Pragas e doenças do café

O MIP utiliza medidas estratégicas para que, devido ao número de insetos capturados, o produtor saiba a necessidade e o momento de aplicação, permitindo ganho de tempo e evitando danos maiores
A dessecação facilita a colheita de grãos, pois promove a rápida e completa secagem de todas as partes verdes da planta - Crédito Luiz Henrique Magnan

Publicado em 13 de maio de 2021 às 09h03

Última atualização em 13 de maio de 2021 às 09h03

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Vanessa Santos Soares Engenheira agrônoma – Unipac vanessa02soares@gmail.com 
José Celson Braga Fernandes Doutorando em Biocombustíveis – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)celsonbraga@yahoo.com.br
Maria Idaline Pessoa Cavalcanti Doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Crédito Rafael Rocha

O bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) é a principal praga de importância agronômica no cafeeiro, podendo condenar toda produção quando seu controle não é realizado. Essa praga tem como local de ataque as folhas, o que ocasiona lesões e, consequentemente, provoca a diminuição da área fotossintética, levando à queda da produção.

Além dessa redução, essa praga pode ocasionar a diminuição da longevidade do cafezal. Quando atingido por níveis altos de infestação o cafezal necessitará de cerca de dois anos para sua recuperação, fato que contribuir prejudicialmente para produção. Segundo pesquisas da Embrapa, essa praga pode ocasionar 67% de quedas das folhas e em relação à produção pode ocasionar uma redução de 50%.

Danos

As lagartas penetram no mesófilo foliar, causando destruição do parênquima. As regiões destruídas vão secando e a área atacada vai aumentando com o desenvolvimento da lagarta. É comum encontrar-se mais de uma lagarta em uma folha.

A ação das lagartas provoca a formação das minas nas folhas, provocando a queda e a destruição das mesmas. Isso reduz a capacidade fotossintética da planta, acarretando em diminuição da produção.

Os sintomas são mais visíveis na parte alta da planta, onde se observa um grande desfolhamento quando o ataque é intenso. Cafeeiros conduzidos em espaçamentos mais largos têm tendência a uma maior infestação da praga. Tem-se observado maiores prejuízos quando o ataque se dá em períodos de maior intensidade pluvial.

Controle

Utilizar inseticidas específicos, de modo que não prejudiquem os inimigos naturais, visto que o bicho mineiro é parasitado por um grande número de insetos. Outra medida adequada é a eliminação de ervas daninhas dos cafezais, o que diminui a ação da praga, sendo recomendada a capina racional dos mesmos. Evitar o uso de cobertura morta e culturas intercalares.

Conheça a praga

O bicho mineiro é uma mariposa pequena, com ciclo de vida completo (metamorfose completa). Cada mariposa, em média, põe cerca de 36 ovos em um período de 25 dias, o que demonstra uma rápida infestação, o que justifica a tomada de planejamento agrícola preciso e consistente. 

Após a deposição dos ovos, na sua próxima etapa as lagartas penetram no mesófilo foliar, causando destruição do parênquima, formando minas, daí surgindo seu nome bicho-mineiro. As regiões destruídas vão secando e a área atacada vai aumentando com o desenvolvimento da lagarta. Esses ataques provocam a redução da área foliar, que é responsável por realizar fotossíntese.

Os principais fatores que levam ao aparecimento dessa praga são:

• Condições climáticas favoráveis: altas temperaturas e menor disponibilidade hídrica têm favorecido o seu desenvolvimento.

• Ausência de inimigos naturais, como parasitas, predadores e patógenos;

• Espaçamento do plantio do cafezal: em pesquisas, tem-se observado que maiores espaçamentos provocam maior infestação.

• O surgimento da praga com maior incidência tem sido observado em cafezal jovem, principalmente em regiões com altas temperaturas e menor disponibilidade hídrica.

• Estágio nutricional do cafezal: determinados nutrientes em quantidades inferiores têm baixado a concentração de lignina, e assim favorece o ataque da praga.

Controle

Para controle do bicho-mineiro do café, são usadas algumas técnicas no campo para dar suporte ao produtor. Uma delas é o controle químico, usando princípios ativos sistêmicos granulados no solo e pulverizadores de total cobertura nas folhas.

Dentre os químicos mais usados no mercado estão os princípios ativos da thiametoxan, clorantraniliprole e o cloridrato de cartape. Quanto ao uso direto dos químicos, deve-se atentar a evitar o uso intenso e seguido do mesmo inseticida para que não ocorra incidência de populações resistentes. Também deve-se sempre fazer o uso dos princípios ativos com registros, ou seja, idôneos.

Outra forma de controle é o preventivo, que pode ser feito com inimigos naturais, adicionando na lavoura abundante quantidade de predadores, além de parasitoides como formigas e vespas.

MIP

Também podemos considerar uma forma de controle que tem gerado vários benefícios – o Manejo Integrado de Pragas (MIP), podendo ser englobado no controle preventivo. O MIP utiliza medidas estratégicas para que, devido ao número de insetos capturados, o produtor saiba a necessidade e o momento de aplicação, permitindo ganho de tempo e evitando danos maiores.

No caso do bicho-mineiro do café, seu controle deve ter acompanhamento por todo o ano, pois é uma praga exclusiva deste cultivo.

Um dos fatores que contribui para seu surgimento é o clima. Logo, são eventos que em campo são de difícil controle. Assim, se faz necessário o monitoramento de todos os eventos que contribuem para seu surgimento, o que deve ser realizado sistematicamente, de modo que a quantificação dos níveis de infestação servirá para a tomada de decisão do momento correto de se iniciar o controle.

Monitoramento

O monitoramento das folhas atacadas envolve analisar o terço médio das plantas, pois é neste local que os níveis de infestação são mais severos.

Como o aparecimento dessa praga tem uma forte ligação com fatores climáticos, a época de amostragem também é de grande importância, pois há períodos estratégicos de coleta em campo, isto devido aos picos de infestação do patógeno na cultura.

 Após a coleta das folhas deve-se realizar o seguinte cálculo para determinar o grau de infestação, e assim as escolhas das medidas a serem tomadas. Logo, quando os níveis de infestação chegam a 30% no terço médio das plantas ou 20% no terço superior, o produtor deve começar o controle, pois já está no nível de dano econômico à cultura.

Viabilidade

O controle do bicho-mineiro, quando realizado de forma correta, tem contribuído para o alcance da produção desejada. Mesmo entrando com adição de produtos considerados de alto custo, o cafezal, quando bem manejado, tende a produzir quantidade satisfatória.

Vale salientar que o café é uma das bebidas mais consumidas no mundo, assim, seu consumo sempre estará em alta, levando a uma demanda crescente, o que corrobora com a necessidade da introdução de novos insumos.

Evite erros

Os erros mais frequentes acontecem com o monitoramento inadequado e/ou tardio, inexperiência da equipe gerencial e introdução de produtos inadequados para seu controle. Logo, é importante que os envolvidos na produção tenham experiência em atividades cafeeiras, bem como seus fornecedores sejam profissionais responsáveis e idôneos.

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