Micorrizas aumentam o aproveitamento do fósforo

Crédito Miriam Lins

Publicado em 17 de dezembro de 2017 às 19h32

Última atualização em 17 de dezembro de 2017 às 19h32

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Carla Verônica Corrêa

Doutoranda em Ciências Agronômicas pela UNESP ” Botucatu

cvcorrea1509@gmail.com

Luís Paulo Benetti Mantoan

Doutorando em Ciências Biológicas pela UNESP ” Botucatu

luismantoan@gmail.com

 

Crédito Miriam Lins
Crédito Miriam Lins

Vários são os trabalhos que demonstram que espécies vegetais, em associação com os fungos micorrízicos, aumentam a absorção de nutrientes minerais pelas plantas, principalmente do fósforo (P). Assim, a associação micorrízica está diretamente envolvida na nutrição mineral das plantas, favorecendo seu crescimento e desenvolvimento.

Absorção nutricional

Os solos brasileiros são caracterizados por apresentarem elevado grau de intemperismo. Isso se deve, principalmente, às condições climáticas, como elevadas temperaturas e precipitação, o que permite maior atividade de microrganismos e condições favoráveis à intemperização.

Além disso, devido à elevada acidez, baixa saturação por bases, elevados teores de alumínio e baixas concentrações de matéria orgânica, os solos brasileiros têm baixa fertilidade natural.

O fósforo

Entre os macronutrientes, o fósforo é o nutriente que apresenta menor disponibilidade para as culturas na maioria das áreas produtivas do Brasil. Isso se deve tanto à baixa disponibilidade como à adsorção desse elemento, ou seja, embora esteja presente no solo, não está disponível para a cultura.

No Brasil, o fósforo é o elemento que limita a produção agrícola devido ao baixo teor que apresenta no solo. Em 90% das análises químicas de solo, o fósforo apresenta teores menores que 10 ppm (10mg/dm3) e no Cerrado 99% das amostras apresentam-se abaixo deste valor, sendo que 80% destes acham-se entre 0,2 – 1,0 ppm (0,2 – 1,0mg/dm3) de P-disponível.

Além disso, o fósforo é perdido por fixação e por erosão, sendo, portanto, fonte de preocupação para um futuro próximo, pois dependemos de jazidas de fósforo, e sem este elemento não conseguiremos produzir.

A absorção desse nutriente depende do pH do solo, e na faixa de pH entre 4 e 8 é predominante a forma H2PO4-, sendo esta a forma preferencial de absorção. Também é fortemente influenciado pela concentração de Mg2+ no meio, sendo esta uma das razões de se recomendar calagem com calcário dolomítico ao calcítico (sinergismo).

Outra maneira de aumentar a absorção radicular de fósforo é pelamicorrização (ficomicetos e basidiomicetos), que atuam aumentando a superfície de contato do sistema radicular. Isso se deve ao fato de que a presença de fungos micorrízicos em simbiose mutualística com as raízes apresenta hifas, que servem como prolongamento dos pelos absorventes.

 As micorrizas estimulam o crescimento das plantas - Crédito Shutterstock
As micorrizas estimulam o crescimento das plantas – Crédito Shutterstock

Mais vantagens

Muitos fungos presentes no solo atuam de forma relevante na comunidade vegetal, principalmente na nutrição mineral de plantas, e em especial para nutrientes que se movimentam por difusão (pequena distância) na solução do solo, como o fósforo.

Devido à suplementação na capacidade de absorver nutrientes do sistema radicular da planta, as micorrizas podem estimular o crescimento das plantas pelo aumento da absorção de nutrientes, aumentar a tolerância à condição de deficiência hídrica e a resistência aos patógenos do solo, pelo fato desses fungos benéficos competirem com os fungos patogênicos.

Associação com os fungos micorrízicos

A simbiose ectomicorrízicase inicia pela ativação de esporos que germinam e formam hifas na rizosfera, colonizando a superfície das raízes e penetrando na zona de infecção micorrízica, que se localiza logo atrás da zona meristemática apical da raiz.

Após a penetração, as hifas colonizam o córtex, por meio de digestão enzimática da lamela média, com ocupação de todo o espaço intercelular. A penetração e interação fungo-planta promovem modificações acentuadas no hábito de crescimento e morfologia dos segmentos de raízes colonizadas, o que permite a observação visual das ectomicorrizas.

O processo de micorrização é dinâmico e acompanha o crescimento das raízes. Assim, enquanto alguns segmentos micorrizados mais velhos morrem, os novos se tornam colonizados, em função da atividade do inóculo na rizosfera, da fisiologia da planta e das condições edafoclimáticas.

Nas endomicorrizas não se verificam modificações anatômicas resultantes da invasão das raízes pelo fungo, que assim não são reconhecidas a olho nu. Esses grupos de fungos penetram nas células corticais das raízes sem causar danos, diferenciando-os dos fungos patogênicos.

Assim, formam-se as hifas que, estimuladas pelas condições fisico-químicas da rizosfera, crescem abundantemente. Essas hifas, ao encontrarem as raízes, aderem à sua superfície (epiderme ou pelos radiculares) e penetram nas células da epiderme na zona de diferenciação e alongamento, formando a “unidade de infecção“.

Essa matéria completa você encontra na edição de dezembro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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