Rizoctoniose em tomate: prevenção é o caminho

Os frutos doentes apresentam podridão marrom, mole e aquosa, coberta por um mofo marrom-claro. Para não ter prejuízos, vamos mostrar as formas de prevenção e controle da doença.

Publicado em 7 de fevereiro de 2024 às 08h08

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h42

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Laura Carine Candido Diniz Cruz
Engenheira agrônoma e doutoranda em Fitotecnia – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
la.carine@hotmail.com

Carlos Antônio dos Santos
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia e professor – Instituto Federal do Paraná (IFPR)
carlos.santos@ifpr.edu.br

A mela-de-rizoctonia, ou rizoctoniose, manifesta-se durante a floração, formação e maturação dos frutos, quando é maior a cobertura foliar. As folhas e hastes infectadas apresentam podridão mole e aquosa (mela), principalmente nas partes que ficam em contato com o solo.

A rizoctoniose causa grandes prejuízos
Crédito: Evaldo Pereira

Sintomas

A rizoctoniose é causada pelo fungo habitante do solo, Rhizoctonia solani, que é capaz de infectar diferentes espécies de hortaliças e outras plantas de importância econômica e, com isso, causar prejuízos expressivos.

No tomateiro, este fungo pode causar problemas em três fases, sendo o tombamento de mudas, podridão de colo e a podridão dos frutos.

Na fase de mudas, os sintomas causados pela rizoctoniose são manchas marrons, que causam estreitamento do caule e, consequentemente, o seu tombamento. As mudas comprometidas prejudicam as etapas subsequentes do cultivo e a viabilidade do empreendimento.

Já na etapa do cultivo, as folhas, hastes e frutos mais próximos ao solo são as mais vulneráveis ao ataque pelo fungo em áreas contaminadas. Os sintomas nas hastes são lesões irregulares de cor amarronzada, principalmente na base da planta, na região do colo.

Características da podridão

Nos frutos, os sintomas do ataque do fungo são caracterizados por podridão marrom que, inicialmente, é firme, porém, com o avanço da doença e pelo ataque de microrganismos secundários, amolece, resultando em uma podridão mole e aquosa. 

Em condições de elevada umidade, também é comum o aparecimento de mofo de coloração creme nessas lesões.

Condições para a doença

O plantio intensificado de tomateiros e demais espécies hospedeiras numa mesma área, e a presença de restos culturais, são fatores que contribuem para a ocorrência da doença e dispersão do patógeno, haja visto se tratar de um fungo habitante do solo.

Dentre as principais condições ambientais, a ocorrência da rizoctoniose está associada, geralmente, a problemas com alta umidade. Logo, períodos de chuvas frequentes, irrigações excessivas e solos pesados, com problemas de drenagem, são mais propensos à ocorrência da doença.

Em cultivos com alta densidade de plantio e, consequentemente, cobertura foliar densa próxima ao solo, a ocorrência da propagação da rizoctoniose em áreas contaminadas é facilitada devido à criação de um microclima úmido e com pouca ventilação. Estas condições favorecem o crescimento do fungo.

Formas de prevenção

Por se tratar de um fungo de solo, a estratégia principal para evitar os prejuízos causados pela rizoctoniose é a prevenção. Logo, os cuidados devem ser tomados desde o planejamento do plantio, passando pela etapa de produção e obtenção das mudas até o cultivo propriamente dito.

O tomaticultor deve estar atendo a alguns cuidados, como a realização da rotação de culturas, preferencialmente com gramíneas; utilizar mudas bem desenvolvidas e de boa procedência; evitar áreas de plantio com histórico recente da doença, bem como o plantio em áreas com solos mal drenados e planejar o plantio de modo que a colheita não coincida com o período de chuvas.

Evitar o plantio adensado e realizar adubação equilibrada, com cuidados quanto ao excesso de adubação nitrogenada, a fim de se reduzir a produção de ramas, reduzindo a umidade abaixo da folhagem.

Ainda, deve-se reduzir a quantidade de água disponibilizada pela irrigação ao fim do ciclo.

Controle integrado

De modo geral, as práticas de manejo preventivas são semelhantes entre os patógenos de solo na tomaticultura. Desse modo, além das estratégias anteriormente mencionadas, recomenda-se medidas adicionais, como a limpeza de máquinas e implementos agrícolas em áreas infestadas; utilização de sementes tratadas e estímulo à microbiota antagonista.

Atualmente, diversos resultados e experiências práticas apontam o controle biológico como medida complementar no manejo integrado da rizoctoniose do tomateiro, por meio da utilização de antagonistas como, por exemplo, o fungo benéfico Trichoderma spp.

Dentre os mecanismos de ação de Trichoderma spp. sobre fungos fitopatogênicos, incluindo Rhizoctonia solani, está a competição com estes por substrato e espaço físico, a antibiose ou produção de substâncias que inibem o seu crescimento ou reprodução e o parasitismo.

Logo, pode ser uma estratégia pertinente a ser utilizada em conjunto com as práticas preventivas e culturais recomendadas para o manejo da doença.

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