O tomate rasteiro (Solanum lycopersicum) é uma das principais hortaliças produzidas no Brasil, pertencente à família das solanáceas. É consumido tanto in natura quanto processado e se destaca por seu alto valor nutricional, sendo rico em licopeno, β-caroteno e vitaminas C e E.
Segundo o IBGE, os maiores produtores nacionais são Goiás, São Paulo e Minas Gerais, que juntos representam mais de 60% da produção brasileira. Em 2018, o país produziu 4 milhões de toneladas de tomate, em uma área de quase 60 mil hectares, com destaque para Mato Grosso, onde a produtividade média alcançou 24,8 mil kg/ha.
Sistemas de produção e expansão do tomate rasteiro
Tradicionalmente, o tomate de mesa é cultivado em sistemas tutorados, com plantas de crescimento indeterminado. No entanto, cresce o interesse pelo cultivo do tomate rasteiro, de crescimento determinado, que oferece redução de custos e maior mecanização em todas as etapas produtivas.
O tomate rasteiro in natura ainda é recente no Brasil e exige pesquisas de adaptação climática. Seu cultivo é indicado para regiões de baixo índice pluviométrico e períodos secos, favorecendo o manejo e a sanidade das plantas.
Vantagens do sistema de tomate rasteiro
O sistema de tomate rasteiro apresenta benefícios expressivos:
- Redução da mão de obra;
- Mecanização completa (preparo do solo, irrigação e adubação);
- Maior produtividade;
- Facilidade de colheita;
- Melhor qualidade dos frutos, que não entram em contato direto com o solo.
Pesquisas da UNEMAT comprovaram que o uso do mulching plástico (filme de polietileno) eleva a produtividade do tomate rasteiro, além de reduzir a evaporação, controlar plantas daninhas e melhorar as condições físico-químicas do solo.
Como implantar o cultivo de tomate rasteiro
Antes de iniciar o plantio, é essencial avaliar a compactação do solo. Se necessário, deve-se realizar gradagem e preparo dos canteiros, que variam entre 1,0 m e 1,2 m de largura.
Após a análise de solo, faz-se a calagem para elevar a saturação de bases a 70% e ajusta-se a adubação conforme o manual da 5ª Aproximação. O sistema de irrigação por gotejamento deve ser instalado a cerca de 20 cm da borda do canteiro, garantindo distribuição uniforme da água e permitindo a fertirrigação — fornecimento contínuo de nutrientes dissolvidos na água.
Com o sistema pronto, aplica-se o filme plástico (mulching) e realiza-se o transplante das mudas. Recomenda-se espaçamento entre 20 e 50 cm entre plantas e uso de mulching dupla face (preto e branco) — o lado branco voltado para cima reflete os raios solares, reduzindo a temperatura das plantas e mantendo a umidade do solo.
Produção de mudas e época ideal de plantio
As mudas de tomate rasteiro devem ser produzidas em ambiente protegido, limpo e bem ventilado, com bancadas de 1 metro de altura. O ponto ideal de transplante é entre 20 e 25 dias após a semeadura.
No Estado de Mato Grosso, o melhor período de plantio é entre abril e junho, com colheita de julho a outubro. Esse calendário reduz o risco de chuvas na fase inicial e na colheita, evitando doenças e perdas produtivas.
Resultados e impacto produtivo
O método desenvolvido pela UNEMAT mostra que o cultivo de tomate rasteiro com mulching e fertirrigação proporciona crescimento mais rápido e uniforme das plantas, reduzindo pragas e doenças e evitando o contato direto dos frutos com o solo.
Além de aumentar a produtividade e a qualidade, o sistema torna-se uma alternativa sustentável para pequenos e grandes produtores, melhorando a rentabilidade e a segurança alimentar regional.
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Autoria:
Alessandro Bandeira Dalbianco – Engenheiro agrônomo, mestrando em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola (PPGASP) – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) – alessandrodalbianco2013@gmail.com
Daiane Andréia Trento / Fernanda Lourenço Dipple
Mestras em Ambiente
e Sistemas de Produção Agrícola – UNEMAT
Adalberto Santi – Professor do Departamento de Agronomia – UNEMAT
Santino Seabra Júnior – Professor do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola – UNEMAT
