Mário Calvino Palombini
Engenheiro agrônomo e proprietário da Vermelho Natural

O manejo de pragas e doenças é um dos assuntos mais complexos e que passou por maior inovação tecnológica. A tecnologia é um dos segmentos do morango que teve a maior evolução, afastando-o do sistema tradicional de controle químico e desenvolvendo o sistema de controle biológico. Assim, observa-se uma tendência de este se tornar o sistema principal a ser adotado no controle de pragas e doenças.
Dicas importantes
O sistema de controle biológico deve analisar não somente a praga e a doença, mas o ecossistema como um todo, se relacionando diretamente com o meio ambiente. De uma forma simplificada, pode ser discriminado em vários itens.
O primeiro item a ser analisado é a qualidade da muda, que deve ser de boa qualidade e sadia, com o sistema radicular abundante. O produtor ainda deve procurar conhecer a suscetibilidade das variedades a pragas e doenças.
É importante usar solos e substratos sem antecedentes de doenças ou substâncias que irão prejudicar o desenvolvimento da planta e, se possível, promover processos de controle de doenças de solo, como rotação de culturas e plantio prévio com plantas antagonistas.
Usar uma adubação equilibrada é fundamental. Ainda, em regiões com condições pluviométricas desfavoráveis, deve-se instalar a cobertura plástica antes do plantio o mais rápido possível, para iniciar o controle das doenças que usam o impacto da gota da chuva para se propagar, como Xanthomonas fragariae, Phomopsis obscurans, Diplocarpon ealiana, Gnomonia comari, Mycospherella fragariae, entre outras.
Iniciar tratamentos do substrato ou solo logo após o plantio, usando Trichoderma spp., para evitar o desenvolvimento de doenças de solo, que na maioria também atingem o fruto, como Phytophthora fragariae, Phytophthora cactorum, Colletotrichum acutatum, Colletotrichum gloeosporioides, Colletotrichum fragariae, Verticillium, Fusarium spp. e Cylindrocarpon destructans.
Parte aérea
O controle de doenças da parte aérea da planta, como Mycospherella fragariae, Phytophora cactorum, antracnose (Colletotrichum acutatum) e mofo cinzento (Botrytis cinerea) podem ser controlados com Trichoderma harzianum e Bacillus amyloliquefaciens. O oídio (Sphaerotheca macularis) pode ser controlado com Bacillus amyloliquefaciens.
[rml_read_more]
No caso de pragas, o tripes (Frankliniella occidentalis) e a mosca-branca (Bemisia argentifolii) podem ser controlados por ácaros predadores que atuam principalmente na fase dos ovos, como o percevejo Orius spp., que é um predador de adultos e formas jovens de tripes e mosca-branca e o fungo endoparasita Beauveria bassiana.
O ácaro branco (Phytonemus pallidus) e o ácaro rajado (Tetranychus urticae) podem ser controlados por ácaros predadores (Amblyseius californicus). Os coleópteros (besouros) e lagartas podem ser controlados por Bacillus thuringiensis e o fungo endoparasita Beauveria bassiana.
As lagartas podem ser controladas pela mosca parasita de ovo, Trichogramma spp. A mosca Drosophila suzukii é a única que não possui tratamentos biológicos eficientes para seu controle, por isso deve-se usar tratamentos químicos ou manejos alternativos.
Todas estas técnicas possuem muitos fatores que devem ser avaliados, com um alto nível de complexidade e, portanto, deve ser aplicado com a orientação técnica apropriada, fornecida por um técnico especializado e experiente.