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Pulgão no milho safrinha

Causando prejuízos principalmente em períodos mais secos, esse afídeo se hospeda em diversas culturas, como o milho, sorgo, cevada, aveia, triticale e as mais diversas gramíneas.

Publicado em 31 de maio de 2021 às 14h33

Última atualização em 31 de maio de 2021 às 14h33

Acompanhe tudo sobre Colapso, Controle, Praga, Prejuízo, Pulgão e muito mais!

Talis Melo Claudino
Engenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia/Energia na Agricultura – UNESP/FCA de Botucatu
t.claudino@unesp.br
Tarciso Melo Claudino
Técnico agrícola e graduando em Engenharia Mecânica Empresarial – Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
tarcisoclaudino@furg.br

A cultura do milho apresenta grande importância econômica para o agronegócio brasileiro, em que sua maior época de cultivo é a safra de inverno, sendo semeado logo após a colheita da soja.
A opção de realizar a segunda safra em seu início foi denominada como “safrinha”, mas com o passar dos anos se viu a grande importância deste cultivo e da rentabilidade que traz ao agricultor. Entretanto, é um cultivo de risco, e exposto a faltas de chuvas e à possibilidade de geada as áreas semeadas mais tardiamente podem ter um colapso.

O pulgão

Como descrito anteriormente, o pulgão-do-milho é uma praga secundária que encontra o seu principal desenvolvimento na faixa de temperatura de 18 a 24°C, com longevidade de até 28 dias em ambientes com temperatura média de 20°C.
Causando prejuízos principalmente em períodos mais secos, esse afídeo se hospeda em diversas culturas, como o milho, sorgo, cevada, aveia, triticale e as mais diversas gramíneas. Suas colônias são encontradas no cartucho da planta de milho, onde sua comunidade é formada por colônias de fêmeas adultas ou ninfas.
Para sua sobrevivência, o pulgão-do milho se alimenta de seiva elaborada da planta, principalmente os tecidos mais jovens, onde, a partir de sua câmara-filtro, que exsuda o que foi absorvido em excesso pela praga, deposita sobre as folhas estes exsudados formados por açúcares e outros polissacarídeos, substâncias denominadas “honeydew”.
A deposição deste composto sobre as folhas a deixa meladas e pegajosas, em virtude do caráter açucarado do honeydew. Fungos são beneficiados e nestes lugares se alojam, onde o principal gênero favorecido é o Capnodium. Há, então, a formação de uma camada escura sobre as folhas, conhecida por fumagina.
Os danos da fumagina se iniciam pela diminuição da capacidade fotossintética da planta, visto que a concentração do filme escuro sobre a folha impede a entrada de luz para realização da fotossíntese. Além disso, na fase de emissão do pendão, o acúmulo da substância açucarada e pegajosa realiza a aglutinação dos grãos de polén, os impedindo de serem disseminados, assim como quando depositado o honeydew no estigma, ocorrem falhas de polinização e fecundação dos grãos.
Pelo modo de alimentação do pulgão-do-milho (estiletar), a transmissão de vírus é comum, haja vista que o vírus fica aderido ao estilete, e quando ocorre a picada, a planta é infectada.

Incidência

A infestação do pulgão-do-milho acontece em plantas isoladas, se dispersando em reboleiras nos campos durante o período vegetativo e próximo ao lançamento do pendão. Até V10 as perdas são de 8%, quando a infestação se encontra em 818 pulgões por planta, já no estágio reprodutivo R2-R4, quando a planta possui até 1.038 pulgões, as perdas médias são de 16%.
Por efeito de curiosidade, Ávila e colaboradores (2015) observaram que a adubação nitrogenada contribui para o aumento da incidência de pulgão no milho, independente da sua espécie. Ou seja, adubações nitrogenadas em excesso, estresses hídricos e falta de manejo no início do desenvolvimento do pulgão podem trazer grandes prejuízos.

Controle

Entretanto, o manejo dele é possível. Deve-se pensar inicialmente no manejo integrado de pragas, utilizando as tecnologias químicas, biológicas e físicas para o controle desta praga no momento correto, quando o pulgão irá começar a causar danos econômicos à lavoura.
Alguns híbridos apresentam maior tolerância, e como dito anteriormente, por relações hídricas, há anos em que o pulgão apresenta maior incidência e prejuízo às lavouras.
Grande variedade de inimigos naturais realizam o equilíbrio ecológico no controle do pulgão. Predadores como joaninhas, larvas de sirfídeos, tesourinha e crisopídeos, além de parasitoides como o Aphidius sp., e por fim doenças fúngicas, podem realizar o controle biológico.
Todavia, um diagnóstico precoce deve ser realizado para observar a presença da praga na lavoura, para que, desta forma, seja realizado seu controle de forma eficaz, diminuindo a possibilidade do alavancamento de populações. Isto é dado desde a escolha de híbridos mais resistentes às pulverizações de agroquímicos.

Manejo

As pulverizações realizadas à base de neonicotinoides, amplamente comercializados no mercado sob diversas marcas e associações com piretroides, são uma ótima alternativa para o controle deste inseto, já que o neonicotinoide apresenta residual na planta, quando o pulgão realiza a picada, ele absorve o defensivo que o leva à morte. Por se tratar de um produto residual, este apresenta carência, que deve ser respeitada.
O agricultor precisa ter em sua consciência que a entrada com defensivos causa um desequilibro no sistema natural, e que por isso deve ser realizado o MIP à risca. Com o manejo integrado de pragas realizado corretamente o produtor terá o maior rendimento de sua produção, observando a produtividade atingida e os custos com defensivos aplicados em sua lavoura.
Sempre deve-se procurar um engenheiro agrônomo responsável pela diversidade biológica e a rentabilidade para esclarecer dúvidas e realizar as aplicações nos momentos corretos, com as moléculas corretas e buscando o menor impacto ao sistema.

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