Thiago Lucas de Oliveira
Engenheiro agrônomo, mestre em Fitotecnia e especialista de Pesquisa em Sementes de Milho e Sorgo
thiagolucas.agro@gmail.com
O milho híbrido expressa o chamado vigor híbrido, ou heterose, sendo este fenômeno o responsável pelo grande salto de produtividade obtido com o incremento da adoção desses materiais pelos agricultores.
Além do vigor híbrido, intrínseco à constituição genética, podemos somar a esse “DNA” os esforços e anos de pesquisa e desenvolvimento das empresas de sementes que cada vez mais oferecem no mercado opções de alto potencial produtivo e adaptadas às mais diferentes condições de ambiente encontradas em nossas regiões produtoras.
Hora de escolher

Diante de tantas opções de híbridos disponibilizadas a cada safra, é possível errar na escolha. Entretanto, e felizmente, as chances de acerto tendem a ser maiores diante das informações disponíveis no meio.
Para toda cultivar lançada, uma série de informações é fornecida pela empresa que a comercializa, de forma que os agricultores possam entender as características do híbrido e explorar ao máximo o seu potencial produtivo. Além das informações geradas pelo departamento técnico e comercial das empresas de sementes, hoje contamos com o trabalho de entidades de pesquisa, públicas e privadas, que contribuem para o trabalho de posicionamento de cada híbrido lançado nas diferentes regiões produtoras do país.
Sugiro que agricultores e demais agentes de tomada de decisão das propriedades agrícolas sempre procurem por informações com as equipes comerciais e técnicas das empresas de sementes. Por último, participem dos eventos organizados pelas empresas de sementes e mesmo empresas responsáveis por pesquisa na região. Estes eventos também são oportunidade para obtenção de informações e troca de experiências acerca das cultivares híbridas.
Sem negociação. Devemos começar pelo básico: manejo físico e químico dos solos e manejo fitossanitário. O investimento em construção de perfis de solo, com alcance de teores de nutrientes acima do nível crítico, presença destes nutrientes em profundidade no perfil e com o solo corrigido sob o ponto de vista de acidez são aspectos necessários e frequentemente associados à alta produtividade agrícola.
Práticas de manejo que beneficiem o aporte de carbono orgânico no solo e promovam a ciclagem de nutrientes também são bem-vindas. Manejo correto. Tão importante quanto resolver os impedimentos químicos existentes no solo, também devemos eliminar fatores físicos que possam restringir o pleno desenvolvimento de raízes. Se constatada compactação, esta deve ser corrigida para que possamos prover às plantas boas condições para produção.
Além de operações mecanizadas, é possível inserir no sistema produtivo culturas de cobertura que promovam a chamada descompactação biológica. Por último, são vários os desafios fitossanitários, e estes frequentemente “roubam” a produtividade do milho. O manejo de plantas daninhas, pragas e doenças deve ser levado a sério.
Dicas importantes
Existem soluções de manejo muito interessantes que estão hoje disponíveis no mercado e que somam às anteriores. Entretanto, para extrair o máximo destas soluções, o agricultor deveria focar primeiramente no básico (correção e adubação do solo, manejo físico do solo e manejo fitossanitário) e somente então, adotar novas tecnologias e soluções que agregam ao sistema de produção.
Como ser um produtor referência em milho. Podemos dizer que o segredo está em cada uma destas opções mencionadas. Algumas tecnologias têm contribuído em maior grau para o alcance de boas produtividades. São elas os equipamentos mais modernos de semeadura. Isso porque eles proporcionam uma melhor qualidade de semeadura, obtida por uma distribuição de plantas adequada, a agricultura de precisão como um todo, permitindo eficiência de operações, racionalização de insumos e redução de custos, e mesmo as biotecnologias, que somam ao cultivo sob o aspecto de manejo fitossanitário.
Quanto à mentalidade, a condição de estar receptivo ao conhecimento construído pela pesquisa científica e novas ferramentas disponíveis no mercado, além do cuidado de efetuar as operações com capricho na propriedade, fazem toda a diferença. Rotina no campo é o básico. Não deveríamos deixar de estar presentes no campo. Cada dia sob o sol e “conversando” com a planta nos traz a oportunidade de aprendizado.
Desafios
Ainda é um desafio para o produtor utilizar a genética escolhida de forma correta, ou seja, colocá-la no lugar certo e na hora certa. Cada híbrido possui necessidades específicas de ambiente e manejo para que expresse o seu máximo potencial produtivo.
É necessário entender, seja pela coleta de informações com o departamento técnico das empresas de sementes ou por entidades de pesquisa, quais as características e exigências do híbrido candidato. A partir destas informações, o agricultor saberá posicionar o material em alguma área de sua propriedade ou mesmo tomará a decisão de semear outro que se encaixe melhor em sua situação de ambiente e investimento.

Avanços tecnológicos
A tecnologia embarcada em equipamentos de semeadura tem propiciado ótimos resultados quanto à qualidade de semeadura de milho, permitindo uma ótima distribuição de plantas a campo e adequado estabelecimento de plantas.
Para a cultura do milho, particularmente, estes pontos são básicos para o alcance de boas produtividades. A biotecnologia, representada pela engenharia genética, tem oferecido soluções avançadas em forma de genes que oferecem tolerância a herbicidas e resistência a pragas relevantes para o milho, contribuindo para o manejo fitossanitário das lavouras. Ela consiste, sem dúvidas, em mais uma aliada na proteção do potencial produtivo dos híbridos cultivados.
Palavra de especialista
O produtor está perdendo a chance de aumentar seus lucros com o cultivo de milho. Mesmo para aqueles que, por necessidade ou decisão, não pretendem investir alto em manejo, existem híbridos de milho no mercado que são adequados para o seu contexto.
Comparado a muitas culturas agrícolas, o milho é um dos mais responsivos em relação a tecnologias e práticas de manejo. A agricultura de precisão, sem dúvida, oferece benefícios à produção e oportunidade de economia de insumos. Fertilizantes especiais, como os de liberação controlada, liberação lenta ou mesmo compostos de fontes solúveis associadas a fontes de liberação gradual, oferecem oportunidade de aumento da resposta produtiva do milho por permitirem, quando bem-posicionados, o fornecimento de nutrientes ao longo do ciclo, maximizando a absorção destes pela planta.
Resultados com biológicos
No caso de biológicos, estamos obtendo cada vez mais resultados interessantes em milho. Além da ação nematicida e fungicida, alguns microrganismos, principalmente bactérias do gênero Bacillus, têm oferecido propriedades bioestimulantes interessantes, favorecendo o bom desenvolvimento das plantas a campo. Outro caso interessante é o da Methylobacterium symbioticum, que coloniza as folhas e possui a propriedade de fixar nitrogênio atmosférico, consistindo em uma fonte interessante do nutriente para a cultura do milho.

Salto de produtividade
Os melhores resultados que já acompanhei possuíam alguns pontos em comum: genética de alto potencial produtivo adaptado à região, alocado em janela de semeadura favorável e cultivado em ambiente com fertilidade construída e sem impedimentos físicos para o pleno estabelecimento do sistema radicular.
Se você pretende compor o grupo de produtores que atingem altos patamares produtivos de milho, deve investir no ambiente de produção. Construção do perfil do solo, com nutrientes acima de seus níveis críticos, em profundidade, e sem impedimentos físicos para crescimento de raízes deverá ser o foco.
Se não há possibilidade em curto a médio prazo de investir para criar ambientes de alta produção, escolha os híbridos de milho que mais se encaixam em as suas áreas. Existem muitas opções no mercado.
