Novo calendário da soja x ferrugem asiática: quem tem razão?

José Luiz Tejón, membro do Conselho Científico Agro Sustentável, reflete sobre o novo calendário do plantio da soja em artigo.
Agricultural soy plantation on sunny day - Green growing soybeans plant against sunlight
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Crédito: Shutterstock

José Luiz Tejón
Membro do Conselho Científico Agro Sustentável

O novo calendário do plantio da soja foi estendido de 31 de dezembro para meados de fevereiro. E registramos manifestações de entidades considerando esse fato oferecer um “banquete ambiental para a proliferação da doença ferrugem asiática”.

O presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan, nos ligou e pediu que ouvíssemos mais fontes científicas a respeito, pois haviam controvérsias sobre a informação. A Aprosoja Brasil defende o novo calendário, considerando-o correto.

Ouvi dois professores doutores a respeito da afirmação sobre a questão da ampliação do calendário de plantio da soja versus efeitos na proliferação da doença da ferrugem asiática, cujos danos conhecemos bem, pois com ela aprendemos a conviver ao longo dos últimos 20 anos.

Ouvi o professor Elmar Luiz Floss, que foi professor de bioquímica vegetal, fisiologia vegetal, culturas de lavouras e conservação de solos na Universidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul. Doutor em agronomia pela Esalq/USP, é um profundo conhecedor da soja, com um livro recém-lançado de extraordinário valor: “Maximizando o rendimento da soja”.

Sobre essa questão, o prof. dr. Elmar me disse: “o novo calendário será positivo para o Rio Grande do Sul, pois precisamos de milho para atender a produção da proteína animal. Temos custos proibitivos como importadores de milho de outros Estados. Com a nova janela de plantio podemos plantar milho primeiro e fazer uma safrinha de soja depois. Quer dizer, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a soja seria a safrinha, e o milho a principal lavoura, e isso se viabilizaria com o novo calendário indo além de 31 de dezembro para meados de fevereiro.

Ouvi também a informação do professor José Otávio Menten, doutor em fitopatologia da Esalq/USP e presidente do CCAS, Conselho Científico do Agro Sustentável, que afirma: “a quantidade de ferrugem é menor quando se semeia em 15 de fevereiro do que em 31 de dezembro. O número de aplicações de fungicidas é menor para as lavouras semeadas em 15 de fevereiro, este é o resultado das pesquisas”, assim explica o dr. Menten.

Impactos

Em função das controvérsias de visões científicas, dedicaremos a ouvir outros pesquisadores com pesquisas realizadas e publicadas. O assunto é muito importante, pois a soja impacta diretamente 50% do valor bruto da produção agropecuária do País, o abastecimento interno da população, e da mesma forma cerca de 50% das exportações ao reunirmos sua cadeia produtiva do grão, óleos, farelo, aves, suínos, leite e ovos.

A soja é importante demais para não mergulharmos nesse debate. Por outro lado, no portal da Embrapa – www.embrapa.br/soja/ferrugem há uma nota afirmando: “…o período ótimo para a semeadura da soja na maior parte do País é entre outubro e novembro. Com isso, até março todas as lavouras estariam colhidas. Como o fungo causador da ferrugem asiática precisa de plantas vivas para sobreviver, a ausência de plantas interrompe seu ciclo produtivo. Ao se semear em fevereiro, amplia-se até junho o período com plantas vivas no campo. Chamada de ponte verde, essa situação aumenta o número de gerações do fungo em uma única safra. Sabe-se que a semeadura em fevereiro apresenta menor severidade de ferrugem asiática do que a semeadura em dezembro, porém, menor severidade não significa ausência”.

Ou seja, será fundamental uma mesa de debates sobre essa questão. Então, estamos aqui abertos a ouvir os cientistas, pesquisadores e agricultores, sem vieses de ordem econômica, ideológica e política. No assunto das doenças, a ciência precisa falar mais alto.

O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo (SP), com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico. 

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

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