
A chegada do fenômeno climático La Niña no fim do outono e a proximidade do inverno traz aos paranaenses o temor de uma nova estiagem, com a falta de chuvas e o risco desabastecimento de água na Grande Curitiba. O alerta é do deputado estadual Ney Leprevost (União) que defende a adoção, desde já pelas autoridades, de um planejamento preventivo para evitar a repetição de situações como as ocorridas entre 2020 e 2022, quando o Paraná – em especial a região metropolitana da Capital – viveu uma das maiores secas de sua história.
O La Niña é caracterizado pelo esfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico e pela consequente queda nas temperaturas globais. No Brasil, ele costuma causar fortes chuvas nas Regiões Norte e Nordeste, mas no Sul, há aumento das temperaturas e seca. Em 2024, o El Niño deve estender seus efeitos até maio. Após esse mês, segue um período de neutralidade climática e, então, começa a se formar o La Niña.
Na última vez em que esse fenômeno atingiu o Brasil teve a duração de três anos. Segundo os meteorologistas, o La Niña potencializa as ondas de frio nos períodos de outono-inverno e primavera. Áreas da América do Sul em Argentina, Uruguai, Paraguai e Sul do Brasil podem ter forte estiagem e ondas de calor intensas.
Entre 2020 e 2022, por causa desse fenômeno, o Paraná enfrentou uma grave estiagem. Entre outubro e novembro de 2020, os quatro reservatórios que abastecem a região metropolitana de Curitiba atingiram 12,7% da capacidade, nível que obrigou a adoção do rodízio. O racionamento começou em março de 2020 e durou 649 dias. Em agosto de 2021, o nível chegou a 11%. O período mais crítico foi outubro daquele ano, quando as barragens ficaram 4,5%.
“Esta estiagem, considerada a maior em 90 anos, teve como um dos piores momentos o mês de julho de 2020, quando a barragem de Iraí chegou a ter apenas 12% de sua capacidade abastecida, enquanto a de Piraquara 1 chegou ao nível de 19% e a do Passaúna a 34%”, destaca o deputado Ney Leprevost.
Com o rodízio, a população foi obrigada a ficar 36 horas com abastecimento de água e 36 horas sem água durante o auge da pandemia de Covid-19. A estiagem também levou a quebra de lavouras e causou a maior crise hídrica dos últimos 78 anos na bacia do Paraná-Prata, que abastece reservatórios vitais para a geração de energia hidrelétrica.
Entre junho de 2019 e março de 2020, no volume total, Curitiba foi quem teve menos chuva entre os municípios pesquisados pelo Simepar: 725 mm. Redução de 43,1%, já que a média histórica apontava para 1.274 mm. Março de 2020 foi o período mais seco na capital paranaense. O nível de chuvas para o mês, desde 1998, é de 127 mm. Em 2020, contudo, a precipitação foi de apenas 12 mm. O recorde negativo da cidade era de 44 mm, registrado em março de 2017.
“As temperaturas altas e o baixo nível de chuvas podem levar a uma nova estiagem. É fundamental que os órgãos responsáveis estejam atentos para agir com antecedência e evitar o agravamento da situação”, alerta o Leprevost. “As mudanças climáticas que têm causado eventos extremos como as fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul, também são motivo de preocupação”, complementa.