Tratamento de sementes para o controle de cigarrinhas

De acordo com especialista, a prática pode trazer até 90% de eficiência no manejo contra o complexo de enfezamento.

Publicado em 10 de janeiro de 2024 às 08h58

Última atualização em 10 de janeiro de 2024 às 08h58

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Foto Bayer

Responsável por reduzir em mais de 70% a produção de grãos de milho em plantas suscetíveis de acordo com a Embrapa, o complexo de enfezamento segue como um dos principais desafios enfrentados pelo produtor para a safra. Para mitigar essa ameaça, destaca-se o tratamento de sementes como uma estratégia bastante eficaz, já que desempenha um papel crucial na proteção das plantas de milho desde a emergência até o desenvolvimento das primeiras folhas.

“O tratamento de sementes pode proporcionar uma eficiência de até 90% de controle no início do desenvolvimento da cultura, reduzindo consideravelmente a incidência de insetos adultos das cigarrinhas (Dalbulus Maidis), vetores e disseminadores do complexo de enfezamento na lavoura. Além disso, essa abordagem facilita o manejo futuro contra a praga, tratando -se de um cuidado preventivo adicional que desempenha um papel crucial na prevenção do descontrole do problema”, ressalta o agrônomo de desenvolvimento de mercado da Bayer, Marcelo Ferri.


Ele destaca que um dos tratamentos de sementes mais eficazes no campo é representado pelos neonicotinóides, um grupo químico que além de contribuir para o manejo das cigarrinhas, também se revela eficaz contra outra praga desafiadora, o percevejo barriga verde.


Ao oferecer orientações práticas aos produtores, Ferri enfatiza a importância de verificar se o tratamento de sementes adquirido possui registro específico para a cigarrinha, a praga-alvo nesse contexto. “Alguns produtos comerciais recomendam doses mais elevadas para a cigarrinha em comparação com o percevejo, por isso é necessário ter atenção às especificidades das doses recomendadas para cada praga. Essas considerações fornecem uma abordagem mais assertiva na escolha e aplicação de tratamentos de sementes, otimizando a eficácia no controle das cigarrinhas e do percevejo barriga verde na lavoura.”


Tratamento industrial x Na fazenda 


Na decisão de compra de sementes, o produtor se depara com a escolha entre adquirir sementes com tratamento industrial (TSI) ou realizar a aplicação do revestimento na própria fazenda. Segundo o agrônomo da Bayer, embora os custos pareçam mais atrativos ao optar pela aplicação própria, diversos fatores indicam que essa alternativa não é compensadora.


“O tratamento realizado por máquinas industriais assegura que cada semente receba a quantidade precisa do ingrediente ativo, de maneira uniforme e com maior aderência. Contrariamente, o tratamento feito na fazenda exige que o produtor divida seu tempo já escasso durante a semeadura para realizar o processo, comprometendo a dedicação necessária. Além disso, o ingrediente ativo é adicionado ao tanque de mistura, sem garantia de que cada semente receberá a quantidade adequada, resultando em possíveis imperfeições que podem comprometer a proteção individual das plantas. Isso, por sua vez, aumenta a probabilidade de interrupções na distribuição da plantadeira.”


Diante dessas considerações, a escolha pelo tratamento industrial revela-se como uma abordagem mais eficiente e garantida, proporcionando um tratamento homogêneo e de alta qualidade, fundamental para a proteção eficaz das plantas de milho.


Além disso, o tratamento industrial oferece a vantagem adicional de evitar que sementes fora do padrão de tamanho sejam repassadas ao produtor, ao mesmo tempo em que reduz o risco de fissuras ou rachaduras causadas por maquinários específicos durante a aplicação dos ingredientes ativos. Em contraste, o manejo na fazenda tende a ser mais rústico, muitas vezes realizado em tanques que podem causar danos às sementes.
 

Ferri destaca que, se a semente apresentar fissuras ou rachaduras após o tratamento na fazenda, há uma significativa probabilidade de isso resultar em doenças durante o período de emergência. Além de que esse cenário facilita a entrada de fungos, podendo ocasionar a morte de plantas antes mesmo da emergência. “A economia inicial no tratamento pode resultar em prejuízos devido a uma lavoura desuniforme e com falhas, tornando-se uma preocupação desnecessária e um custo-benefício não compensador”.

Precauções no armazenamento
 

Após empregar o método de tratamento de sementes, é preciso pensar no armazenamento adequado delas, uma vez que esse é um fator que impacta diretamente a eficácia dessa estratégia. O agrônomo da Bayer destaca a importância de o produtor receber as sementes no momento adequado, alinhado ao calendário de início de plantio do milho, para evitar prolongar o tempo de armazenamento.
 

“A armazenagem prolongada de sementes tratadas em condições inadequadas pode resultar na perda da qualidade fisiológica, reduzindo seu potencial germinativo e vigor. O local de armazenamento também desempenha um papel fundamental, sendo recomendável utilizar estrados para garantir a circulação de ar e evitar a captação excessiva de umidade do solo. Adicionalmente, é essencial evitar a proximidade das sementes com adubos ou sal para alimentação animal, que podem transferir umidade para as sementes”, friza.


No caso de interrupções no plantio devido às chuvas, é indispensável proteger as sementes armazenadas nos tanques da plantadeira da umidade. “Manter as sementes nos depósitos da plantadeira por curtos períodos não representa um problema, contudo, é imperativo que a máquina seja resguardada da chuva, armazenada em um barracão ou coberta por uma lona para prevenir o contato das sementes com a umidade. A exposição à umidade pode resultar na germinação precoce, inchaço e danos ao plantio devido ao travamento no disco da plantadeira”, explica.

Manejo integrado e monitoramento 
 

Ferri ressalta que o tratamento de sementes, por si só, não é suficiente para reduzir adequadamente o nível de incidência e os prejuízos causados pela cigarrinha. O Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIPD) desempenha um papel crucial nesse contexto, incluindo a escolha de híbridos mais tolerantes, a eliminação do milho voluntário e o monitoramento regular das áreas.
 

“Dado que os agricultores não realizam o plantio simultaneamente e considerando a capacidade das cigarrinhas de percorrerem grandes distâncias diariamente (acima de 20 km em um dia), a explosão populacional pode ocorrer de maneira abrupta. Portanto, é vital estar alerta e agir prontamente para evitar a perda de controle”, destaca.
 

Após a implementação dessas precauções iniciais, o produtor deve manter uma vigilância constante sobre suas áreas. Ao perceber um aumento na população de cigarrinhas, é de extrema importância optar pelo controle químico, complementando as medidas para minimizar os prejuízos causados pelo complexo de enfezamento. “Cada uma dessas ações de manejo se complementa, reduzindo a população de cigarrinhas e aumentando as chances de sucesso no cultivo”, finaliza.

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