Surfactantes otimizam as aplicações de defensivos

Publicado em 12 de dezembro de 2014 às 07h00

Última atualização em 12 de dezembro de 2014 às 07h00

Acompanhe tudo sobre Adjuvante, Água, Biológico, Pulverização, Traça e muito mais!

 

Carlos Gilberto Raetano

Professor adjunto do Departamento de Proteção Vegetal da FCA/UNESP ” Campus de Botucatu (SP)

raetano@fca.unesp.br

Abrir matéria com fotona -  Crédito  Case IHOs adjuvantes são substâncias que, adicionadas durante o processo de formulação do produto fitossanitário (fabricação) ou no preparo da calda (produto formulado + adjuvante, com ou sem veículo diluente), facilita a aplicação, reduz perdas e riscos durante o processo, e/ou melhora o desempenho do agente químico de controle.

Comumente são denominados de surfactantes, no entanto, esses últimos constituem um grupo especial de adjuvantes com a função de reduzir a tensão superficial da calda de pulverização.

O que é

Carlos Gilberto Raetano, professor da UNESPBotucatu - Crédito Arquivo pessoal
Carlos Gilberto Raetano, professor da UNESPBotucatu – Crédito Arquivo pessoal

A palavra surfactante tem origem na expressão surface-acting agent (agente ativo de superfície) e denominada surfactante na língua portuguesa. Quando adicionados à calda, diminuem a força de atração entre as moléculas do líquido, em especial da água, possibilitando, assim, maior contato das gotas de pulverização com a superfície vegetal.

A propriedade dos surfactantes de reduzir a tensão superficial de líquidos promove os efeitos espalhante, molhante ou umectante, espalhante-adesivo, penetrante e dispersante. No geral, são nomenclaturas distintas encontradas no rótulo dos produtos, mas geralmente consequência de uma propriedade semelhante, o que impossibilita, muitas vezes, isolar esses efeitos.

Mitos e verdades

Muitos questionamentos são feitos a respeito da necessidade do uso dos surfactantes nas pulverizações. A resposta é dependente da interação líquido-superfície vegetal. A tendência de redução das taxas de aplicação com tecnologias mais modernas exige melhor desempenho de um produto fitossanitário, em especial aqueles com modo de ação de contato, para o controle eficiente de um agente biológico com pequena mobilidade sobre a superfície vegetal.

Portanto, a adição dos surfactantes à calda pode favorecer o maior espalhamento do produto e o molhamento da superfície. Quando as taxas de aplicação excedem a capacidade máxima de retenção foliar, observado na prática pelo escorrimento, a adição dessas substâncias à calda pode contribuir para a perda do produto fitossanitário por antecipar o escorrimento.

Os surfactantes promovem efeitos espalhante, molhante ou umectante - Crédito SXC
Os surfactantes promovem efeitos espalhante, molhante ou umectante – Crédito SXC

A presença de ceras e tricomas (pilosidade) nas superfícies de muitos vegetais constitui barreira natural às gotas da pulverização, impedindo-as de entrar em contato com o tecido vegetal para desempenhar sua função. Nesse caso, o uso de surfactantes proporcionará redução da tensão superficial da calda, permitindo, assim, maior contato entre líquido e superfície.

Não obrigatoriamente, a adição desses produtos à calda de pulverização se traduz em ganhos de produtividade, pois isso é dependente do potencial genético da planta e pode se expressar diferentemente em função da condição ambiente. Porém, há inúmeros trabalhos demonstrando a redução das perdas na produtividade quando os surfactantes são usados em pulverização.

Cientificamente falando

Os surfactantes possuem em sua estrutura química duas regiões claramente definidas, uma porção lipofílica (não-polar), que corresponde à cadeia de hidrocarbonetos, e outra hidrofílica (polar), composta por uma cadeia de grupos oxietileno (CH2-CH2-O), que tem afinidade com a água.

A capacidade de molhamento e o espalhamento estão intimamente relacionados com a quantidade das porções hidrofílicas e lipofílicas no produto. Eles podem ser divididos em dois grupos: iônicos, não-iônicos e anfotéricos. Os iônicos dissociam-se, podendo ser aniônicos ou catiônicos e reagir com as moléculas do produto fitossanitário.

Já os surfactantes não-iônicos não tendem a alterar o equilíbrio de cargas elétricas nas formulações e nas caldas, pois não apresentam cargas em solução aquosa. Pelo fato de não interagirem com outros compostos químicos e com outros elementos em suspensão, apresentam baixa toxicidade e fitotoxicidade. Já os anfotéricos podem ionizar parte de sua molécula com carga positiva e parte com carga negativa.

Essa matéria completa você encontra na edição de Novembro da revista Campo & Negócios Grãos. Clique aqui para adquirir já a sua.

 

Participe do Nosso Canal no WhatsApp

Receba as principais atualizações e novidades do agronegócio brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

Últimas publicações

1

Caraguatá: fruta atrai pelos benefícios medicinais

2

Manga Shelly: a variedade premium que conquista o mercado mundial

3

Tarifaço causa queda de 28% nas exportações da piscicultura brasileira no 3º trimestre

4

Brasil reforça protagonismo na olivicultura em encontro do Conselho Oleícola Internacional

5

Conexão Abisolo 2025 destacou pesquisa, inovação e sustentabilidade

Assine a Revista Campo & Negócios

Tenha acesso a conteúdos exclusivos e de alta qualidade sobre o agronegócio.

Publicações relacionadas

Sintomas de Síndrome da Murcha da Cana

Síndrome da Murcha da Cana é ameaça contínua aos canaviais

Dr. Aldir Alves Teixeira durante palestra sobre cafés de alta qualidade no Concurso de Qualidade dos Cafés de Origem da Região de Pinhal.

Concurso de Qualidade dos Cafés de Pinhal destaca Dr. Aldir Alves Teixeira

Xícara de café descafeinado ao lado de grãos, representando o processo de extração da cafeína.

Café descafeinado: benefícios, diferenças e como é feito

Banner da campanha Arroz Combina mostra pratos variados com arroz brasileiro.

Campanha Arroz Combina valoriza o consumo do arroz brasileiro