Matéria-prima para combustível sustentável de aviação pode reduzir emissões de carbono

Estudo desenvolvido pelo CNPEM avalia o potencial do óleo microbiano derivado da cana-de-açúcar

Publicado em 27 de novembro de 2024 às 12h19

Última atualização em 27 de novembro de 2024 às 12h19

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Uma pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) aponta que combustível de aviação obtido a partir de óleo microbiano tem potencial de reduzir em mais de 50% as emissões de gases do efeito estufa. Publicado na Bioresource Technology, o estudo mostra que o óleo microbiano derivado de cana-de-açúcar pode oferecer uma alternativa viável ao combustível fóssil usado atualmente. 

O estudo analisou a conversão do óleo microbiano em Combustível Sustentável de Aviação (SAF) através do processo de hidroprocessamento de ésteres e ácidos graxos (conhecido como HEFA). A estimativa é que o Brasil poderia atender à demanda interna de combustível de aviação com plantio de cana-de-açúcar apenas em áreas de pastagens degradadas, sem afetar a produção agrícola atualmente destinada a alimentos ou etanol. 

A pesquisadora Tassia Lopes Junqueira, que coordenou o estudo no LNBR (Laboratório Nacional de Biorrenováveis) do CNPEM, explica que, apesar de mais caro do que o querosene, o SAF produzido a partir de óleo microbiano responde à urgência do setor de aviação em cumprir metas de sustentabilidade, que envolve reduções expressivas de emissão de carbono, de 2027 a 2050. 

A pesquisadora acrescenta ainda que avanços em biotecnologia, cruciais para aprimorar o processo de fermentação, vão tornar o custo do produto mais competitivo. “Como temos uma grande biodiversidade no país, a prospecção de micro-organismos e enzimas pode impulsionar avanços significativos para o desenvolvimento da tecnologia.” 

O estudo também aponta o impacto de melhorias no processo de produção. “Se for possível diminuir o tempo de fermentação ou aumentar a quantidade de óleo acumulado nas células, por exemplo, vai acontecer uma redução no volume necessário de reatores para o processo, o que tem grande impacto nos custos de fabricação”, complementa a pesquisadora Isabelle Sampaio. 

A tecnologia tem potencial de, gradativamente, substituir matérias-primas extraídas de oleaginosas tradicionais, como soja e palma, frequentemente associadas a desmatamento e perda de biodiversidade. O óleo microbiano feito de cana-de-açúcar reduziria esses impactos relacionados ao uso de terra, apresentando uma produtividade por área cerca de quatro vezes maior que a do óleo de soja. 

A pesquisadora Andressa Neves Marchesan destaca que o processamento do óleo microbiano poderia se beneficiar da infraestrutura já instalada no país. “O processo de conversão do óleo em combustível pode utilizar os mesmos catalisadores das refinarias de petróleo. A mesma tecnologia ainda pode ser utilizada para a produção de diesel verde, ampliando os impactos econômicos da tecnologia e sua relevância para a redução nas emissões de carbono no setor de transporte”.

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