A inovação no campo nem sempre depende de tecnologia ou altos investimentos, mas de soluções práticas e criativas. Essa realidade ganha rosto e trajetória nas histórias das vencedoras da 8ª edição do Prêmio Mulheres do Agro, uma iniciativa da Bayer em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). De diferentes regiões e perfis de negócio, as 10 premiadas representam a força de uma gestão que alia criatividade, eficiência e propósito. O anúncio das premiadas foi realizado durante o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio.
Segundo Daniela Barros, diretora de Comunicação da Divisão Agrícola da Bayer no Brasil, a premiação reflete informação levantada pelo Instituto Quiddity, na pesquisa “Produtoras Rurais e inovação no Campo”, de que mais de 80% dos entrevistados reconhecem que as mulheres se destacam por serem criativas, questionadoras e propositivas. “É essa força que o Prêmio Mulheres do Agro reconhece e amplifica, pois acreditamos que a atuação feminina vem contribuindo para que o agronegócio continue seu caminho de inovação e sustentabilidade.
Para Gislaine Balbinot, Diretora Executiva da Abag, “temos o orgulho de fazer parte de uma iniciativa que não apenas destaca, mas amplifica a voz e o impacto dessas produtoras rurais e pesquisadoras. Elas são a prova viva de que a evolução do agro se perpetua também pelo talento e dedicação delas, transformando o setor de dentro para fora.”
Vencedoras e suas histórias de sucesso na gestão
Lucivanda Fernandes, gestora da Fazenda Santo Expedito, localizada em Ubajara (CE), é um exemplo dessa transformação. Primeira colocada na categoria Pequena Propriedade, com uma produção anual de mais de 12 milhões de hastes de rosas de corte, cultivadas com reuso de água da chuva e controle biológico de pragas, ela transformou o negócio familiar em um ecossistema inovador. Além da produção agrícola, a agricultora diversificou as atividades para incluir turismo de experiência e a criação da linha “Aromas da Fazenda”, que reaproveita resíduos florais para produzir sabonetes e difusores, agregando valor e promovendo a sustentabilidade.
Além de sua gestão inovadora, Lucivanda estende seu impacto para fora da porteira, promovendo ações socioambientais. A fazenda oferece treinamentos para membros da comunidade e realiza eventos como o “Outubro Rosa” para conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama para o público externo; e o “Dia do Meio Ambiente”, que envolve crianças e filhos de colaboradores em educação ambiental. Essas iniciativas fortalecem o vínculo com o entorno e demonstram um compromisso genuíno com o desenvolvimento social e a sustentabilidade.
Já Naiara Kasmin, terceira geração à frente da gestão da Fazenda Campestre, localizada em Varginha (MG), mostra que é possível inovar sem perder a essência. Sua visão empreendedora fez triplicar a produção diária de leite, após uma análise rigorosa de custos e identificação de gargalos, como desatualização na estrutura e no manejo, incluindo práticas sustentáveis como agricultura regenerativa, compostagem, integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), energia solar e uso de bioinsumos. Na cafeicultura, sua gestão tornou a fazenda referência em consultoria técnica e educacional do sudeste mineiro, com foco em cafés especiais e adoção de tecnologias de rastreabilidade e precisão.
A produtora também demonstra um forte compromisso com a comunidade local, Ela foi a primeira colocada na categoria Média Propriedade. A fazenda participa ativamente de iniciativas no entorno, cedendo espaço para a construção de uma igreja e auxiliando em eventos e reformas. Também abre as portas da propriedade para alunos de escolas e faculdades, compartilhando conhecimento e experiências. Essa atuação se estende a parcerias com órgãos como a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), visando a preservação das nascentes que abastecem a região, reforçando seu papel como agente de transformação social e ambiental.
Em primeiro lugar na categoria Grande Propriedades Flávia Strenger foi selecionada por sua gestão na Fazenda Jaracatiá, em Querência do Norte (PR). Strenger se dedica à produção orgânica certificada de óleos essenciais, plantas aromáticas e bioinsumos derivados de resíduos, operando em um modelo verticalizado que abrange cultivo, processamento e venda direta para grandes indústrias. Além disso, a produtora implantou uma indústria de destilação na própria fazenda, desenvolveu maquinários próprios para culturas não convencionais, como plantas aromáticas e óleos essenciais, e adota práticas robustas de sustentabilidade, gestão e governança, como uso de energia limpa, preservação ambiental, desperdício zero e inclusão social.
A vencedora do Paraná também se destaca pelo investimento no capital humano e no desenvolvimento social. Por meio do Instituto Fazenda Jaracatiá, ela promove inclusão e transforma vidas ao oferecer oportunidades de emprego e capacitação. A iniciativa desenvolve talentos locais, treinando funcionários ou terceiros para crescerem e ocuparem cargos mais altos ou técnicos. Seu compromisso se estende à comunidade vizinha, atendendo a necessidades locais, além de construir um centro de convivência para idosos e crianças.
Academia, ciência e o futuro do agro
A vencedora da categoria “Ciência e Pesquisa”, Dalilla Carvalho é agrônoma e professora do Instituto Federal do Sul de Minas. Com doutorado em Fitopatologia pela ESALQ/USP e passagem pela Technische Universität München, na Alemanha, Dalilla se destaca por pesquisas voltadas ao manejo sustentável de doenças em plantas, com foco no uso de produtos naturais e biológicos. Sua atuação vai além do campo científico: coordena projetos que promovem inovação tecnológica, sustentabilidade ambiental e segurança alimentar, especialmente na cafeicultura e fruticultura do sul de Minas Gerais, aproximando a pesquisa das demandas reais da agricultura e da formação de novos profissionais.
Ela também estende seu impacto diretamente aos produtores, sendo responsável por projetos de extensão como o “Paisagens Sustentáveis”, que capacita mais de 1.500 cafeicultores da região em boas práticas agrícolas. Sua capacidade inovadora é ainda evidenciada por ser inventora de uma patente na área de engenharia agrícola, um fermentador com potencial para uso em processos agroindustriais sustentáveis, demonstrando como a pesquisa pode gerar soluções concretas e de alto impacto para o setor.
Veja todas as ganhadoras do Prêmio Mulheres do Agro 2025:
Categoria – Pequena Propriedade:
1º lugar – Lucivanda Fernandes Siqueira, produtora de rosas em Ubajara, Ceará
2º lugar – Fabiane Kiyoko Shimokomaki, produtora de café em Monte Carmelo, Minas Gerais
3º lugar – Francisca Luciana Araújo Lisboa de Athayde, produtora de cacau, café e frutas em Igarapé-Açu, Pará
Categoria – Média Propriedade:
1º lugar – Naiara Kasmin de Oliveira, produtora de café e pecuarista em Varginha, Minas Gerais
2º lugar – Maria Helena da Silva Monteiro, produtora de café em Dourado, São Paulo
3º lugar – Rhaissa Martins Gustin, de gado e leite em Monte Alegre de Minas, Minas Gerais
Categoria – Grande Propriedade:
1º lugar – Flávia Strenger Garcia Cid, produtora de plantas aromáticas e óleos essenciais em Querência do Norte, Paraná
2º lugar – Cláudia Carvalho Calmon de Sá, produtora de cacau em Salvador, Bahia
3º lugar – Juliana Basso, pecuarista de gado e leite, e produtora de café, milho, semente e soja Presidente Olegário, Minas Gerais
Categoria – Ciência e Pesquisa:
1º lugar – Dalilla Carvalho – Machado, Minas Gerais
Para saber mais sobre todas as vencedoras acesse o site oficial do Prêmio Mulheres do Agro.