cartela de liberação na fase inferior da folha de couve
Foto:Franciely S. Ponce

Eficiência

Como dito anteriormente, o Trichogramma spp. é um parasitoide de ovos de borboletas e mariposas, controlando apenas a fase de ovos. Se a partir da amostragem o produtor detectou a presença de ovos de lepidópteros na área em quantidade por cultura, a liberação das vespas deve ser realizada de maneira imediata.

No máximo em um período de até 72 horas (três dias) as vespas realizarão o controle dos ovos presentes na lavora.

Respeitar a dosagem e ficar atento ao período de emergência dos parasitoides é essencial para garantir um bom resultado. Após este período, o produtor pode entrar com outra ferramenta de controle, podendo até mesmo utilizar um inseticida químico seletivo para a vespa, e assim controlar as fases larvais presentes na área.

O uso de inseticida aliado à liberação de Trichogramma é seguro, desde que seja respeitado o período de três dias após a liberação e seja considerado seletivo. Isso porque os parasitoides incrementam a taxa de parasitismo nos três primeiros dias após a emergência destes.

Acompanhamento após a liberação

Alguns aspectos precisam ser levados em consideração para acompanhar a qualidade e a eficiência dos parasitoides que estão sendo utilizados, como o controle de qualidade do produto adquirido e o parasitismo das cartelas com os ovos de Ephestia kuehniella, considerado hospedeiro alternativo e comumente utilizado no Brasil.

É essencial que as cartelas adquiridas estejam plenamente parasitadas para garantir eficiência no controle e que a taxa de emergência dos parasitoides seja superior a 95%. Após uma semana de liberação recomenda-se a coleta das caixas de liberação no campo.

Ao abrir, o produto deve apresentar ovos de coloração escura (pretos) o que indica a qualidade do produto (Figura 2).

Emergência das vespas

Outro aspecto importante a ser observado é quanto à emergência das vespas parasitoides e se houve emergência dos insetos após a abertura das cartelas. Isso pode ser feito com o auxílio de um smartphone que possua uma boa resolução fotográfica, aplicando-se um zoom na imagem, e assim verificar se os ovos pretos apresentam orifícios (Figura 3), condição que confirma que houve parasitismo.

Figura 3. Ovos parasitados (pretos) com orifício de saída do parasitoide

Crédito: Franciely Ponce

Desta forma, o produtor consegue conferir a eficiência das liberações. A aquisição destes bioinsumos de empresas idôneas é essencial, para avaliar o controle de qualidade do Trichogramma para a obtenção de elevadas taxas de parasitismo em campo.

Assim como os produtos convencionais, os biológicos precisam ter registros de boa qualidade, além de se conhecer a procedência do parasitoide.

Culturas beneficiadas

O Trichogramma pode ser utilizado em diversas culturas, sempre para controlar ovos de borboletas e mariposas. A aplicação vai de desde culturas anuais, como couve, tomate, brócolis, repolho, até culturas perenes, como maçã, pêssego, abacate, dentre outros.

O que difere é a dosagem a ser utilizada. Na cultura da mandioca, um grande desafio tem sido o controle do mandarová (Erinnyis ello), que causa grande desfolha e requer bastante cuidado, uma vez que a infestação da praga destrói rapidamente as plantas devido ao alto consumo de folhas.

A liberação de Trichogramma pretiosum pode ser uma boa opção, sendo aplicado inicialmente em uma dosagem de 36 a 54 mil/fêmeas/ha, segundo recomendação da empresa fornecedora (Figura 1).

Vespa Trichogramma pretiosum parasitando ovos de curuquerê-da-couve (Ascia monuste)

A vespa parasitoide Trichogramma controla a fase de ovo de borboletas e mariposas, sendo importante monitorar a lavoura e utilizar outras ferramentas para o controle das fases larvais destas pragas. Busque adquirir produtos de qualidade e se atentar à dosagem correta.

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