Nutrientes essenciais para o desenvolvimento e formação de couve-flor

A couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis) é uma hortaliça do tipo inflorescência, pertencente à família Brassicaceae, mesma à qual pertencem o repolho, o brócolis e a couve comum, sendo considerada uma espécie de clima temperado (Santos et al., 2011).
Couve-flor - Foto: Shutterstock

Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 07h56

Última atualização em 20 de janeiro de 2021 às 07h56

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Givago Coutinho Doutor em Fruticultura e professor efetivo do Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado)givago_agro@hotmail.com

Couve-flor – Foto: Shutterstock

A couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis) é uma hortaliça do tipo inflorescência, pertencente à família Brassicaceae, mesma à qual pertencem o repolho, o brócolis e a couve comum, sendo considerada uma espécie de clima temperado (Santos et al., 2011).

Espécie cosmopolita e com relevante importância socioeconômica, seu consumo é também considerado importante para a saúde e alimentação humana (Melo et al., 2016). Em se tratando de uma hortaliça delicada e tenra, constitui-se uma iguaria muito saborosa quando bem preparada, sendo, além disso, livre de gorduras e colesterol e apresentando baixos teores de sódio e calorias (Lana e Tavares, 2010).

De forma geral, as brássicas (como são denominadas as espécies pertencentes à família Brassicaceae) possuem a capacidade em extração nutricional elevada, além apresentar alta taxa de conversão em períodos relativamente curtos.

Assim, é fundamental o conhecimento acerca da exigência nutricional da espécie, a fim de se fornecer quantidades adequadas e equilibradas de nutrientes (Melo et al., 2010). Dessa forma, é essencial o manejo nutricional correto visando à produção desejada da cultura.

Nutrientes essenciais

No cultivo da couve-flor são requeridas grandes quantidades de potássio e nitrogênio, sendo estes requeridos em maior quantidade, quando comparados aos demais nutrientes. Além disso, é uma cultura exigente em cálcio e enxofre (Filgueira, 2008). 

No caso do nitrogênio, este contribui para um rápido e vigoroso desenvolvimento, característica que está diretamente relacionada ao bom crescimento da inflorescência. Já o fósforo e o magnésio são nutrientes essenciais, pois favorecem a formação da inflorescência (May et al., 2007).

É importante considerar também que muitos nutrientes já se encontram presentes na formulação de diversos fertilizantes, a exemplo do nitrogênio, cálcio e enxofre. Dessa forma, as informações quanto ao teor presente nos fertilizantes destes nutrientes devem ser consideradas nas definições de quantidade da adubação, caso não haja consideração deste fator, como em deficiência ou excesso nutricional que poderão ocorrer, prejudicando o desenvolvimento e a produtividade das plantas (Bolfarini et al., 2017).

Manejo correto da nutrição

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A couve-flor apresenta raízes que atingem em torno de 20 a 30 cm de profundidade no solo, tendo preferência por solos mais pesados, além de pouco tolerantes à acidez (Santos et al., 2011). Neste caso, o pH ideal está em torno de 6,0 a 6,8 (Filgueira, 2008).

Segundo Bolfarini et al. (2017), a maior demanda nutricional pela couve-flor ocorre na fase intermediária da cultura, que compreende dos 43 aos 56 dias após o transplante. Assim, essa fase deve receber maior atenção dos produtores em relação à adubação.

Produtividade

Segundo Boaretto e Natale (2016), a produtividade de uma cultura agrícola é inerente à tecnologia empregada em seu manejo. Assim, o emprego adequado da tecnologia disponível visando aumentar o rendimento da cultura deve ser feito de acordo com a disponibilidade de recursos do produtor.

Segundo Filgueira (2008), o nitrogênio e o fósforo têm apresentado maiores respostas em produtividade pela couve-flor em condições experimentais. May et al. (2007) apontam a sequência de absorção de macronutrientes pela cultura em ordem decrescente:

Potássio (K) > Nitrogênio (N) > Cálcio (Ca) > Enxofre (S) > Magnésio (Mg) > Fósforo (P).

Com relação aos micronutrientes, os mesmos autores apontam que a exigência da couve-flor é maior em molibdênio, boro, cobre, ferro, manganês e zinco.

Benefícios

A calagem traz benefícios à maioria dos solos brasileiros, elevando-se a saturação por bases para 70-80%, aumentando também a disponibilidade de molibdênio (Mo) no solo. Contudo, ocasiona a diminuição da disponibilidade de boro (B), sendo ambos muito importantes para o bom desenvolvimento da cultura (Filgueira, 2008).

Já menores valores de pH acarretam aumentos nas carências de micronutrientes, como o molibdênio, o qual vale ressaltar que em casos de deficiência pode ocasionar a redução do limbo das folhas, provocando o surgimento de distúrbio ou anomalia fisiológica conhecida como “folha chicote”, distúrbio este que é passível de correção durante o desenvolvimento da planta até a colheita.

Por outro lado, maiores valores de pH podem acentuar a deficiência de boro relacionada a um outro distúrbio fisiológica da cultura caracterizado pelo surgimento de um orifício no caule, sendo conhecido como “talo-oco” ou “caule-oco” (Melo et al., 2016).

Assim, o manejo correto da calagem, em quantidade e forma de aplicação, é essencial a fim de se evitar que ocorram deficiências desses nutrientes no solo e contribuindo assim para o desenvolvimento adequado da couve-flor. Segundo Melo et al. (2016), as práticas da calagem e adubação são de grande importância em cultivos que visam aumentar a produtividade, pois auxiliam no aumento do diâmetro e na massa das inflorescências em couve-flor. Além disso, May et al. (2007) ressaltam que a calagem constitui a forma menos onerosa de proporcionar o fornecimento de cálcio e magnésio para a cultura.

No que concerne ao manejo inadequado do solo, é importante lembrar que tanto no sistema orgânico como no convencional, o manejo incorreto pode vir a trazer sérios problemas, sendo os mais frequentes relacionados à fertilidade do solo. Caso esta não seja efetuada por meio de análises periódicas, aumenta-se o risco de determinados erros na fertilização do solo, podendo ser para menos ou para mais (Alcântara e Madeira, 2007).

Segundo Alcântara e Madeira (2007), ao ocorrer o erro para menos, o resultado acaba sendo a deficiência ou falta de um ou mais nutrientes para a planta, podendo um único nutriente comprometer todo o desenvolvimento da cultura, assim como sua produção.

Ainda segundo os mesmos autores, quando o erro incorrido é para mais, resulta em toxidez, aumentando os gastos com fertilizantes, sendo que o uso destes em doses maiores que as requeridas pela cultura pode levar ao excesso de um ou mais nutrientes. 

No caso de deficiência, esta possui uma solução mais simples, pois é possível aplicar o nutriente por meio de algum fertilizante, dependendo de qual seja o nutriente e o estágio da cultura. Já no caso do excesso, este é um pouco mais complicado de corrigir, não sendo passível de solução em curto prazo.

Atenção

Assim como as demais brássicas, a couve-flor é muito exigente em boro, sendo indicada a aplicação deste no sulco de transplante, pois a aplicação de boro diretamente ao solo é considerada mais eficiente (Filgueira et al., 2008).

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