Inseticidas botânicos: nova categoria de defensivos agrícolas

No Brasil já estão sendo utilizados inseticidas botânicos no controle de pragas e doenças, que inclusive já estão registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Publicado em 29 de outubro de 2024 às 07h39

Última atualização em 29 de outubro de 2024 às 07h39

Acompanhe tudo sobre botânicos, inseticidas e muito mais!
Crédito: Jacto

Alessandra Marieli Vacari
Entomologista, professora e pesquisadora – Universidade de Franca (Unifran)
alessandra.vacari@unifran.edu.br
Wesley Borges da Silva Bordinhon
Engenheiro agrônomo e mestre em Ciências – Unifran
wesley-silva1994@hotmail.com
Vinícius de Oliveira Lima
Engenheiro agrônomo e mestrando em Ciência Animal – Unifran
volima_2013@hotmail.com

O controle de pragas nas lavouras geralmente é feito com uso de defensivos químicos, que apesar de apresentarem efeitos benéficos no manejo, também causam diversos problemas, como contaminação da água, acúmulo de resíduos tóxicos nos alimentos e surgimento de populações de pragas resistentes, entre outros.

Como alternativa para a diminuição da utilização destes no manejo de insetos pragas, têm-se utilizado técnicas como o uso de plantas com atividade inseticida, sendo essa uma alternativa que está inserida no MIP.

A crescente atenção dada à segurança ambiental despertou o interesse em abordagens de controle de pragas por meio de inseticidas botânicos.

Potencial e eficácia

 Extratos vegetais ou fitoquímicos têm potencial como inseticidas ou acaricidas botânicos eficazes para o controle de pragas de plantas cultivadas. Várias plantas pertencentes às famílias Compositae, Solanaceae, Meliaceae, Lamiaceae, Myrtaceae, Rutaceae, Apiaceae, Leguminosae e Caryophyllaceae foram estudadas, por apresentarem propriedades inseticidas e acaricidas.

Essas plantas contêm vários metabólitos secundários com potenciais efeitos inseticidas e acaricidas, incluindo alcaloides, flavonoides, glicosídeos e terpenoides. No entanto, apesar dos esforços recentes de pesquisas, apenas alguns inseticidas botânicos ou acaricidas estão disponíveis comercialmente.

Em parte, isso ocorre porque poucos estudos caracterizaram esses compostos bioquimicamente ou investigaram os mecanismos pelos quais eles funcionam. Além disso, dificuldades nas suas formulações e insuficientes dados químicos levaram a um baixo nível de aceitação e adoção globalmente.

Novidades

Com o avanço das pesquisas atualmente, no Brasil, são utilizados inseticidas botânicos no controle de pragas e doenças, que inclusive já estão registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Entre eles, estão produtos à base de óleo de neem, cujo princípio ativo é a azadiractina (grupo químico tetranortriterpenoide), óleo de laranja, no qual um dos ingredientes ativos é o D-limoneno (grupo químico hidrocarbonetos terpênicos), extrato de semente de Sophora flavescens (grupo químico alcaloides quinolizidínicos), entre outros.

Por exemplo, para o controle de bicho-mineiro, L. coffeella, praga-chave da cafeicultura, existem três inseticidas botânicos que estão registrados no MAPA, um deles à base de extrato etanólico de S. flavescens e dois à base de óleo de nim, no qual o princípio ativo é azadiractina, obtido da planta Azadirachta indica A. Juss.

Ação

A azadiractina não mata imediatamente os insetos, porém, causa distúrbios fisiológicos, alterando o desenvolvimento e a funcionalidade de várias espécies de pragas, principalmente devido ao seu efeito de repelência alimentar (deterrência), interrupção do crescimento e do processo reprodutivo.

A substância apresenta uma semelhança estrutural ao hormônio chamado ecdisona, que controla o processo de metamorfose das diversas fases da vida do inseto. Diante dessa semelhança estrutural, a azadiractina irá atuar como bloqueador da produção e liberação desse hormônio, o que causa deformidade, ou até interrupção da troca do exoesqueleto.

Portanto, os insetos não fazem a troca periódica do exoesqueleto, interferindo negativamente no seu ciclo de vida. O L-limoneno é encontrado principalmente em uma variedade de plantas e ervas, como Mentha spp., enquanto o D-limoneno é o principal componente dos óleos das cascas de laranja e limão.

Estudos prévios permitiram a identificação de 20 compostos em óleo essencial de laranja, sendo a classe predominante monoterpenos (94,6%), seguido de sesquiterpenos (4,7%) e componente majoritário o limoneno.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

Últimas publicações

1

Produção de grãos pode bater novo recorde no Brasil

2

Holding rural: o que é e quais os objetivos?

3

Tipos de abacate: conheça as variedades mais cultivadas no Brasil

4

Limão caviar: a fruta exótica que vale mais de R$ 2.000 por quilo

5

Mariangela Hungria ganha o “Nobel” da agricultura mundial

Participe do Nosso Canal no WhatsApp

Receba as principais atualizações e novidades do agronegócio brasileiro.

Assine a Revista Campo & Negócios

Tenha acesso a conteúdos exclusivos e de alta qualidade sobre o agronegócio.

Publicações relacionadas

produção de grãos

Produção de grãos pode bater novo recorde no Brasil

Futuristic technology trend in smart farm concept. Farmer use AI help agriculture to boost crop productivity with better plant health and weather monitoring And data is also gathered to further train

Holding rural: o que é e quais os objetivos?

Tipos de abacate lado a lado mostrando variações de casca, formato e polpa.

Tipos de abacate: conheça as variedades mais cultivadas no Brasil

Frutos de limão caviar cortados, mostrando as pérolas coloridas da polpa

Limão caviar: a fruta exótica que vale mais de R$ 2.000 por quilo