Psilídeos do gênero Leuronota associados a solanáceas na América do Sul

Créditos Embrapa Florestas

Publicado em 11 de julho de 2015 às 07h00

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h44

Acompanhe tudo sobre Ácaro, Berinjela, Cenoura, Citros, Eucalipto, MIP, Pepino, Pêssego, Pimenta, Tomate, Traça e muito mais!

 

Dalva L. Queiroz

Pesquisadora da Embrapa Florestas

dalva@cnpf.embrapa.br

Daniel Burckhardt

Naturhistorisches Museum, Augustinergasse

daniel.burckhardt@unibas.ch

 

Créditos Embrapa Florestas
Créditos Embrapa Florestas

Psilídeos são pequenos insetos sugadores, com estreita ligação com suas plantas hospedeiras. Alguns deles são pragas em agricultura, florestas e plantas ornamentais. Eles danificam as plantas diretamente pela extração de grande quantidade de seiva, ou pela transmissão de doenças. Nas últimas décadas, por meio de técnicas moleculares, os agentes causais destas doenças transmitidas por psilídeos estão sendo caracterizadas e identificadas como bactérias. Atualmente, estes psilídeos são os vetores mais daninhos, por exemplo: em citros, pera, maça, pêssego, cenoura, tomate ou batata.

Por longo tempo, o psilídeo do tomate e batata (PTB, Bactericera cockerelli) era conhecido no México e sul dos EUA como praga ocasional. Em 2006, este psilídeo foi detectado na Nova Zelândia, causando grandes danos em tomate e batata. Desde esta época, um grande esforço de quarentena está sendo mantido na Austrália e comunidade europeia para prevenir que esta praga entre nestes continentes.

Ao mesmo tempo, na América têm se intensificado os trabalhos com psilídeos associados à família botânica das solanáceas, onde estão o tomate, a batata, a berinjela, o pepino, a pimenta, o tabaco, entre outros.

Nas florestas

Na Embrapa Florestas temos realizado pesquisas, nas últimas duas décadas, investigando psilídeos em florestas, especialmente os que são pragas em eucalipto e outras essências florestais.  No Museu de História Natural, em Basel, Suíça (NMB), os estudos em sistemática deste grupo têm proporcionado a base taxonômica para solucionar as interações destes insetos com suas plantas hospedeiras.

Em 2011 foi formalizada uma parceria entre estas duas instituições para trabalhar mais intensivamente os psilídeos nativos do Brasil, incluindo os associados às solanáceas.

A primeira expedição de coleta foi realizada em 2011 e, desde então, vários Estados brasileiros foram visitados, com quase 1.000 amostras coletadas. Estas amostras estão sendo triadas, identificadas e estudadas na Suíça, onde está uma das maiores coleções de psilídeos do mundo.

Neste material coletado, foram observados psilídeos induzindo galhas em solanáceas, as quais parecem ser similares àquelas encontradas na Serra dos Órgãos (RJ) e descritas há mais de 100 anos pelo cientista alemão Rübsaamen.

A descrição feita por Rübsaamen não é diagnóstica. Então, para solucionar este problema foi necessária uma investigação mais detalhada na coleção de Rübsaamen, que se encontra depositada no Museu de Zoologia da Universidade de Humboldt em Berlim, Alemanha.

Dra. U. Göllner e Dalva Queiroz, examinando a coleção de Rübsaamen - Créditos Embrapa Florestas
Dra. U. Göllner e Dalva Queiroz, examinando a coleção de Rübsaamen – Créditos Embrapa Florestas

A coleção de galhas de Rübsaamen

Ewald Heinrich Rübsaamen (1857″1919) foi diretor do centro governamental da Prússia para controle da praga Phylloxera em videira. Na mesma época, foi líder em cecidologia (ramo da Biologia que trata das galhas produzidas em plantas por insetos, ácaros e fungos).

Seu trabalho incluiu a descrição de um grande número de galhas vindas de todas as regiões do mundo. A maior ênfase de seu trabalho foi em Cecidomyidae (Diptera), mas ele estudou também outros grupos.

Em quatro publicações sobre galhas do Brasil e Peru, Rübsaamen (1899, 1905, 1907, 1908) listou uma série de galhas causadas por psilídeos e descreveu Bactericera solani de Solanum sp. O herbário de galhas e a coleção de Cecidomyidae organizados por Rübsaamen estão preservadas no “Zoologisches Museum der Humboldt-Universität“, Berlim, Alemanha (Museu de Zoologia da Universidade de Humboldt).

Entretanto, os outros grupos de insetos estudados por Rübsaamen aparentemente se perderam. O herbário está organizado de acordo com os maiores grupos de indutores de galhas, incluindo uma seção de psilídeos (Insecta, Hemiptera, Psylloidea).

Por meio da gentileza da Dra. U. Göllner e Dr. J. Deckert (ZMHU), foi possível examinar a coleção de Rübsaamen, especialmente a de galhas causadas por psilídeos. O herbário de galhas causadas por psilídeos está guardado em duas pastas e, dentro delas, organizado em ordem alfabética, de acordo com a classificação do hospedeiro.

Ainda no museu de Berlim está uma pequena coleção de psilídeos montados em alfinetes entomológicos e em lâminas, bem como os diários centenários das expedições de campo de Rübsaamen.

Psilídeo Bactericera solani

O psilídeo Bactericera solani foi descrito por Rübsaamen (1908) a partir de galhas do tipo “enrolamento“ de folhas de uma planta não identificada, do gênero Solanum, coletado na Serra dos Orgãos (RJ). Adicionalmente à descrição das galhas, ele mencionou ninfas de diferentes instares e um único adulto, que tinha acabado de emergir, com apenas uma das asas anteriores completamente desenvolvida.

Baseado na veias da asa anterior, Rübsaamen assinalou que a espécie pertencia à família Triozidae, sugerindo que esta poderia representar um novo gênero. Na ninfa, ele observou que a base do flagelo da antena era estreita, então concluiu que a espécie era relacionada à Bactericera e, com esta evidência, ele descreveu a espécie provisoriamente neste gênero.

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