Por Gustavo Barrilli, Diretor Executivo – HGS Bioscience
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O solo vai muito além da simples definição de terra: trata-se de um organismo vivo. Nele ocorrem reações químicas, biológicas e físicas que determinam a saúde das plantas e o potencial produtivo das culturas. De todos os elementos, as substâncias húmicas são, sem dúvida, o núcleo desse sistema — a origem da fertilidade.

Definição de substâncias húmicas
As substâncias húmicas provêm da degradação natural da matéria orgânica — folhas, raízes e outros restos vegetais que, após milhares de anos, tornam-se compostos ricos em carbono e em energia biológica. Estes compostos são classificados em três frações principais:
- Ácidos húmicos – Compostos de maior peso molecular e coloração mais intensa, que aprimoram a estrutura do solo, elevam a capacidade de retenção de água e liberam nutrientes de maneira equilibrada.
- Ácidos fúlvicos – São os menores e mais solúveis, agem dentro da planta, otimizando o transporte de nutrientes e ativando processos metabólicos.
- Humina – A parte mais estável e durável. É fundamental para a formação do húmus e para a manutenção da fertilidade do solo por longos períodos.
Nota: A HGS é pioneira mundial na solubilização da humina, responsável por desenvolver o primeiro carbono líquido de alto peso molecular disponível no mercado.
Leonardita vs Turfa: quais as diferenças?
Nem toda matéria orgânica possui a mesma qualidade. A Leonardita e a turfa são duas fontes bem conhecidas de substâncias húmicas, mas são bastante diferentes em termos de origem e qualidade.
A turfa é um material orgânico recente, formado pela decomposição parcial de vegetais em áreas úmidas. Tem origem geológica jovem, com idades de algumas centenas a poucos mil anos, e baixo a médio teor de substâncias húmicas (10 a 20%). Sua pureza é variável, podendo conter impurezas minerais e orgânicas. Atua principalmente na melhoria física do solo, favorecendo a aeração e a retenção de umidade.
Enquanto isso, a Leonardita é um material natural que se formou ao longo de milhões de anos, originando-se da transição entre carvão e húmus. Essa extensa maturação resulta em um teor húmico excepcionalmente elevado, acima de 90%, e em uma estrutura altamente oxidada, o que assegura uma solubilidade e eficácia muito superiores. A Leonardita é a melhor matéria-prima para obter ácidos húmicos e fúlvicos que sejam puros e estáveis.
No contexto agrícola, seu uso é integral, pois não apenas melhora a estrutura física do solo, mas também enriquece seus aspectos químicos e biológicos, resultando em uma fertilidade maior, um aproveitamento superior dos nutrientes e uma produtividade aumentada das culturas.
Resumindo, a turfa é jovem e instável, enquanto a Leonardita é madura e estável, oferecendo maior concentração de carbono ativo e resultados agronômicos imediatos, com mais rentabilidade ao produtor. Por ser a forma mais pura e reativa das substâncias húmicas, a Leonardita supera amplamente a turfa em eficiência, estabilidade e desempenho agronômico.
Vantagens imediatas para o solo e as plantas
- Estruturação do solo: diminui a compactação e favorece a porosidade.
- Aumento da capacidade de retenção de água: solos húmicos mantêm a umidade por mais tempo.
- Estímulo à microbiota: promove o desenvolvimento da microbiota benéfica do solo por meio do fornecimento de exsudatos e carbono orgânico.
- Aumento da CTC (Capacidade de Troca de Cátions): o solo retém mais nutrientes, reduz a volatilização de Nitrogênio, diminui a fixação de Fósforo e reduz a lixiviação de Potássio.
- Incremento na produtividade e na qualidade: culturas com mais produtividade e qualidade.
- Enraizamento: promove formação intensa de raízes secundárias e pelos radiculares, ampliando o volume explorado do solo e a eficiência na absorção de nutrientes e água.
Raiz: o início de tudo
O primeiro sinal claro do poder das substâncias húmicas é o enraizamento. Os ácidos húmicos aumentam a ação das auxinas, hormônios vegetais que promovem o crescimento de novas raízes, enquanto os ácidos fúlvicos têm a capacidade de estimular a planta a produzir essas auxinas.
Esta combinação gera um efeito sinérgico, aumentando a quantidade de pelos radiculares, intensificando as ramificações e formando um sistema radicular profundo, ativo e extremamente eficiente na absorção de água e nutrientes.
A rizosfera é biologicamente enriquecida, facilitando a disponibilização de fósforo e micronutrientes, além de fortalecer a resistência ao estresse. Plantas com raízes profundas e bem estabelecidas são mais resistentes à seca, ao sal e ao transplante.
Resultado na prática – nutrição HGS na soja (safra 2023/24)
O experimento foi realizado na Fazenda Capelinha, em Taquarituba (SP), com o objetivo de avaliar o desempenho da soja sob diferentes combinações de produtos da HGS Bioscience. Foram analisados o número de vagens por planta (NV), o peso médio de grãos (PMG) e a produtividade em sacas por hectare (sc/ha).
A área foi conduzida em plantio direto, em condição de sequeiro, com o genótipo HO PIRAPÓ IPRO. A semeadura ocorreu em 06/10/2023 e a colheita em 19/02/2024. A adubação foi composta por 350 kg/ha da fórmula 06-30-24 e 70 kg/ha de ureia em cobertura. Esse estudo demonstrou mais uma vez o impacto direto dessa tecnologia na cultura da soja: raízes mais vigorosas, mais de 15% de aumento de produtividade, maior massa de vagens e resistência ao estresse.
Os números confirmam o que o agricultor sente no campo: solo tratado com substâncias húmicas responde com vida.
Sustentabilidade e recuperação do solo
A aplicação constante de substâncias húmicas é uma das chaves da agricultura regenerativa. Elas diminuem a aplicação de fertilizantes químicos, restauram solos danificados e capturam carbono, restituindo à terra seu equilíbrio natural e favorecendo uma agricultura mais sustentável.
Para resumir, as substâncias húmicas fazem a ponte entre a natureza e a tecnologia. São elas que tornam o solo produtivo, a planta saudável e a agricultura mais sustentável. A turfa é o começo, a Leonardita é o ápice — a fonte de energia que nutre a terra e faz as raízes vibrarem.

