Qual a nova realidade das lavouras de milho?

Qual a nova realidade das lavouras de milho?
Qual a nova realidade das lavouras de milho?

Publicado em 18 de janeiro de 2020 às 10h03

Última atualização em 18 de janeiro de 2020 às 10h03

Acompanhe tudo sobre Água, Plantio, Rotação de cultura, Semente e muito mais!

Autores

Andressa Cazetta
andressa_cazetta@hotmail.com
Bruna Cristina de Andrade
brunaandrade639@yahoo.com.br
Engenheiras agrônomas e mestrandas em Proteção de Plantas – Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Crédito: IAPAR

Acredita-se que o milho (Zea mays) é uma das culturas mais antigas do mundo, com relatos que levam a crer que seu centro de origem seja o México. Sua importância econômica está caracterizada pelo fato de apresentar diferentes formas de consumo, podendo variar desde a alimentação animal até as indústrias de alta tecnologia.

Para o Brasil, o milho é considerado uma das culturas de maior importância para a economia, sendo cultivado em praticamente todo território do País. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) mostram que a produção brasileira de milho em 2018/19 foi de 99,984 milhões de toneladas, representando um crescimento de 23,9% da safra anterior. Além disso, a área plantada aumentou 5,3% e a produtividade 18%.

Baseando-se nesses fatos, e considerando a importância dos grãos para o giro da economia, é importante estar atento a todo tipo de doença que possa surgir em uma lavoura, já que relatos de perdas de produtividade devido ao ataque de patógenos são frequentes nas regiões produtoras do País.

Ainda, é importante entendermos que a evolução das doenças e o surgimento de novos problemas estão estreitamente relacionados com a evolução dos sistemas de produção, como a expansão da fronteira agrícola, a amplificação das épocas de plantio e o uso de materiais suscetíveis, por exemplo.

A estria bacteriana

A doença causada pela bactéria Xanthomonas vasicola pv. vasiculorum foi relatada pela primeira vez em 1949, na África do Sul, e vem “tirando o sono” de pesquisadores, produtores e técnicos envolvidos com a cultura do milho desde que surgiu em algumas regiões produtoras ao redor do mundo.

Nos Estados Unidos há relatos de sua existência em cerca de nove Estados produtores. Dentre eles, a maior ocorrência é nos Estados de Nebraska, Kansas e Colorado. Na Argentina, dez províncias já relataram o aparecimento da doença, e mais recentemente no Brasil há relatos do surgimento em regiões produtoras do Paraná.

O Instituto Agronômico do Paraná relata que a doença já foi observada em condições naturais em pelo menos 30 diferentes híbridos comerciais de milho e em diferentes regiões do Estado.

O que é importante saber?

Os sintomas da doença se apresentam, inicialmente, como pequenas pontuações nas folhas, que com o passar do tempo evoluem para lesões alongadas e estreitas com um halo amarelo ao redor, restritas à região internerval. Uma característica importante que ajuda a diferenciar essa doença da doença fúngica cercosporiose é o fato de as lesões serem onduladas.

Acredita-se que os danos econômicos para a cultura do milho se iniciam quando a severidade da doença atinge 40% da área foliar. Além disso, é importante saber que a bactéria pode sobreviver em restos de cultura infectados e, possivelmente, em algumas plantas daninhas.

Apesar de haver poucos estudos detalhados, há evidências de que a doença pode ser propagada por sementes, além dos outros meios típicos de propagação de bactérias, vento e água.

Ao assumir que o milho é cultivado em todo o território nacional e representa duas grandes safras no ano agrícola, o cultivo extensivo em diferentes regiões edafoclimáticas aliado à estratégia de produção que integra culturas anuais e pecuária tem gerado especulações na dinâmica e sobrevivência da bactéria causadora da estria no milho.

Integração lavoura-pecuária

O sistema de integração lavoura-pecuária lança mão de espécies forrageiras oriundas do continente africano e que são hospedeiras potenciais da bactéria, fato relevante na tomada de decisão no sistema ILP.

O modelo ILP incentiva a rotação, sucessão e diversificação das atividades agrícolas, porém, a escolha do sistema deve ser cautelosa no que se refere à escolha das forrageiras implantadas em áreas com alta pressão de estria bacteriana no milho.

A correta identificação e diagnóstico do patógeno é fundamental para decisões assertivas em diferentes modelos agrícolas, garantindo o controle mais eficaz e a redução dos danos causados pela doença, visando minimizar qualquer prejuízo produtivo no final da safra. 

Mas, e o controle?

Por se apresentar uma doença recente, há poucas informações sobre a prevenção e o controle da estria bacteriana do milho, por isso, as recomendações baseiam-se naquelas medidas gerais de controle de doenças bacterianas, sendo elas:

Ü Uso de rotação de cultura, juntamente com a destruição dos restos culturais, para evitar a sobrevivência do patógeno;

Ü Controle de plantas daninhas, já que provavelmente elas podem ser hospedeiras alternativas da doença;

Ü Identificação correta do patógeno para, assim, aplicar uma molécula química que seja eficaz para o seu controle;

Ü Não cultivar materiais altamente suscetíveis à doença;

Ü Desinfestação de equipamentos antes do trânsito entre lavouras, prevenindo a disseminação do patógeno;

Ü Garantir a sanidade das sementes de milho, para evitar a transmissão do patógeno por essa via.

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