O uso de porta-enxertos de tomate

O uso de porta-enxertos comerciais de tomate tem se popularizado, porque além de proteger a planta contra doenças de solo, ele aumenta o vigor e produtividade da lavoura.
Tomate - Créditos: Shutterstock

Publicado em 6 de outubro de 2020 às 13h58

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h44

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Por: Marcelo Tavares

Tomate – Créditos: Shutterstock

O uso de porta-enxertos comerciais de tomate tem se popularizado, porque além de proteger a planta contra doenças de solo, ele aumenta o vigor e produtividade da lavoura. A enxertia – como é conhecida a técnica – é um método de propagação que consiste na fusão de tecidos de duas plantas diferentes, cuja finalidade é explorar as características desejáveis de cada uma. De uma forma geral, a parte inferior (porta-enxerto) contribui com as raízes e com a área inferior do caule, sendo responsável pelo suporte da planta, pela absorção de água e nutrientes e pela adaptação às condições de solo e substrato. Já a parte superior (o enxerto) auxiliará o caule, folhas, flores e frutos.

No Brasil, segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), os primeiros registros do uso da enxertia no cultivo de hortaliças datam da década de 50, na região norte do País. Imigrantes japoneses que viviam no Pará enxertavam tomateiro em “jurubeba juna” – planta nativa da região – como alternativa para controlar a murcha bacteriana. Causada pela bactéria Ralstonia solanacearum, é uma das mais importantes e destrutivas doenças do tomateiro, especialmente em condições tropicais e subtropicais, com sérias implicações epidemiológicas e consequências econômicas devastadoras em campos comerciais de cultivo de tomate, limitando severamente a capacidade produtiva e a sustentabilidade do negócio das espécies hospedeiras afetadas.

Essa patologia ataca um amplo número de espécies vegetais, assumindo especial importância por causar danos em cultivos de grande relevância econômica e social, como a batata, o pimentão, a banana, a berinjela e o fumo, além de algumas cucurbitáceas como o pepino e a abobrinha. Uma medida de alta eficácia é a utilização de porta-enxertos de tomate com elevada tolerância a determinados biovares da Ralstonia solanacearum, que é conhecido por ser um patógeno habitante do solo, persistindo por vários anos, e que apresenta grande diversidade genética, bioquímica e de virulência. A bactéria penetra a planta a partir do sistema radicular por meio de feridas ou aberturas naturais. Assim, ela coloniza o xilema, causando murcha como um reflexo da disfunção vascular, que só ocorre devido à multiplicação das bactérias, que acaba levando a planta à morte.

Um exemplo de porta-enxerto generativo que tem apresentado bons resultados como uma das medidas no manejo da doença é o Shincheonggang, produto exclusivo da Seminis (segmento de hortifrúti da Bayer). Introduzido no mercado recentemente, apresenta também resistência à raça 3 da murcha-de-Fusarium e a nematoides formadores de galhas.

A idade ideal para a enxertia é de 18 a 30 dias após a semeadura, dependendo da técnica adotada e condições climáticas. Outra excelente característica é que ele proporciona melhor manejo fitossanitário das doenças de solo, adotando uma maior segurança quando feito dentro de um programa de manejo integrado, possibilitando o cultivo de tomates dentro dos padrões comerciais, aumentando a lucratividade do produtor.

Entre os aspectos a serem considerados no manejo da murcha-bacteriana com o porta-enxerto Shincheonggang estão:

• Adquirir mudas enxertadas sadias com raízes bem formadas, bem cicatrizadas e enxertadas em viveiros com altos padrões de qualidade fitossanitária;

• Preferencialmente, buscar mudas com enxertia mais alta para facilitar os cuidados pós-transplante;

• Evitar transplantes profundos, tendo-se a precaução de evitar o contato da cicatriz da enxertia com o solo;

• Combater problemas de encharcamento do solo e de secas pronunciadas, que favoreçam a contração das argilas e rompimento das radicelas;

• Eliminar as raízes adventícias que surgirem acima da cicatriz da enxertia, evitando o contato com o solo.

A revista Plant Pathology & Quarantine publicou recentemente um artigo científico que divulga dados de um teste realizado em um plantio de tomate, utilizando o porta-enxerto da Seminis em uma área contaminada por Ralstonia solanacearum, feito com o objetivo de medir a produtividade e as incidências que essa doença causa.

O experimento foi realizado em blocos com 20 plantas altamente infestadas pela bactéria, durante a estação de 2018-2019, na EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), e os resultados foram visivelmente positivos, comprovando o quanto o uso do porta-enxerto pode ser uma excelente alternativa no combate à doença. O primeiro sintoma da murcha bacteriana do tomate apareceu 20 dias depois do transplante e todas as plantas que tinham o porta-enxerto obtiveram melhor desempenho quando comparadas às plantas que não tinham. As plantas enxertadas, também foram capazes de produzir frutos de tomate dentro dos padrões de comércio.

Para entender melhor a real dimensão da eficácia do porta-enxerto Shincheonggang nos testes, é preciso analisar os números obtidos. Dessa maneira, temos que compreender a classificação adotada para os tamanhos em gramas do tomate Compack, sendo “A extra” para frutos que apresentaram peso entre 100 e 150 gramas e “AA extra” para frutos com peso superior a 150 gramas.

As plantas com o porta-enxerto Shincheonggang, foram capazes de produzir 29.522 frutos classificados como “A extra” e 68.524 frutos “AA extra” por hectare. Isso tudo nos mostra que o porta-enxerto é um dos principais componentes do sistema de produção que podem afetar direta e indiretamente a produtividade e qualidade dos tomateiros.

*Marcelo Tavares é gerente de marketing da marca Seminis, braço de hortifrúti da Bayer no Brasil

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