O volume de produção agroindustrial registrou retração de 2,1% em agosto de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o levantamento do Índice de Produção Agroindustrial (PIMAgro), divulgado pelo FGVAgro. No acumulado do ano, a queda chega a 0,5%, refletindo um cenário de desaceleração na economia brasileira e impactos do chamado tarifaço sobre o comércio internacional.
Setores em queda: bebidas e biocombustíveis
Os principais segmentos que puxaram a redução da produção agroindustrial foram Bebidas (-4,9%) e Produtos Não-Alimentícios (-4,2%), ambos acumulando sucessivas quedas ao longo de 2025.
O setor de bebidas alcoólicas sofreu uma das maiores retrações, de 11,8%, atingindo o menor nível desde 2014. Apesar disso, o relatório destaca que os casos de contaminação por metanol registrados em setembro não afetaram diretamente os resultados de agosto.
Já no segmento de produtos não alimentícios, o destaque negativo ficou por conta da produção de biocombustíveis, que caiu 24,1%, o pior desempenho para o mês desde o início da série histórica em 2003.
Desafios para a agroindústria brasileira
De acordo com os pesquisadores do FGVAgro, o ano tem sido marcado por um conjunto de desafios para o setor agroindustrial, entre eles:
- Desaceleração da economia brasileira, associada à política monetária restritiva;
- Valorização do real, que reduz a competitividade e as receitas das exportações;
- Impactos do tarifaço, tanto diretos quanto indiretos, sobre o comércio exterior e as expectativas empresariais.
Os especialistas destacam que parte da perda não se limita à redução dos embarques para os Estados Unidos (efeitos diretos), mas também à deterioração da confiança do empresário agroindustrial (efeitos indiretos), inclusive em segmentos considerados isentos das tarifas impostas em julho pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Perspectiva do setor
Mesmo diante da retração, o FGVAgro reforça que a produção agroindustrial deve se manter resiliente, apoiada pela diversidade da matriz produtiva e pelo avanço tecnológico do setor. Contudo, os analistas alertam que a recuperação depende de um ambiente econômico mais favorável, tanto interno quanto externo.
“A agroindústria brasileira tem demonstrado capacidade de adaptação, mas o cenário macroeconômico ainda é de cautela, com custos elevados e demanda internacional enfraquecida”, destaca o relatório.
