Paulo Henrique Santarosa
Engenheiro agrônomo – ESALQ/USP
santarosa.pauloh@gmail.com
Camila Queiroz da Silva Sanfim de Sant Anna
Engenheira Agrônoma – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)
agro.camilaqs@gmail.com
Não somente os frutos, mas partes da planta da mangueira podem ser assolados por diferentes patógenos que ocasionam as mais variadas doenças, incidindo na redução da produtividade no campo e também implicar em perdas de qualidade na pós-colheita.
Entre as doenças que ocasionam maior severidade na cultura da manga, o oídio, que tem como agente causal o fungo Oidium mangiferae, é um parasita obrigatório (depende de um hospedeiro vivo para sua sobrevivência, crescimento e reprodução) e, que por meio de hifas, penetra nas células da epiderme do hospedeiro e extrai nutrientes da planta.

Os sintomas, tipicamente, visíveis a olho nu nas folhas da cultura, inflorescências e frutos novos, caracterizam-se pela presença da estrutura do fungo sobre a superfície do vegetal, na forma de intenso crescimento pulverulento na cor branca que, em seguida, torna a área afetada com aspecto ferruginoso.
Danos
As infecções severas nas folhas podem causar desfolha na planta e nas inflorescências podem ocasionar a queda das flores. Já os pedúnculos afetados ficam mais frágeis, resultando em quedas e, assim, comprometendo diretamente a qualidade e a produção dos frutos.
Os frutos que persistem na planta acometidos pela doença podem apresentar lesões e rachaduras, servindo de porta de entrada para outros patógenos.
Disseminação
A principal via de disseminação da doença é pelo vento e também por insetos, como pulgões. Sua ocorrência é mais frequente em épocas pouco chuvosas, pois as estruturas do patógeno, externas à planta, são lavadas por chuvas volumosas. Plantas cultivadas em casa-de-vegetação sofrem com as frequentes ocorrências da doença.
Em mangueiras, a ocorrência do oídio é favorecida por temperaturas amenas, entre 24 a 26°C e umidade relativa, variando de 45 a 60%, condições que tornam esta doença mais danosa em algumas regiões produtoras, como no Semiárido Brasileiro.
No Submédio do Vale São Francisco, região Semiárida, o oídio pode ocorrer durante todo o ano e com maior intensidade entre maio e agosto, quando as temperaturas são mais amenas e com escassa ocorrência de chuvas. Nesses meses, também a velocidade do vento aumenta, favorecendo a dispersão de esporos.
Manejo
Para o manejo adequado do oídio, é necessário o monitoramento da doença durante os estádios de desenvolvimento da planta, das folhas novas (fase vegetativa), inflorescências (fase de floração) à produção dos frutos (fase inicial de frutificação).
Sendo um fungo que possui maior ocorrência em climas quente e seco, o ideal é que se inicie com o plantio e manejo da produção fora das condições climáticas propícias ao aparecimento e desenvolvimento do fungo.
Após a detecção dos primeiros sintomas da doença, ao optar pelo controle químico, recomenda-se realizar a aplicação do fungicida registrado para a cultura (é necessário consultar no Ministério da Agricultura a listagem disponível para a cultura) dias antes da abertura floral e, se necessário, estendida até o início da frutificação.
A alternância de princípios ativos é sugerida para evitar a seleção de estirpes resistentes do fungo a esses compostos e, quando as flores estiverem abertas, não é ideal que seja faça aplicações, visto que podem reduzir visitas de insetos polinizadores. Ademais, as aplicações devem ser nos horários mais frescos do dia, a fim de evitar fitotoxidez às plantas.
Opções
Os fungicidas à base de enxofre, como a aplicação de enxofre em polvilhamento antes da abertura das flores, após a queda das pétalas e pegamento dos frutinhos, tem sido uma alternativa mais econômica e sugerida aos produtores como um meio de controle eficaz e mais econômico.
O uso de variedades resistentes é outra forma de controle que pode ser bastante eficiente, tendo disponíveis algumas variedades que, de acordo para a região de interesse, pode ser consultada para cultivo.
Outro fator a se atentar é quanto à eliminação dos restos culturais contaminados (fazer compostagem, enterrar ou queimar), instalação de quebra-vento, com uso de cultivares que não sejam hospedeiras ao fungo, rotação ou consorciação de culturas para manter o inóculo em níveis baixos, além de manter as plantas equilibradas nutricionalmente e com irrigação apropriada.
Produtos com ação antifúngica por contato, a exemplo do enxofre elementar e permanganato de potássio; logo no início dos sintomas, pulverizados sobre a folha, formam um biofilme em sua superfície, promovendo uma fina película, que funciona como uma camada protetora, impedindo a germinação e penetração do fungo.
Extratos aquosos ou óleos essenciais à base de plantas, assim como produtos biológicos à base do fungo Trichoderma via pulverização foliar, também podem resultar em estratégias satisfatórias no controle deste e de vários outros patógenos de plantas.
Quanto custa?
Em termos de custos, o uso de alternativas naturais pode implicar na redução de, aproximadamente, 30% dos custos com fungicidas, além dos efeitos positivos relacionados aos aspectos ambientais.
No entanto, é importante ressaltar que o produtor deve se atentar a estratégias de manejo a fim de não propiciar a ocorrência da doença e buscar por alternativas integradas de controle para fins de maior eficiência, menor custo e não perda da produção.
