Hérnia das crucíferas é sério problema em repolho

Hérnia das crucíferas é sério problema em repolho - Créditos Igor S. Pereira

Publicado em 27 de maio de 2015 às 07h00

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h35

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Hélcio Costa

José Aires Ventura

Pesquisadores do Incaper

Hérnia das crucíferas é sério problema em repolho - Créditos Igor S. Pereira
Hérnia das crucíferas é sério problema em repolho – Créditos Igor S. Pereira

A hérnia das crucíferas é uma doença causada pelo fungo de solo Plasmodiophora brassicae, que sobrevive por muitos anos nas áreas infestadas. Infecta as plantas da família das crucíferas, da qual descendem importantes culturas, como repolho, couve-flor, rabanete, brócolis e couve.

Uma vez o fungo presente no solo, pode inviabilizar o cultivo dessas plantas, como vem ocorrendo em algumas áreas de todo o Brasil. A doença ocorre com maior intensidade em solos úmidos, arenosos e principalmente ácidos e com baixo teor de matéria orgânica.

Contudo, os sintomas característicos da doença são observados com segurança nas raízes, que apresentam-se grossas e curtas, formando enormes galhas ou hérnias.

A doença inicia-se geralmente em pequenas áreas ou reboleiras na lavoura. Nessas áreas, as plantas doentes apresentam folhas murchas, especialmente nas horas mais quentes do dia, e posteriormente as plantas tornam-se raquíticas e não produzem.

Disseminação

O fungo sobrevive no solo por muitos anos (mais de 10 anos) e dissemina-se na lavoura ou no campo sem cultivo de várias maneiras, mas, principalmente, pelo uso de mudas infectadas. O solo infestado vai aderido em implementos agrícolas (arado, grades), em pneus dos tratores e outros veículos, assim como em sapatos e botas.

A água de irrigação também leva o fungo de um local para outro. Os respingos da água da chuva ou irrigação disseminam o fungo dentro da lavoura.

Medidas de controle

ü Usar mudas sadias;

ü Não adquirir mudas de produtores, vizinhos ou meeiros sem antes verificar se têm a doença;

ü Não utilizar trator e implementos agrícolas (grades, arados), bem como canos de irrigação, de propriedades onde a doença ocorre, sem que antes se proceda a uma rigorosa limpeza e lavagem;

ü Não use água de campos contaminados com o fungo para irrigar a sua área de cultivo;

ü  Fazer rotação de culturas com plantas de família diferente das crucíferas.


Controle da hérnia das crucíferas por fatores abióticos do solo

O aumento da alcalinidade do solo é a forma de controle mais antiga praticada para controle da hérnia das crucíferas. A doença é mais severa em solos ácidos com pH baixo (até 5,5), diminuindo em pH superiores e é inexistente em pH acima de 7,8 (Zambolim, 2001).

Trabalhos mostram que o nível da doença diminui de 68 a 7% quando o pH aumenta de 6,3 a 7,4 e por outro lado, aumenta passando de 3 a 69% quando o pH abaixa de 7,8 a 3,9 (Young et al., 1991).

Entretanto, não só o aumento do pH controla a doença. A concentração do inóculo no solo também é importante para a eficiência desse controle. Quando a concentração de inóculo é elevada no solo (superior a 5 x 107 esporos ml-1), o aumento do pH não exerce controle efetivo sobre a doença. Nessas condições, só o aumento do pH pode provocar desequilíbrios nutricionais e selecionar variedades mais resistentes de P. brassicae.

A calagem do solo é o método mais utilizado para aumentar o pH do solo e consiste na aplicação de cálcio e magnésio, que incorporados ao solo alteram favoravelmente suas propriedades físicas e químicas.

O aumento do pH do solo por meio da aplicação de matéria orgânica rica em cálcio na forma de composto orgânico reduz a infecção causada por P. brassicae. Além disso, foi demonstrado que a inibição da germinação dos esporos de resistência ocorre em condições neutras de solo (pH 7,0) com a aplicação de matéria orgânica rica em cálcio na rizosfera das plantas hospedeiras.

Sintomas de hérnia das crucíferas em raiz de repolho - Créditos Igor S. Pereira
Sintomas de hérnia das crucíferas em raiz de repolho – Créditos Igor S. Pereira

O cálcio é provavelmente o fator abiótico mais efetivo no manejo de P. brassicae, pois é fundamental para o ciclo de vida do patógeno. O uso de formulações à base de cálcio são eficientes em alguns países como é o caso da Austrália, que apresenta áreas seriamente afetadas por essa doença.

Não somente o cálcio é um fator importante no manejo da hérnia das crucíferas, mas também o nitrogênio pode influenciar no controle da doença. Cada fonte de nitrogênio ao ser adicionada ao solo apresenta um determinado comportamento de acordo com a forma que se encontra: amídica, amoniacal ou nítrica, podendo aumentar ou reduzir o pH do solo.

Como a doença é favorecida pelo pH baixo, o nitrato de cálcio e a ureia são duas formas eficientes de adicionar N, pois aumentam o pH do solo e promovem a supressão do patógeno.

Outro nutriente importante no manejo da doença é o boro. Alguns estudos mostram que existe redução no índice da doença com a aplicação de boro em solos ácidos. Esses trabalhos indicam que o boro afeta substancialmente a habilidade de P. brassicae invadir os pelos das raízes das plantas hospedeiras e estabelecer uma colonização no campo.

O boro e o pH do solo estão correlacionados pois, quanto mais baixo o pH e a dose de boro, maior é a incidência da hérnia nas brássicas.

Essa matéria completa você encontra na edição de maio da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira a sua para leitura integral!

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