Pontos importantes para um bom manejo de doenças no sorgo

O uso de cultivares resistentes é a principal estratégia de manejo de doenças e deve ser priorizado. Porém, o uso de fungicidas tem sido necessário.
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Dagma Dionísia da Silva Araújo
dagma.silva@embrapa.br
Luciano Viana Cota
luciano.cota@embrapa.br
Rodrigo Véras da Costa
rodrigo.veras@embrapa.br
Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo

O sorgo, independentemente de sua finalidade, granífero, sacarino, biomassa ou forrageiro, apresenta suscetibilidade a espécies de patógenos, com destaque para os fungos, causadores de diferentes doenças na cultura.

Os patógenos podem infectar desde a germinação até a fase de pós-colheita. As doenças foliares possuem o maior número de patógenos; porém, outras que incidem nas panículas e nos colmos também necessitam de manejo para evitar o tombamento de plantas e as perdas na produtividade.

As principais doenças da cultura, a sobrevivência, fase crítica de ocorrência, potencial de perdas e fatores climáticos que favorecem as doenças estão descritas na tabela 1.

Alerta

A antracnose é a principal doença do sorgo no Brasil e está distribuída em todas as regiões produtoras do país. Pode afetar a produção de massa total e favorecer a seca prematura das plantas. Colletotrichum sublineolum é capaz de infectar todas as partes da planta, como folhas, colmos, panículas e raízes. A antracnose foliar tem como sintomas lesões elípticas a circulares, com bordas variando entre avermelhadas, alaranjadas, púrpuro-escuras a castanhas, dependendo da cultivar.

O centro das lesões é de coloração palha, onde se observa abundante produção de acérvulos e frutificações do patógeno, nas quais os conídios são produzidos. Nas nervuras, também é comum a ocorrência de lesões avermelhadas ou amarronzadas, com presença de acérvulos (Figura 1). A infecção dos colmos ocorre próximo à maturação fisiológica dos grãos e os sintomas são coloração interna avermelhada ou amarelada, com presença de pontuações brancas, onde ocorreu a penetração do fungo.

A parte externa do colmo pode apresentar coloração escurecida e uma massa de coloração rosada, onde está presente uma massa de conídios. Nas panículas, os sintomas típicos são estruturas escuras do fungo, que se projetam dos acérvulos (estrutura reprodutiva) e têm característica de escurecimento na superfície dos grãos (Figura 2).

Helmintosporiose ou mancha de turcicum

A helmintosporiose ou mancha de turcicum pode resultar em perdas que variam entre 21 e 91%, como consequência de redução da área foliar e seca precoce das plantas na fase vegetativa das plantas. Os sintomas da doença surgem nas folhas mais velhas, na fase vegetativa, sendo caracterizadas por lesões necróticas alongadas com o formato elíptico, que acompanham o sentido das nervuras.

Com desenvolvimento das lesões, as folhas secam e se tornam quebradiças. As bordas apresentam coloração púrpuro-avermelhadas, acinzentadas ou amareladas, que variam em função da cultivar (Figura 3). As lesões tendem a cessar o desenvolvimento após o florescimento, sendo, portanto, importante se atentar ao controle na fase vegetativa do sorgo. A ocorrência da helmintosporiose pode predispor as plantas a fungos causadores de podridão de colmo, como Macrophomina, C. sublineolum e Fusarium.

Ferrugem – Puccinia purpurea (Cooke)

A ferrugem do sorgo é amplamente distribuída em todas as regiões produtoras de sorgo e pode reduzir a qualidade de forragem e a produção de grãos em até 65%. A ocorrência de ferrugem também predispõe as plantas a infecções por patógenos que atacam colmos e grãos. A doença é causada por um fungo que é parasita obrigatório, ou seja, necessita de planta viva para completar seu ciclo de vida, sendo sua ocorrência relacionada à existência de folhas verdes.

Os sintomas são caracterizados por pústulas de cor castanho-avermelhadas distribuídas paralelamente entre as nervuras, onde são produzidos os esporos do fungo, facilmente disseminados por vento e respingos de água e insetos.

As pústulas podem ser visualizadas na parte superior e inferior das folhas de sorgo (Figura 4 A e B).

Míldio – Peronosclerospora sorghi

Também disseminado por todas as regiões com sorgo no Brasil, Peronosclerospora sorghi é um fungo parasita obrigatório, portanto, hospedeiros secundários são importantes para sua sobrevivência. A doença apresenta dois tipos de sintomas, o sistêmico e o localizado, sendo que a fase sistêmica tem como consequência a esterilidade de plantas. Os sintomas sistêmicos da doença se caracterizam por ocorrência de faixas de tecido verde alternados com áreas de tecidos cloróticos, distribuídos paralelamente às nervuras foliares (Figuras 5A). As faixas cloróticas necrosam e se rasgam pela ação do vento, liberando uma estrutura de resistência no solo, os oósporos. Nos sintomas localizados, são observadas lesões de formato retangular delimitadas pelas nervuras foliares (Figura 5B). Na parte de baixo das folhas, ocorre o crescimento de massa pulverulenta branca, que são os conidióforos e conídios de P. sorghi.

Mela, doença açucarada ou ergot

A mela é um grande problema para a indústria de sementes e para a produção de grãos, devido ao fato de que o fungo infecta o ovário de flores ainda não fertilizadas, ocupando o lugar do pólen e resultando na ausência de produção de grãos. Após a infecção por Sphacelia sorghi, gotas açucaradas com conídios do fungo são exsudadas nas panículas (Figura 6). Essas gotas são uma forma de disseminação da doença, através de seus respingos, e por insetos atraídos pelo açúcar. Fungos oportunistas e saprófitas, como Cerebella volkensii, Fusarium, etc., crescem sobre as gotas, que se tornam uma massa negra e amorfa. Em condições de alta temperatura e baixa umidade, há um ressecamento da exsudação, que se transforma em uma crosta esbranquiçada e dura, que facilmente se destaca da panícula.

O controle da mela deve ser preventivo, já que após o surgimento das gotas açucaradas, aplicações de fungicidas não serão mais capazes de garantir a produção de grãos, uma vez que a infecção e a colonização já foram estabelecidas pelo fungo. Após a exsudação das gotas, haverá dificuldade na colheita devido ao fato de os grãos que puderam ser produzidos se aderirem às gotas e também problemas de armazenamento devido à colonização das gotas açucaradas por fungos oportunistas. Neste caso, a recomendação são aplicações iniciadas logo após a emissão da folha bandeira, ou próximo da emissão das panículas, aplicando-se fungicidas a cada 5 – 7 dias, até a completa polinização. Este intervalo é importante, considerando que a abertura das flores de sorgo ocorre de forma gradativa, sendo necessário evitar a entrada do fungo.

Outras doenças

Algumas doenças, embora apareçam com frequência no campo, são, até o momento, consideradas secundárias, por causa da baixa severidade em que têm ocorrido. Entre elas, o mosaico da cana-de-açúcar (Sugarcane mosaic vírus), a mancha alvo ou mancha de bipolaris (Bipolaris sorghicola), a mancha de ramulispora (Ramulispora sorghi), a cercosporiose (Cercospora fusimaculans), a mancha-alvo e mancha-zonada (Gloeocercospora sorghi) se destacam.

Dentre essas doenças, a mancha de bipolaris é a mais comum e tem aumentado em lavouras de sorgo, sendo frequente que apresente severidade alta em rebrotas do sorgo (Figura 7).

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