Inovação reduz pela metade custo do controle biológico da vespa da madeira

Crédito Paulo Henrique Leite Machado

Publicado em 13 de outubro de 2015 às 15h56

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h55

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O novo tipo de aplicação possibilita uma redução de 46,5% nos custos e 66,7% no tempo de execução da atividade

 

Crédito Paulo Henrique Leite Machado
Crédito Paulo Henrique Leite Machado

Um novo método de aplicação para combate biológico da vespa da madeira reduz os custos dessa atividade quase pela metade. A inovação é a utilização de um hidrogel para aplicar o nematoide Deladenus (Beddingia) siricidicola, inimigo natural dessa vespa que é considerada a principal praga do pinus no Brasil. O método simplificou a aplicação convencional que utiliza uma gelatina e demanda muito mais mão de obra, tempo e estrutura.

Esse novo tipo de aplicação, que possibilita uma redução de 46,5% nos custos e 66,7% no tempo de execução da atividade, foi desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Florestas (PR) com apoio do Fundo Nacional de Controle de Pragas Florestais (Funcema), que desde 1989 investigam métodos de combate à vespa da madeira pelo manejo integrado de pragas (MIP).

Usualmente, para inoculação do nematoide nas árvores atacadas, é preparada uma gelatina com doses do nematoide, o que envolve diversos trabalhadores nas atividades de pré-aplicação, além de infraestrutura como batedeira elétrica, gelatina e água gelada e fervente.

“O preparo do inóculo dessa maneira exige treinamento do pessoal, estrutura física e disponibilidade de tempo. No entanto, devido à necessidade de maior rendimento das operações e à escassez de mão de obra, a redução dos custos nas atividades florestais é fundamental para qualquer empresa”, explica a pesquisadora da Embrapa Florestas, Susete do Rocio Chiarello Penteado.

No novo processo, utilizando hidrogel em substituição à gelatina, o método é simplificado, uma vez que basta misturar as doses de nematoide com água e hidrogel em um saco de plástico e a solução estará pronta para uso.

Como funciona

A pesquisadora conta que o desenvolvimento da nova tecnologia para a substituição da gelatina por outro espessante objetivou facilitar o preparo, com otimização do processo de inoculação e padronização da atividade. Aliado a essas características, o novo espessante deveria proporcionar, também, a redução dos custos do processo e manter a eficácia no controle da praga.

Segundo Susete, entre os diversos espessantes testados, o hidrogel revelou o menor custo, não afetou a sobrevivência do nematoide e apresentou maior estabilidade quando armazenado em geladeira.

Praticidade e rendimento

Aplicação do nematoide na árvore - Crédito Embrapa Florestas
Aplicação do nematoide na árvore – Crédito Embrapa Florestas

O diretor-executivo da Associação Paranaense das Empresas de Base Florestal (Apre), Carlos Mendes, elogiou a praticidade do novo material. “Tínhamos uma tecnologia sem dúvida mais trabalhosa e sujeita a erros. Agora, com o hidrogel, a mistura certamente é feita com mais segurança e rapidez e a probabilidade de erros é muito menor”, disse Mendes, informando que muitas empresas avaliaram positivamente o produto e ressaltaram o seu rendimento operacional.

Uma das empresas que já utiliza a inovação é a Klabin, maior produtora e exportadora de papéis do Brasil. No Paraná e Santa Catarina, as áreas de plantios de pinus somam 145 mil hectares, e a área com risco de ataque da praga (idade superior a sete anos) é de aproximadamente 55 mil hectares.

Desde março de 2015, a empresa vem adotando a inoculação com hidrogel em 6.276 hectares. O diretor florestal da empresa, José Totti, informa que a Klabin realizou a substituição total da gelatina pelo hidrogel por causa da facilidade do processo de preparo, confirmada em testes realizados pela Embrapa Florestas. “Os benefícios dessa substituição foram o aumento do rendimento operacional e a facilidade no preparo, manuseio e transporte do inóculo no campo”, narra Totti.

A praga

A vespa da madeira é a principal praga dos plantios de pinus no Brasil e está presente em aproximadamente dois terços da área de 1,6 milhão de hectares plantados no País.

As espécies de pinus plantadas no Brasil hoje atendem às mais diversas indústrias de base florestal, como papel, celulose, laminadoras, serraria, movelaria, energia, resinas, entre outros. No entanto, o fornecimento de matéria-prima de boa qualidade para a sustentação deste negócio pode ser colocado em risco, devido aos severos danos provocados pela vespa da madeira, praga originária da Europa, Ásia e norte da África, que foi registrada pela primeira vez no Brasil em 1988.

A vespa é atraída para árvores de pinus estressadas, geralmente em plantios florestais mal manejados. Quando perfura o tronco da árvore, deposita de 300 a 500 ovos. Durante a postura, além dos ovos, a fêmea introduz na árvore uma muco-secreção fitotóxica, juntamente com esporos de um fungo simbionte, Amylostereum areolatum. O fungo obstrui os vasos de seiva e a muco-secreção provoca mudanças fisiológicas rápidas no metabolismo da planta.

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